Na quinta-feira da semana passada publiquei um artigo, na coluna AUTOCONHECIMENTO intitulado A Covardia, uma falha de caráter? Nesse artigo eu analisei A Covardia sob o prisma do caráter, da psicologia comportamental, dos processos de autoconhecimento e até mesmo escalas de consciência como a proposta por David Hawkins. Então, no artigo de hoje vamos analisar as Manifestações Práticas da Covardia no âmbito profissional, nos relacionamentos interpessoais, na expressão criativa. Também vamos avaliar as estratégias para superação da Covardia até a sua transcendência espiritual.
Âmbito Profissional
No ambiente profissional, a covardia manifesta-se através do esquivamento de responsabilidades, relutância em expressar opiniões divergentes, busca excessiva por aprovação de superiores e resistência a mudanças necessárias. Profissionais covardes podem sabotar suas próprias carreiras evitando oportunidades de crescimento que envolvem riscos ou exposição.
Relacionamentos Interpessoais
Nos relacionamentos, a covardia pode aparecer como evitação de conflitos necessários, incapacidade de estabelecer limites saudáveis, tendência a agradar compulsivamente e dificuldade em expressar necessidades autênticas. Contudo, estas dinâmicas podem resultar em relacionamentos superficiais, ressentimentos não resolvidos e perda de intimidade genuína.
No contexto de crescimento pessoal, a covardia pode manifestar-se como resistência a feedback construtivo, evitação de desafios que promovem crescimento, procrastinação em decisões importantes e tendência a permanecer em situações familiares mas limitadoras. Esta dinâmica impede realização do potencial pessoal e manutenção de padrões de vida insatisfatórios.

Expressão Criativa
A covardia pode sufocar a expressão criativa através de medo de julgamento, perfeccionismo paralisante e esquivamento a riscos criativos. Por isso, artistas, escritores e outros criativos podem limitar severamente sua expressão autêntica devido a preocupações sobre aceitação ou crítica.
Estratégias para Superação da Covardia
O primeiro passo para superar a covardia envolve o desenvolvimento de autoconsciência honesta sobre padrões covardes pessoais. Isto requer exame corajoso dos próprios medos, motivações e comportamentos de esquiva. Práticas como meditação, hipnose e terapia podem facilitar este processo de autoexame.
Por outro lado, a superação da covardia frequentemente requer exposição gradual às situações temidas. Começando com desafios menores e progressivamente aumentando dificuldade, alguns indivíduos podem desenvolver confiança e reduzir ansiedade associada a situações anteriormente evitadas. Este processo requer paciência e perseverança.
Contudo, o cultivo do sistema de valores internos forte pode fornecer a motivação necessária para agir corajosamente apesar do medo. Quando ações são guiadas por princípios profundamente arraigados ao invés da busca por aprovação externa, torna-se mais fácil superar tendências covardes.
Práticas de Fortalecimento Mental utilizando Técnicas como visualização positiva, afirmações construtivas e exercícios de respiração podem ajudar a desenvolver a resiliência mental necessária para enfrentar desafios. Estas práticas podem reduzir ansiedade e a aumentar sensação de controle pessoal.
O Trabalho com terapeutas, coaches ou mentores pode fornecer o suporte necessário para superar padrões covardes arraigados. Estes profissionais podem oferecer perspectiva externa, estratégias específicas e encorajamento durante o processo de mudança.
Transcendência através da Rendição e da compaixão
Paradoxalmente, a superação da covardia pode requerer forma de rendição – abandono da necessidade de controlar resultados e aceitação da incerteza inerente à vida. Esta rendição não representa passividade, mas reconhecimento corajoso de limitações do controle pessoal e abertura para possibilidades maiores.
O desenvolvimento da compaixão, tanto por si mesmo quanto pelos outros, pode ser um antídoto poderoso contra a covardia. Quando indivíduos desenvolvem compreensão compassiva das lutas humanas universais, incluindo seus próprios medos e limitações, podem encontrar coragem para agir com maior autenticidade e vulnerabilidade.
A conexão com um propósito de vida maior pode fornecer a motivação transcendente necessária para superar medos pessoais. Quando ações são motivadas por serviço ao bem maior ao invés da proteção do ego, a covardia naturalmente diminui em importância.
Conclusão
A covardia representa um dos aspectos mais desafiadores e universais da experiência humana, manifestando-se através de múltiplas dimensões do caráter, psicologia e consciência. Compreender sua natureza complexa requer integração de perspectivas do desenvolvimento do caráter, mecanismos psicológicos, processos de autoconhecimento e escalas de consciência como a proposta por David Hawkins e analisados no artigo anterior.
No que tange as manifestações práticas da Covardia podemos verificar que é imprescindível a observação comportamental antes de mais nada para, o desenvolvimento da autoconsciência honesta sobre padrões covardes e, a partir dai exercitar o fortalecimento mental. Esse fortalecimento mental dará condições de encontrar a coragem tão almejada para transcender e superar os medos pessoais.
Wagner Braga