A capacidade de estar só

Fronteira e troca de objetos Melanie Klein, cuja especialidade é a clínica infantil, traz em seu livro “Inveja e Gratidão” a importância do brincar sozinho, na presença de alguém que cuida. Assim, o indivíduo entende as fronteiras entre o eu e o outro. O que se encaixa perfeitamente com a teoria de D.W. Winnicott, apresentada … Ler mais

Despedaçados: a dor da perda de um filho

Uma mulher aos pedaços O filme Peaces of a Woman, de 2020, que rendeu à protagonista o Volpi Cup do Festival de Veneza e acabou sendo adquirido pela Netflix, traz o drama de uma família durante um parto caseiro e após a perda do recém-nascido. Bom, na verdade, de acordo com o título do filme, … Ler mais

O divórcio dos baby boomers: maturidade e dificuldades

O “divórcio grisalho” nos EUA Nos últimos anos, os Estados Unidos estão tendo que lidar com um aumento do número de divórcios entre os baby boomers, o que eles chamam de “divórcio grisalho”. Isso significa que mais pessoas estão morando sozinhas depois dos 60 anos. Segundo a reportagem da CNN Nos EUA, “divórcio grisalho” leva … Ler mais

Embriaguez coletiva: uma tentativa de ‘resetar’ a humanidade?

Sem Cristo e com Cristo Os anos que antecederam Cristo foram marcados pelo que se intitulou mais tarde de pecados capitais, especialmente pela soberba, a luxúria e a gula. Em meio a tantos banquetes luxuosos, os ritos de orgia seriam uma tentativa de buscar uma “embriaguez coletiva” ou uma experiência de grupo na qual as … Ler mais

Felicidade: segredo, capital ou conhecimento?

Filosofia de vida Alguns chamam de lagom, outros de niksen, sendo a sua maioria de origem nórdica. As filosofias de vida para a felicidade vão ganhando espaço na mídia, à medida que o cansaço e os transtornos vão somando vítimas em todo o mundo. A grosso modo, o segredo da felicidade nesses países desenvolvidos é … Ler mais

Apocalipse zumbi: uma solução para a selvageria?

Psicanálise e política 

Muito discute a Psicanálise a respeito das causas sociais. Nada é por acaso. Freud, o fundador, bem como diversos outros psicanalistas viveram o holocausto ou, pelo menos, a ideia dele. Muitos tiveram que fugir de seus países. Era uma época marcada pelo regime nazista e ideologias socialistas. Há, inclusive, quem tenha lutado pelo uso da Psicanálise na rede pública de saúde, como foi o caso de Wilhelm Reich, com as suas policlínicas.

Quando nos dirigimos aos assuntos de relevância, aqui no Brasil, deparamo-nos com uma polarização política: uma direita extremista, que luta pela liberdade econômica e conquista de riqueza através do capitalismo, contra uma esquerda extremista, que defende o socialismo e distribuição das riquezas de forma mais homogênea, tirando do rico e dando para o pobre.

O poder para o rico e para o pobre

Bom, seja de lá ou de cá, o fato é que falamos de extremos. E todo radicalismo pode ser perigoso. Mas, em linhas gerais, é como uma briga entre poder e rebeldia, empregador e empregado. Um que detém a renda e esbanja poder e o outro que quase não tem renda e deseja o poder do primeiro. Assim, é a inveja. Não que não haja razões para isso. De fato, há muitas. Mas todo o ódio que circunda ambos os lados gira em torno do desejo sobre o poder: um de mantê-lo, às custas de alguém que perde, e o outro de conquistá-lo, às custas de alguém que ganha. 

Os primeiros defendem que fizeram por onde, que trabalharam, dedicaram-se, suaram, usaram de sua expertise. Já, as demais dizem que não tiveram oportunidades. Para uns, a ideia da instauração do socialismo é insustentável, para outros, essa é a solução. E chego a pensar no socialismo como um apocalipse zumbi: um ponto em que zeramos as nossas pontuações, igualamo-nos. Finalmente, ninguém é mais que ninguém. Talvez, uma bela oportunidade de invertermos as nossas posições nesse jogo de xadrez.

A selvageria do reconhecimento

A Psicanálise tem um discurso ferrenho sobre o capitalismo selvagem, diz que ele seria o responsável pelo adoecimento das pessoas: ansiedade, depressão etc. Bom, é inegável a sua participação nisso. Mas não ele somente. Existem diversos pontos a serem considerados numa discussão como essa. 

