A Expansão dos BRICS

E seu Potencial para a Sustentabilidade Ambiental na América Latina

Os BRICS, uma aliança originalmente composta por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi criada com o objetivo de estabelecer uma força econômica alternativa às potências ocidentais. E de promover um desenvolvimento mais equitativo e facilitar a cooperação entre economias emergentes. Contudo, desde a sua fundação em 2009, os BRICS buscam não apenas fortalecer as economias de seus membros, mas também influenciar o cenário global em áreas como comércio, tecnologia e meio ambiente. Recentemente, essa aliança foi ampliada para incluir novos membros. Desta forma, aumentando seu alcance e impacto em questões críticas, incluindo a sustentabilidade ambiental. Portanto, a Expansão dos BRICS representa tanto oportunidades quanto desafios para a América Latina como um todo.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)

Um dos principais benefícios que os BRICS oferecem é a possibilidade de acesso a financiamento verde. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) pelos BRICS em 2014, por exemplo, abriu uma nova fonte de financiamento para projetos sustentáveis, especialmente em infraestrutura e energias renováveis. O Brasil, como membro fundador, tem acesso a esses recursos e pode fortalecer sua economia verde por meio da implementação de energias limpas e projetos de reflorestamento na Amazônia. Uma região de importância crucial para o clima global. Por outro lado, países como a Bolívia, embora não seja membro do grupo, poderia se beneficiar indiretamente por meio de parcerias com o Brasil. Se valendo do incentivo a projetos binacionais que protejam e restaurem o ecossistema amazônico, de vital importância para ambos os países.

Riscos, conflitos e impactos ambientais

No entanto, a participação nos BRICS também implica certos riscos. A influência de países como China e India, cujas políticas ambientais foram questionadas devido ao enfoque na exploração de recursos naturais e às elevadas emissões de gases de efeito estufa; pode entrar em conflito com os objetivos de sustentabilidade da América Latina. A China, em particular, tem sido um grande investidor em infraestrutura na América Latina, mas seus projetos são frequentemente criticados por contribuírem para o desmatamento e a degradação ambiental na região. Todavia, isso levanta uma preocupação sobre o equilíbrio que o Brasil e outros países membros devem manter entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

A curto prazo, fazer parte de uma aliança como os BRICS oferece vantagens econômicas significativas, pois promove o comércio entre os membros, reduz a dependência de economias desenvolvidas e facilita o acesso ao financiamento. Entretanto, para o Brasil, isso significa uma oportunidade de diversificar suas exportações e fortalecer sua economia interna. A Bolívia, por sua vez, poderia se beneficiar por meio de acordos comerciais com o Brasil e outros países do grupo. Objetivando fortalecer suas exportações de recursos naturais para desenvolver sua tecnologia. No entanto, o desafio é garantir que esse crescimento não resulte em maiores impactos negativos no meio ambiente, especialmente em áreas ecologicamente sensíveis como a Amazônia.

A Expansão dos BRICS

O desafio a longo prazo: desenvolvimento sustentável

A longo prazo, o desafio para os BRICS é construir uma aliança que realmente apoie o desenvolvimento sustentável, respeitando a biodiversidade e os direitos das comunidades locais na América Latina. A expansão dos BRICS pode trazer um novo foco em temas de justiça ambiental e comércio justo, aspectos que têm ganhado relevância na agenda global. Se os BRICS conseguirem consolidar políticas e práticas sustentáveis, poderiam se tornar um modelo de desenvolvimento para outros blocos regionais. Contudo, para o Brasil e outros países da região, isso representaria uma oportunidade de liderar a transição para uma economia de baixo carbono na região. Então, isso os posicionaria como países chave na luta contra as mudanças climáticas.

Um dos principais obstáculos enfrentados pela expansão dos BRICS é a falta de homogeneidade nas políticas ambientais dos seus membros. A inclusão de novos países, com diferentes políticas e abordagens em relação ao meio ambiente, pode complicar a criação de um marco regulatório comum. Para o Brasil, um dos líderes da aliança, isso pode dificultar a implementação de compromissos ambientais caso não haja consenso entre os membros. A Bolívia, por exemplo, pode ser indiretamente impactada por essas dinâmicas, especialmente se projetos transfronteiriços de desenvolvimento afetarem seu território.

Normas de transparência e complience são requeridos

A expansão dos BRICS também apresenta desafios em termos de governança e transparência. A ausência de mecanismos claros para monitorar e avaliar os impactos ambientais dos projetos financiados pode levar a problemas de sustentabilidade no futuro. Para evitar esses problemas, seria fundamental que os BRICS adotassem normas de transparência e responsabilidade em seus investimentos. Isso garantiria que as comunidades locais fossem consultadas e que os projetos respeitassem os ecossistemas. Isso é particularmente relevante para o Brasil, onde as comunidades indígenas e locais foram afetadas por projetos de infraestrutura na Amazônia. E pode servir de base para que a Bolívia ou outros países exijam garantias semelhantes em qualquer colaboração com os países dos BRICS.

Em conclusão, a expansão dos BRICS representa uma oportunidade importante para a América Latina em termos de sustentabilidade, embora também apresente desafios consideráveis. Para países como o Brasil e, em menor medida, a Bolívia, a chave estará em aproveitar os benefícios econômicos dessa aliança sem comprometer seus objetivos ambientais. Com o compromisso adequado, os BRICS podem contribuir para um desenvolvimento mais equitativo e sustentável, transformando-se em um modelo de cooperação onde a sustentabilidade e o crescimento econômico caminham lado a lado.

André L. Tejerina Queiroz

Especialista Ambiental

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