Quando dizemos que queremos “ser felizes”?
Quantas vezes você já disse ou pensou que só queria “ser feliz”? Mas…o que isto quer dizer para você, de verdade? Todo mundo quer ser feliz. Mas será que todos nós sabemos o que isto realmente significa? O que realmente estamos buscando, quando dizemos que queremos “ser felizes”?
Será que estamos falando da mesma coisa quando usamos esta palavra? realmente buscamos a felicidade… ou apenas fugimos da dor?
Será que estamos buscando paz? Liberdade? Alívio da dor? Ou apenas a sensação de que nossa vida tem alguma direção? Talvez sentir prazer o tempo todo? Ter sucesso? Viver sem dor? Ou por que usamos a palavra “felicidade” como um rótulo para algo que nem conseguimos nomear direito?
A felicidade não pode ser buscada diretamente
Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e sobrevivente dos campos de concentração nazistas, dizia que a felicidade não pode ser buscada diretamente. Ela é um efeito colateral um subproduto de se viver uma vida com sentido.
E talvez por isto tanta gente se frustra: porque busca a felicidade como quem corre atrás de uma borboleta, sem perceber que ela pousa justamente quando paramos e nos conectamos com o que realmente importa.
Então eu te pergunto:
👉 Você sabe o que faz sua vida valer a pena?
👉 Quais momentos te fizeram sentir que estava exatamente onde devia estar?
👉 Que tipo de dor você está disposto a enfrentar e por quê?
Às vezes, confundimos felicidade com não ter mais problemas.
Outras vezes, com ter tudo sob controle.
Mas… e se a felicidade não tiver nada a ver com isto?
Se ela estiver mais ligada à forma como olhamos para a vida do que às coisas que conseguimos dela?
E se ser feliz for menos sobre ter e mais sobre sentir?
A conquista da felicidade passa pela dor
E talvez seja aí que a gente tropece: queremos a felicidade sem aceitar a dor; queremos sentido, mas evitamos o vazio.
Só que o sentido, muitas vezes, nasce justamente do encontro com o vazio. Ele aparece quando olhamos com coragem para aquilo que nos falta e decidimos transformar em algo que nos mova.
Talvez o que você esteja chamando de “felicidade” seja, na verdade, desejo de significado.
De sentir que a sua vida não é em vão.
Ou saber que você pode contribuir, amar, crescer, deixar algo de si.
De acreditar que sua dor tem um propósito ou pode ter.
Então, em vez de se perguntar “como ser feliz?”, talvez a pergunta mais verdadeira seja:
👉 “Então, pelo que vale a pena viver mesmo nos dias difíceis?”

Refletindo um pouco mais sobre a felicidade
Todos dizem que querem ser felizes. Mas o que isso quer dizer, exatamente?
Desde a Grécia Antiga, filósofos tentam responder esta pergunta. Aristóteles, por exemplo, dizia que a felicidade não é um estado passageiro, mas uma vida bem vivida. Segundo ele, somos felizes quando realizamos nosso potencial como seres humanos: pensamos, cultivamos virtudes, nos conectamos com os outros, buscamos o bem.
Mas será que isto basta hoje, num mundo onde tudo parece girar em torno de performance, produtividade e prazer instantâneo?
O Estoicismo aposta na serenidade e na coragem
Os estóicos, como Sêneca e Epicteto, apontavam em outra direção: felicidade seria estar em paz com aquilo que não podemos controlar e isto exige coragem, não conforto.
Será que estamos dispostos a abrir mão do controle para viver melhor? Ou preferimos correr atrás de certezas que não existem?
Na modernidade, a felicidade virou um produto: algo a ser conquistado, mostrado, comparado. Mas o que acontece quando transformamos a felicidade em uma meta a ser atingida? Será que ela não se torna mais distante a cada passo? Ou que a busca por ser feliz do jeito como falamos hoje não esconde um medo maior? O medo de não ter propósito? Ou talvez medo de encarar o vazio?
E ainda medo de simplesmente estar vivo, com todas as incertezas, dores e belezas que isto envolve? Talvez o problema não seja querer ser feliz, mas esperar que isto resolva tudo.
Seria apenas um jeito de caminhar
Talvez não se trate de estar feliz o tempo todo mas de estar presente, inteiro, lúcido, mesmo nos dias difíceis. Ou talvez a felicidade verdadeira não seja um lugar de chegada, mas um jeito de caminhar.
Certamente o que nos move, no fim das contas, não é a felicidade em si, mas o desejo profundo de nos sentirmos vivos, conectados e com sentido.
E você?
O que está realmente buscando quando diz que quer “ser feliz”?
Talvez a pergunta que deveríamos fazer não é “como ser feliz?”
Mas: “do que é feita a minha felicidade?”
“O que faz minha vida valer a pena, mesmo nos dias nublados?”
Contudo, a resposta, ninguém pode dar por você.
Mas é só quando começamos a perguntar com sinceridade que algo dentro da gente começa, de verdade, a se mover e possamos entender o que realmente estamos buscando.
Mércia Cavalcanti