A Psicologia Transpessoal

Muito mais que uma opção para o atendimento clínico, uma escolha de vida.

Quero iniciar esse artigo, fazendo um pequeno histórico. A psicologia transpessoal surgiu nos Estados Unidos em 1969, a partir de encontros entre psicólogos e teóricos importantes. Surgiu como “quarta força” na psicologia, após o behaviorismo, a psicanálise e a psicologia humanista.

Seus fundadores incluem Abraham Maslow, Stanislav Grof, Anthony Sutich e Charles Tart, e  influenciada pelo movimento da contracultura que trouxe um interesse crescente na espiritualidade oriental.

As referências no Brasil

No Brasil Léo Matos e Pierre Weil foram os pioneiros e referências centrais neste campo.

Contudo, foi inicialmente criticada por alguns como uma abordagem sincrética, ou uma nova forma de religião “new age”. Atualmente, os principais teóricos da psicologia transpessoal esforçam-se para demonstrar que se trata de uma abordagem psicológica rigorosamente científica. Ela já está inserida no currículo das melhores Universidades do mundo.

Todavia, sua consolidação se deu entre os anos 1980 – 1990, quando Grof desenvolve a terapia holotrópica como método de exploração da consciência e Ken Wilber publica obras influentes. Desta forma, integrando psicologia ocidental com filosofias orientais.

Interagindo com outras práticas

Apesar de desafios e críticas, ao longo dos anos, ela foi validada cientificamente, se expandiu, tendo suas pesquisas apresentadas, em conferências e formações. A integração de práticas de mindfulness e meditação, o diálogo com outras disciplinas, sobretudo a física quântica e estudos da consciência, só ampliou o escopo da psicologia, para incluir dimensões espirituais e transcendentes.

Isso tudo fica mais claro quando compreendemos a etimologia:

  1. “Trans” significa “além” ou “através”
  2. “Pessoal” refere-se ao ego individual ou personalidade

Portanto, a Psicologia Transpessoal estuda e trabalha com aspectos da experiência humana que vão além (ou transcendem) o nível pessoal da identidade.

A Psicologia Transpessoal.

A principal diferença

A principal diferença da Psicologia Transpessoal em relação a outras abordagens psicológicas reside em sua ênfase nas experiências transcendentes, e sobretudo na dimensão espiritual da consciência humana.

  1. Foco na transcendência: A Psicologia Transpessoal considera experiências que vão além do ego individual, incluindo estados alterados de consciência, experiências místicas e espirituais. Outras abordagens tendem a se concentrar mais nos aspectos pessoais e interpessoais da psique.
  2. Visão holística do ser humano: Enquanto outras abordagens geralmente focam em aspectos específicos (como comportamento, cognição ou emoções), a Psicologia Transpessoal busca integrar todas essas dimensões, incluindo também aspectos espirituais e transpessoais.
  3. Conceito expandido de “self”: A Psicologia Transpessoal trabalha com a ideia de um “self” que se estende além dos limites convencionais da personalidade, abrangendo aspectos coletivos, universais e cósmicos da experiência humana.
  4. Métodos e técnicas: Utiliza práticas como meditação, respiração holotrópica e outras práticas que são menos comuns em outras abordagens psicológicas tradicionais.
  5. Integração de sabedorias antigas: Incorpora insights de tradições espirituais e filosóficas do Oriente e do Ocidente, buscando uma síntese entre conhecimento científico moderno e sabedoria ancestral.

Outras diferenças

  1. Perspectiva sobre saúde mental: Vê certas experiências que podem ser consideradas patológicas por outras abordagens (como visões ou experiências místicas) como potencialmente transformadoras e benéficas, quando adequadamente integradas.
  2. Objetivo terapêutico: Além do alívio de sintomas ou ajuste comportamental, busca facilitar o crescimento pessoal profundo, a autorrealização e a expansão da consciência.
  3. Abordagem aos estados alterados: Considera estados alterados de consciência como ferramentas valiosas para autoexploração e cura, em vez de vê-los principalmente como fenômenos patológicos.
  4. Perspectiva sobre o desenvolvimento humano: Inclui estágios de desenvolvimento que vão além da maturidade psicológica convencional, abrangendo níveis de consciência transpessoais e espirituais.
  5. Essa abordagem única permite que a Psicologia Transpessoal ofereça insights e métodos terapêuticos que complementam outras escolas de psicologia, especialmente em questões relacionadas ao significado da vida, experiências espirituais e estados expandidos de consciência.

Integrando aspectos espirituais e transcedentais

Em essência, a Psicologia Transpessoal significa uma abordagem psicológica que reconhece e trabalha com dimensões da experiência humana que vão além da personalidade individual. Ela busca integrar aspectos espirituais e transcendentes na compreensão e tratamento da psique humana.

SARITA CESANA

Psicóloga CRP 17-0979

@saritacesana_                    @implementeconsultoria

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