Parece-me que o conservadorismo, por exemplo, não deveria estar relacionado ao capitalismo. Conservar a família faria parte de uma ideia de perpetuação da espécie, além, claro, do medo que temos de sermos resumidos a pó, de sermos esquecidos quando passamos dessa para melhor. Ou seja, é bem verdade que muitos querem perpetuar também as suas conquistas, os seus impérios. Mas esse é apenas um adendo, pois, no final das contas, o império se traduz na lembrança do que alguém foi, que relevância esse alguém teve. Para ler mais sobre a busca pelo reconhecimento, acesse Por que fazem corpo mole? Entendendo a dialética do reconhecimento.

E quanto ao papel do estado? 

Pagamos altos impostos, mesmo recebendo pouco. A empresa em que trabalhamos paga quase o valor de um salário nosso para dar ao estado. O que poderia ser usufruído por nós! Ainda por cima, o estado nos faz pagar por um plano de saúde particular, uma segurança particular, entre outras necessidades, simplesmente porque os impostos que pagamos não são transformados em serviços de qualidade. 

E, então, pergunto: quanto é preciso trabalhar para bancar tudo isso? 

Há algumas dezenas de anos, trabalhar 44 horas semanais podia até ser uma necessidade do próprio ser humano, talvez, de fugir um pouco de casa, do marido, da esposa, dos filhos, uma forma de se entreter. No entanto, hoje, as coisas são diferentes. Já temos entretenimentos muito além do que conseguimos dar conta. A percepção de tempo é completamente outra. Assim, hoje, a necessidade é fugir PARA casa, não DE casa.

Muita coisa mudou e não dá pra pensar sempre da mesma forma. O estado também tem sempre um papel fundamental em como as pessoas se sentem frente ao dinheiro e frente a elas mesmas. E, apesar do vai e vem de mandatos, a essência do estado permanece a mesma. Não importa se entra comunista ou capitalista, quem está no poder sempre quer mais. Há muito de interesse e quase nada de ideal. 

Quem ainda não percebeu isso: Que “o homem é o lobo do homem”?

Essa frase era frequentemente usada pelo filósofo Thomas Hobbes para explicar a natureza humana: egoísta e má, especialmente em seu “Leviatã”. Para explicar que o homem é o maior inimigo dele mesmo. Parece-me que não importa que bandeira ele erga. O homem é homem antes de qualquer bandeira. Em busca de ser, em busca de ter, em busca de se fazer reconhecer…  De repente, você é um leão caçando a presa. De repente, você é um sobrevivente matando zumbi. De repente, você é um oportunista. De repente, você é um selvagem tirando vantagem, com ou sem apocalipse.

Gêneros: do Complexo de Castração a uma análise combinatória de personalidades

Como a homossexualidade se encaixa no Complexo de Édipo? Por algum tempo, a Psicanálise tratou a homossexualidade como uma espécie de disfunção. Afinal, ser homossexual implicava dizer que se estava, digamos, na contramão do Complexo de Édipo, que acabava se baseando em características consideradas tipicamente femininas ou tipicamente masculinas. Bom, mas isso não deixa de … Ler mais

Ansiedade: Por que o Brasil lidera o número de casos?

Tentando captar uma cultura Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com mais casos de ansiedade no mundo. Em média, uma em cada cinco pessoas, aqui, é acometida pela doença. É interessante pensar: por que o Brasil está em primeiro lugar nesse ranking? O país tropical é uma das maiores economias … Ler mais

Uns com tanto, outros com tão pouco: as diferenças culturais perante o caos

O que não faz uma pandemia?! No Japão pós pandemia, desde março, quando o uso de máscaras deixou de ser obrigatório, popularizou-se um curso para exercitar o sorriso. A hora/aula custa em torno de 55 dólares, servindo para fortalecer os músculos faciais e ajudar os seus alunos a se acostumarem com o riso novamente. Durante … Ler mais

A fragilidade dos sexos na era do empoderamento feminino e das “machosferas”

A gigante acordou O empoderamento da mulher nas sociedades atuais tem mudado conceitos e evidenciado extremismos. Apesar dos números referentes ao feminicídio e à violência doméstica voltada para a mulher terem aumentado nos últimos anos, a valorização das conquistas do feminino segue no mesmo ritmo. Isso seria uma resposta das mulheres aos casos policiais ou … Ler mais