O corpo a mente e o adoecer

Resultado da dissociação corpo-mente-espírito

O  ser humano é uma unidade complexa, composta de vários sistemas biológicos e fisiológicos que entrelaçados e coordenados buscam atingir um funcionamento harmonioso. Esses sistemas têm como objetivo integrar o indivíduo como um todo envolvendo aspectos físicos, químicos e biológicos do meio sob influência das relações sociais e interpessoais. Quando isso não acontece só resta o corpo a mente e o adoecer.

“O homem só adoece na totalidade. Mesmo se a doença for localizada, o ser humano expressa: eu estou doente”

 Renato del Santi

O corpo a mente e o adoecer. Resultado da dissociação corpo-mente-espírito.

O avanço da ciência

Na história das civilizações e das filosofias ocidentais fica explícita a desvalorização do corpo, principalmente do corpo da mulher. Religiões e filosofia colaboravam para a manutenção da ideia do “pecado original”, culpando Eva e, consequentemente todas as mulheres que vieram a seguir, pela “queda” do homem.

Ao longo de diversas décadas diversos “corpos novos” – ou novos modos de conceituar o corpo humano – surgiram no mundo ocidental industrializado. Cada um é resultado de avanços no tratamento médico, e na tecnologia dos diagnósticos. Seu efeito tem sido o de alterar radicalmente os modos pelos quais  o corpo moderno, inclusive seus limites e seu interior, é concebido. Isso não abrange apenas os médicos, mas também por grande parte do público leigo.

Contudo, a ideia de que os processos mentais pertenciam a uma esfera (a da psicologia), enquanto os processos físicos e corporais a outra (a da medicina), é consequência da dissociação entre mente (espírito) e corpo. E mais uma vez só resta o corpo a mente e o adoecer.

Entretanto, as definições do que constitui saúde e doença variam entre os diferentes indivíduos, famílias, grupos culturais e classes sociais. Na maioria dos casos a saúde é vista como algo muito além da ausência de sintomas desagradáveis.

As novas abordagens

Wilhelm Reich foi pioneiro ao perceber que os conflitos ocorriam simultaneamente, em ambos os níveis: psíquico e somático, considerando então esses dois aspectos como as duas faces da mesma moeda.

A partir de então vários autores e filosofias vieram se preocupando com os processos corporais e as conexões corpo/mente/espírito/energia/emoções, passando a perceber o indivíduo como um ser integrado e não mais fragmentado.

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a individuação ou autodesenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo.    Pode-se traduzir Individuação como tornar-se “si mesmo” ou realização de si mesmo.

A divisão na assistência a saúde

Com essa divisão cartesiana, acabou dividindo a assistência à saúde. De um lado estão os Médicos que tratam apenas do corpo, enfatizam apenas a fundamentação fisiológica sem se voltar para os aspectos psíquicos da doença. Do outro lado, estão os psicólogos e psiquiatras enfatizando a importância do estado emocional para a doença e preocupada com a cura da mente. Isso acabou por dificultar a introdução dos médicos no conhecimento da mente. A essa altura impossibilitando a associação da doença à fatores emocionais como é observado, principalmente, nas doenças como o câncer.

Foram os psicanalistas quem primeiro passou a estudar, a partir do movimento psicossomático, o fenômeno do adoecer somático, a partir das relações mente e corpo e das constatações das influências psíquicas nas doenças.

O adoecer somático

O movimento psicossomático passou a estudar objetivamente o fenômeno do adoecer somático, a partir das relações mente e corpo e das constatações da influências psíquicas nas doenças.

É por isso que o corpo e a mente são indissociáveis, e o ser é um todo onde suas partes influenciam, e são influenciadas.

Portanto, o corpo nunca esquece o que aconteceu: desde os primeiros meses de vida, registros já são significativos, para a forma como lidamos com acontecimentos futuros.

Com o aumento de tantos “adoecimentos”, urge falarmos sobre isso, cuidarmos desse equilíbrio e da maneira como temos consciência de nossas prioridades.

Sarita Cesana

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