Bem-aventurados os pacificadores

Porque serão chamados filhos de Deus

Nesta quinta-feira, 01 de agosto de 2024, dando sequência ao estudo das bem-aventuranças, vamos entender melhor a sexta bem-aventurança que é: bem-aventurados os pacificadores porque são chamados filhos de Deus. Então, quero, antes de mais nada esclarecer que a palavra latina pacificare, da qual é derivada pacificus, é composta de dois radicais (assim como no grego): pax e facere, isto é, ―paz e ―fazer. Pacificador em latim significa pacificus. Portanto é aquele que faz a paz, ou seja, é um fazedor de paz. É um homem que possui em si a força creadora de estabelecer ou restabelecer um estado ou uma atitude permanente de paz em meio a
qualquer batalha.

Quanto a palavra “pacificus”, cuja tradução em muitas versões do português é “pacificadores”, não capturam adequadamente o sentido original , da expressão “eirenopoíí” do grego e o termo “pac-fici” do latim. Ambos denotam um processo ativo e dinâmico, em vez de apenas um estado passivo de paz. 

-aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus.

O verdadeiro pacificador

Então vejamos quem seria o verdadeiro pacificador!

O verdadeiro pacificador não é apenas aquele que resolve conflitos entre pessoas ou grupos em litígio. Ele é aquele que encontra e mantém a paz dentro de si mesmo. Apenas um autopacificador pode ser um alo-pacificador, ou seja, aquele que mantem, promove e/ou estabiliza a paz externa entre pessoas ou grupos litigantes. Este homem já deve ter estabelecido a sua paz interior.

O embate interno entre Lúcifer e Lógos

A mais intensa das desavenças, a mais triste das batalhas, é o conflito que ocorre dentro do ser humano. Esse embate se dá entre o ego físico-mental da sua personalidade humana e o Eu espiritual da sua individualidade divina. Os conflitos e guerras entre famílias, povos e civilizções têm sua origem em conflitos no interior do homem, entre o seu Lúcifer e o seu Lógos. Não fosse isso não existiriam as guerras e os conflitos entre famílias, sociedades, povos e nações.

A verdadeira paz e o santuário da alma

Portanto, o grande tratado de paz tem de ser assinado no foro íntimo do Eu individual antes de poder ser ratificado no foro externo das relações sociais. Nunca haverá Nações Unidas, nem sociedade ou família unida enquanto não houver indivíduo unido.

Contudo, a verdadeira paz, encontrada no santuário da alma, não se assemelha a um armistício débil, cuja estabilidade é motivo de constante preocupação. Muito ao contrário, é uma paz sólida e indestrutível, repleta de alegria e felicidade, fundamentada na verdade libertadora. Essa paz duradoura só pode ser alcançada pelo homem que transcendeu os erros e ilusões do ego opressor, identificando-se com a verdade do novo Eu, aquele que descobriu o Cristo interior e triunfou sobre sua própria vida. Sendo assim ele terá conseguido integrar o ego responsável por toda discórdia e conflitos na face da terra ao grande Eu Divino gerador da paz duradoura. A paz de que fala o divino Mestre quando diz: bem-aventurados os pacificadores, não é algo inerte e passivo. A verdadeira paz é algo essencialmente ativo e dinâmico; uma exuberante plenitude vital.

Wagner Braga

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