A Liberdade das Mulheres

Em que pese a misoginia

Impossível não falar sobre a liberdade das mulheres, e a dor que senti nesse domingo: 03/11/2024. De maneira MUITO resumida, quero relembrar o histórico das conquistas femininas:

No período Antigo até Idade Média:

  • Na maioria das sociedades antigas, as mulheres tinham direitos limitados;
  • Durante a Idade Média, as mulheres geralmente estavam sob tutela de pais ou maridos;
  • Algumas mulheres nobres e religiosas conseguiam ter mais autonomia.

Século XVIII e XIX:

  • Início das discussões sobre direitos das mulheres durante o Iluminismo;
  • Mary Wollstonecraft publica “Reivindicação dos Direitos da Mulher” (1792);
  • Surge o movimento sufragista, lutando pelo direito ao voto;
  • Começam as lutas por acesso à educação formal;
  • Mulheres começam a questionar papéis tradicionais de gênero.

Século XX:

  • Nova Zelândia é o primeiro país a garantir voto feminino (1893);
  • Primeira Guerra Mundial: mulheres assumem trabalhos tradicionalmente masculinos;
  • Anos 1920: movimento sufragista conquista vitórias em vários países;
  • Anos 1960-70: Segunda onda do feminismo;
    • Luta por direitos reprodutivos
    • Combate à discriminação no trabalho
    • Questionamento de papéis sociais
    • Acesso à educação superior
    • Direito ao divórcio

Conquistas Contemporâneas:

  • Leis contra violência doméstica
  • Criminalização do assédio sexual
  • Licença maternidade
  • Igualdade salarial (ainda em processo em muitos países)
  • Maior representatividade política
  • Acesso a métodos contraceptivos
  • Direito ao próprio corpo
A Liberdade das Mulheres. Diga não à misiginia.

Desafios Atuais:

  • Disparidade salarial ainda existente;
  • Dupla jornada de trabalho;
  • Violência de gênero;
  • Sub-representação em cargos de liderança;
  • Questões culturais em diferentes sociedades;
  • Acesso desigual à educação em algumas regiões;
  • Direitos reprodutivos ainda restritos em vários países.

No Brasil especificamente:

  • Direito ao voto conquistado em 1932
  • Lei Maria da Penha (2006) contra violência doméstica
  • Lei do Feminicídio (2015)
  • Crescente participação no mercado de trabalho
  • Maior acesso ao ensino superior que os homens atualmente.

Depois de uma longa trajetória de busca por visibilidade e igualdade, eis que me dou conta do quanto estamos retrocedendo, como humanidade.

Uma cena absurda

A imagem acima é a MAIOR prova de que o mundo adoeceu: esta estudante de Francês, em uma universidade no Irã, teve suas roupas rasgadas, de forma humilhante, por “não estar de acordo com as leis de moralidade vigentes” – simplesmente porque seu cabelo apareceu, de alguma forma.

Então, é importante contextualizar que protestos relacionados ao uso obrigatório do hijab e outras restrições às mulheres no Irã têm sido frequentes, especialmente após o caso de Mahsa Amini em setembro de 2022, uma jovem que morreu sob custódia da polícia da moralidade por supostamente usar o hijab de forma inadequada. Contudo, este caso desencadeou uma onda de protestos num país onde não existe a liberdade das mulheres.

Entretanto, várias mulheres iranianas têm realizado diferentes formas de protesto contra as restrições impostas pelo governo, incluindo:

  • Remover o hijab em público
  • Compartilhar vídeos queimando seus véus
  • Cortar o cabelo em público
  • Realizar manifestações em universidades

E, hoje, novamente, o mundo se depara com essa visão: ela foi agressivamente presa, e até agora, não se tem mais notícias: o que provavelmente significa algo grave e ruim.

A indignação e a solidariedade

Portanto, como mulher, mãe, avó, ser humano, deixo aqui essa reflexão: como não nos indignarmos com este retrocesso? Como calar, praticamente sendo conivente com “desculpas esfarrapadas”, tipo: ela sabia, ou provocou, ou…Onde está a liberdade das mulheres?

Então, “Ouvir” um ato de desespero, que vai lhe custar a vida, provavelmente, e não se sensibilizar, não faz parte de SER humano: somos irmãos neste planeta chamado TERRA, e além.

Sinto muito tocar num tema tão sensível, mas hoje, é o que tenho para dar: minha solidariedade às mulheres oprimidas, caladas, sofridas, ameaçadas, amedrontadas e subjugadas, apesar da incoerência tecnológica e da ida do homem a Lua.

Sarita Cesana

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