Estamos vivendo ou apenas ocupados?

Por que o “fazer muito” não é sinônimo de viver bem?

Vivemos em uma época em que estar ocupado virou quase um troféu. Nos orgulhamos de agendas cheias, entregas rápidas, resultados imediatos. Mas em meio a essa correria, uma pergunta silenciosa persiste  estamos vivendo ou apenas ocupados?

Dizer “não tenho tempo” é, muitas vezes, interpretado como sinal de produtividade, importância até de sucesso. Você tem dito “sim” por desejo ou por medo de decepcionar?

 Mas será que essa correria toda realmente nos aproxima de uma vida significativa? Ou será que estamos apenas preenchendo nossos dias… sem realmente vivê-los?

Uma forma sutil de fuga

Muitas vezes, a ocupação excessiva é uma forma sutil de fuga. Fugimos do vazio, do silêncio, do desconforto de olhar para dentro. Preencher o tempo nos dá a ilusão de controle. Mas será que estamos fugindo justamente daquilo que poderia nos curar?

Estou preenchendo meu tempo ou realmente vivendo?

Quantas vezes você terminou o dia com a sensação de que foi tudo um borrão? Tarefas cumpridas, mensagens respondidas, compromissos honrados  mas e você? Estava presente ali? Respirou fundo em algum momento? Riu de verdade? Sentiu alguma coisa que não fosse pressa ou cansaço?

Estou preenchendo meu tempo… ou minha alma?

Preencher o tempo é fácil. Há sempre mais uma notificação, um vídeo curto, um e-mail para responder. Viver, por outro lado, exige presença. Exige intenção. As escolhas que você faz todos os dias te aproximam de quem você quer ser?

Então o que realmente nos move?

Mas será que tudo isso que fazemos… realmente nos move?
Ou será que apenas nos mantém ocupados?

Você tem vivido… ou apenas passado pelos dias?

  • Você se lembra do que sentiu ontem?
  • Consegue nomear uma experiência da última semana que te tocou de verdade?
  • Quando foi a última vez que você parou e pensou: “isso faz sentido pra mim”?

A ocupação constante pode ser um disfarce elegante para o vazio existencial.
Fazemos muito, mas sentimos pouco. Estamos em todos os lugares, mas quase nunca dentro de nós.

Estamos vivendo ou apenas ocupados?

Um convite: desacelerar para viver com mais sentido

Estar ocupado não é, por si só, um problema. Mas quando a ocupação nos afasta de nós mesmos, ela se torna um anestésico existencial. A vida não exige pressa exige presença. O que meu tempo livre diz sobre os meus valores?

Quando você finalmente tem uma pausa  o que você faz com ela? Você se refugia em distrações, ou se reconecta com o que importa? Seu descanso te nutre ou apenas te anestesia?

O modo como usamos nosso tempo livre fala muito sobre o que valorizamos de verdade. Se dizemos que família é importante, mas nunca temos tempo para estar com quem amamos  o que isso revela? Se sonhamos em escrever, pintar, caminhar, mas sempre adiamos… será que esse sonho ainda vive?

O silêncio me assusta ou me conecta?

Muitas vezes, manter-se ocupado é também uma fuga. Do silêncio, da introspecção, das perguntas difíceis. A correria nos protege da inquietação que o vazio pode causar. Mas e se o silêncio não for um inimigo?

Silenciar pode ser um portal. Um espaço onde finalmente ouvimos nossa própria voz, onde nos damos conta de quem estamos nos tornando  ou do que estamos deixando para trás. É no silêncio que, muitas vezes, moram as respostas que tanto buscamos lá fora.

Mas para escutar este chamado interno, é preciso silenciar o barulho de fora. O silêncio, muitas vezes evitado, é o espaço onde o sentido pode finalmente emergir. Ocupados demais, não conseguimos ouvir essa voz interior, pois Ela não grita. Ela sussurra.

O silêncio te assusta… ou te revela?

Você se sente desconfortável quando está só? Quando não há notificações, prazos ou ruídos, o que emerge? Você escuta sua própria voz… ou só o eco do que o mundo espera de você?

O que nos move” precisa ter raiz. Precisa ter direção. Precisa fazer sentido.

Você pode até estar ocupado. Mas se não há significado no que faz, a alma se cansa antes do corpo. Você não precisa fazer mais. Você precisa sentir mais.
E, principalmente, escolher com consciência aquilo que te move e não apenas o que te ocupa.

Mércia Cavalcanti

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