Vivemos no modo piloto automático
No artigo da semana passada intitulado “O corpo expõe o que a alma sente” eu citei um case muito comovente sobre uma garota que precisava trabalhar, queria muito trabalhar pra ajudar os seus pais, mas não tinha a qualificação adequada e me deixou entre a cruz e a espada. Uma situação que não desejo para ninguém e como se não bastasse, logo em seguida entrevistei outra moça, praticamente na mesma situação e é o caso que vou contar agora neste artigo que intitulei “O corpo expõe as dores da alma”.
O 2º case
A outra moça tinha 24 anos de idade, faces pálidas, cabelos longos pretos e desarrumados, calça jeans e blusa preta, mexia com os dedos das mãos a toda hora, balançava as pernas. Durante toda a conversa se emocionava, com lágrimas vindo aos olhos, mas ela conseguia conter e não deixar extravasar. A experiência da jovem foi como jovem aprendiz, dos 16 aos 18 anos de idade. Após, não conseguiu mais atividade.
Não teve oportunidade para estudar. Fazia cursos online gratuitos pelo celular. Também não tinha computador. Morava com os pais. Sua mãe vendia brigadeiro na rua. Seu pai trabalhava como gari, e com seu salário mantinha a esposa e sua filha.
Após os questionamentos básicos, olhei fixo nos olhos dela (já tinha visto que se tratava de alguém com ansiedade, talvez depressão associada) e perguntei o porquê de ela ter se emocionado durante toda a entrevista (ela achou que eu não tivesse percebido). A moça me olhou atônita, sem saber o que responder. Então eu pedi para ela ser honesta. Disse-lhe que eu não iria registrar aquele fato na entrevista, mas que isso poderia contar a favor dela ou contra ela. Então ela chorou copiosamente.
Mas os pobres nunca serão esquecidos, nem se frustrará a esperança dos necessitados.
Salmos 9:18
A comoção
Eu me levantei, peguei lencinho de papel e entreguei a ela. Peguei um copo d’água e deixei perto dela. Entre lágrimas ela me dizia que queria muito um trabalho, uma oportunidade, pois queria muito poder comprar uma casa, ter as suas coisas, ajudar seus pais.
Na altura do campeonato, com o único salário que o pai ganhava, ela não tinha como pedir nada para ele. Já tinha a moradia e a alimentação. Usava roupas que conseguia de pessoas que não queriam mais. Não tinha oportunidade nenhuma para estudar, e não queria seguir no caminho fácil de conseguir dinheiro, que as moças de sua rua faziam (prostituição). Sua alma gritava por socorro!
Estou quase desfalecido, aguardando a tua salvação, mas na tua palavra depositei a minha esperança. Salmos 119:81
Reflexão
Diante destas duas situações, o que você me diz? Você já parou para pensar em sua vida? Já agradeceu o que tem hoje? Viver no modo piloto automático nos impede de nos enxergar no hoje como verdadeiramente somos e estamos e de plantarmos para colher o amanhã. Ao longo de 21 anos de caminhada no exercício profissional eu tive a honra de conviver com tantas histórias e causas, que busquei aprofundar os conhecimentos e Deus me honrou com a capacidade de enxergar além. Se sua alma está perturbada, o seu corpo também fica e o universo reage. Por isso não há como esconder nem se enganar, pois o corpo expõe as dores da alma.
Por que você está assim tão triste,
ó minha alma?
Por que está assim tão perturbada
dentro de mim?
Ponha a sua esperança em Deus!
Pois ainda o louvarei;
ele é o meu Salvador e o meu Deus.
Salmos 42:11