Tênis x Frescobol

O Jogo Que Escolhemos Jogar na Vida 🎾

Rubem Alves dizia que há pessoas que jogam “tênis” e outras que jogam “frescobol”.
No tênis, o objetivo é vencer. Cada jogada é um ataque, um ponto, e o erro do outro é a nossa vitória. O jogo termina quando alguém perde — ou desiste. Portanto, essa analogia: tênis x frescobol, mostra como dois esportes semelhantes podem ter conotações e objetivos antagônicos.

 Já o frescobol é diferente: o prazer está em manter a bola no ar. Não há adversários, apenas parceiros. O erro de um é o fim do jogo para os dois. Por isso, é preciso cuidado, empatia, escuta, leveza. O foco não está em vencer, mas em preservar o vínculo.

Então, o sucesso de um depende do cuidado do outro. É um jogo de parceria, não de competição.

Entendendo a metáfora

Portanto, essa metáfora, aparentemente simples, carrega uma profunda lição sobre como vivemos, nos relacionamos e até como nos relacionamos conosco.

No campo interno, o jogo de tênis aparece quando nos cobramos demais, quando queremos ser perfeitos, produtivos, “certos” o tempo todo. É o jogo da autocrítica e da comparação constante. Vivemos sacando contra nós mesmos: “Eu devia saber”, “Eu falhei”, “Eu não sou suficiente”.

Contudo, há dias em que jogamos tênis com a vida: pressionamos, cobramos resultados, queremos provar algo — até de nós mesmos. Buscamos estar certos, ter o controle, vencer.  E quando erramos, somos duros, impiedosos, críticos. O ponto vai para o “outro lado”, e nos sentimos perdendo.

Mas quando aprendemos a jogar frescobol com a vida, algo muda.
Então, passamos a dançar com o imprevisível, a acolher o erro como parte do jogo. Entendemos que o importante é manter o movimento, a troca, a presença. O frescobol exige sintonia, escuta, ritmo. E sobretudo, respeito ao tempo do outro — e ao nosso próprio tempo.

O frescobol não tem placar.
E talvez por isso, seja tão difícil para quem aprendeu a medir tudo em resultados, vitórias e metas.

Mas é nesse espaço sem ganhadores que a vida floresce: nas conversas leves, nos silêncios compartilhados, nos gestos que não querem provar nada — apenas estar.

Tênis x Frescobol, o jogo que escolhemos jogar na vida.

Que tipo de jogo queremos jogar?

Viver, afinal, é escolher que tipo de jogo queremos jogar, tênis x frescobol.
E o autoconhecimento é o momento em que percebemos que, às vezes, temos jogado tênis em relacionamentos que pedem frescobol.
É quando notamos que a rigidez das nossas cobranças internas rouba a leveza do nosso próprio existir.

Quando entendemos que crescer não é vencer a si mesmo, é reconciliar-se consigo.

Quando jogamos “frescobol” nas relações 💞

Nos relacionamentos, o frescobol se manifesta quando há reciprocidade, cuidado e escuta genuína.
Não se trata de quem fala mais, de quem tem razão ou de quem vence a discussão. O que importa é o movimento de dar e receber, de sustentar o diálogo sem deixar a bola cair.

Relacionar-se de modo maduro é entender que o outro tem ritmo próprio, limites e histórias diferentes.
E que a harmonia vem justamente dessa dança entre tempos, gestos e afetos.


✨ Como cultivar o “frescobol interior” — 5 práticas de autoconhecimento

  1. Observe seus pensamentos sem julgamento.
    Quando algo der errado, evite o saque do “autoataque”. Pergunte-se: o que posso aprender com isso?
    Gentileza interior é o primeiro passo da leveza.
  2. Desacelere o jogo.
    Às vezes, o ritmo frenético da vida nos coloca no modo “competição”. Permita-se respirar, ajustar o movimento, recuperar o prazer do processo.
  3. Aprenda a pedir pausa.
    Nem sempre estamos prontos para continuar a troca. Pausar também é maturidade. Dizer “preciso de um tempo” pode ser o gesto mais respeitoso com você e com o outro.
  4. Celebre as trocas, não os pontos.
    Reconheça momentos de conexão, escuta e presença — mesmo nas conversas difíceis. O jogo da vida é sustentado pelo vínculo, não pelo placar.
  5. Escolha parceiros de jogo saudáveis.
    Pessoas com quem você pode ser autêntico, errar, rir, recomeçar. Relações que fortalecem, não que esgotam.

Reflexão final 🌻

No fundo, viver é escolher o jogo — e como jogamos. E mais uma vez: tênis x frescobol.

Talvez o segredo não seja mudar o jogo dos outros, mas mudar como escolhemos jogar.
Trocar o saque agressivo pela devolução gentil.
Trocar o medo de errar pela alegria de continuar trocando.
Porque no frescobol — assim como na vida — o mais bonito não é vencer, é continuar jogando juntos.


Sarita Cesana

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