Interiormente livre da obsessão do ego vivo!
Continuando o nosso estudo aprofundado do Semão da Montanha e suas bem aventuranças, neste artigo vamos analisar, nessa sequência, “bem-aventurados os puros de coração”, que segundo o nosso mestre Huberto Rhoden, ser puro de coração é ainda mais glorioso do que ser pobre pelo espírito. Ele afirma que pobre pelo espírito é aquele que se libertou interiormente de todo o apego a qualquer objeto externo. Entretanto, uma pessoa verdadeiramente pura de coração é aquela que se libertou não apenas dos objetos externos, mas também do sujeito interno (o ego). Isso significa que ela não idolatra mais o seu próprio eu, mesmo que esse eu seja apenas um pseudo-eu, um pequeno ego físico-mental.
Libertar-se do ego físico-mental
Quem se libertou dos bens materiais fora do seu ego físico-mental possui o “reino dos céus”, porque o seu reino já não é desse mundo. Aquele que se libertou não apenas dos objetos externos, mas também do maior pseudobem dentro de si, o seu idolatrado ego pessoal, tem a certeza de “ver a Deus”. Essa pessoa enxergará o verdadeiro Deus, pois olha além do seu falso eu.
Portanto, estar interiormente livre da obsessão do ego é mais significativo do que estar livre da escravidão da matéria. Por isso, ser puro de coração é ainda mais glorioso do que ser pobre pelo espírito. Desta forma, diz o grande Huberto Rhoden: a definitiva integração do pequeno ego físico-mental no grande Eu racional-espiritual é que é pureza de coração, que garante uma visão clara de Deus. Ninguém pode ver claramente o Deus transcendente do universo de fora antes de ver nitidamente o Deus imanente do universo de dentro.
O que ele quis dizer com isso? Se você e enquanto você não mergulhar profundamente dentro de si mesmo(a), para uma longa viagem ao autoconhecimento, nunca terá a verdadeira pureza de coração e sendo assim não fará parte desse seleto grupo dos “Bem-aventurados os puros de coração”.
A impureza provém do egoismo
Quanto ao oposto da pureza, ou seja, a impureza, temos que, o termo impuro na Bíblia, para muitos tem uma conotação apenas sexual. Porém o verdadeiro sentido desta palavra no evangelho é bem mais abrangente. Por exemplo, os “espíritos impuros” , aos quais o evangelho se refere, não estavam sujeitos à impureza sexual, mas eram impuros por egoismo. Aquele que é egoísta e impuro não consegue perceber a presença de Deus, que é amor em sua forma mais pura. O egoísmo, portanto, equivale a uma cegueira mental. Entre o amor divino e o homem egoísta, ergue-se uma barreira opaca que impede a luz de brilhar. Somente quando o homem ultrapassar as estreitas fronteiras do seu ego pessoal, poderá enxergar além dessa camada impermeável e se conectar com Deus.
Wagner Braga