Tentando sair da inércia e do sedentarismo
Venho refletindo sobre tudo e todos, nessa jornada de chegar aos 70. Desde antes, durante, e agora nesse dia a dia de ser uma setentona. Se nos 60, a gente “senta”, nos 70 a gente “tenta”, kkkk. No artigo desta segunda-feira quero falar acerca de histórias sobre ter 70 anos. Idade a qual eu me encontro, como já falei anteriormente.
Academia e personal trainer
Então, nessa tentativa de ficar cada dia melhor, apesar da idade, me matriculei na academia, finalmente!!! Como já havia tentado de quase tudo, para fazer atividade física, optei por contratar um personal, e criar uma rotina.
Além das aulas de musculação, a academia oferece muitas outras opções, de pilates ao Q48 HIIT 2.0 – que não tenho a mínima ideia do que é!
Além disso, soube depois, algumas modalidades são “self digital” e outras “self move”, o que significa estar lá. mas ter a aula on-line, em um telão, ou ter um professor presencial, que atende muito mais às minhas expectativas, prefiro a segunda opção. Atualmente, com o on-line, nem precisa sair de casa: muitos oferecem de forma gratuita atividades variadas, possíveis de fazer pelo celular, na sala de casa.
Aula de dança: um capítulo à parte
Mas, contextualizando esse novo momento, quero compartilhar que anda indo tudo bem: o personal ajuda muito, nesse início. Além dele, encontrei a oferta de aula de “dança”, outros dois dias na semana, com um professor que coloca nossa energia nas galáxias!!!
Esse é um capítulo à parte, já que fiz parte, em São Paulo, de um grupo que fazia esse tipo de atividade, todos os dias, durante um bom tempo, lá pelos anos 80/90. Como citei acima, não é bem uma “dança”, mas uma aula aeróbica, com coreografias, requebrados, pulos e risadas. Tem a turma da frente, que já sabe tudo, e funciona com toda a sincronicidade que acompanha o professor. Tem o meião, que também manda bem: elas são preparadas, aguentam o ritmo, mas já se misturam um pouco com a turma do fundão (ao qual eu faço parte).
No fundo da sala, ficamos nós: as “coroas”, com mais ou menos coordenação motora, fôlego e força nas pernas mesmo! Porém posso garantir que a diversão vale muito à pena: me senti acolhida, mesmo ainda não acompanhando a música (que passa longe do meu gosto), nem as roupinhas coladas que a maioria usa.
Mas ainda assim, não é sobre isso.
Aula de dança aos sábados
Aproveitando a motivação inicial, encontrei no aplicativo uma aula dessas, no sábado as 9h, com outro professor, e resolvi ir. O que eu não poderia imaginar, é que praticamente a mesma aula poderia ser dada um uma rotação tão acelerada: e aí começam as minhas reflexões.
Como a chatice que me acompanhava desde sempre, com a idade se agravou, cheguei cedo e fiquei aguardando o professor e a turma. Até faltando 2 minutos, nada! Mas chegaram…
Me senti com 10 anos, respondendo à chamada da sala de aula, no meu 4º ano primário: entram na sala as “meninas” que agendaram, no aplicativo – ouvi meu nome, e pude adentrar ao recinto.
E a aula começou: e eu não sabia se ria ou chorava, em poucos minutos pude experenciar raiva, perplexidade, impotência e finalmente a certeza de que aquilo não era para mim. Já era, eu ter 30, 40 ou até 50 anos.
Dança acelerada ou speed songs
Para tentar me expressar melhor, fui procurar o que mais se assemelha ao que senti: Como chama música acelerada?
Um usuário mais frequente de redes sociais como TikTok e Instagram provavelmente já esbarrou com algumas, mas elas também estão no YouTube. São músicas em versões aceleradas, speed songs (como se usa por aqui) ou sped up songs (nos Estados Unidos).”
A sala tem um espelho, na parede da frente, porém a coreografia girava, o que significa que em vários momentos nem o espelho, para tentar imitar alguém, eu tinha…era a parede, e o povo atrás de mim: lembrando que eu estava no fundão, óbvio.
Me sentindo um peixe fora d’água
Entre uma troca de música, e outra, eu saí de fininho, rindo de mim mesma: feliz pela minha coragem de ousar tentar algo novo, ciente de que aquele não era meu lugar, saudosa da época em que esse povo nem tinha nascido, e nós já fazíamos tudo isso: desfile de moda, fofocas, hormônios a milhão, invejas, ciúmes, apoio e alegria…
Para finalizar esse relato, confesso que me diverti comigo mesma, questionando – o que era aquilo? Aquilo era uma aula já habitual, com alunas que curtem e já estão preparadas para esse ritmo, sincronizadas com um professor que atende ao que elas esperam.
Quem estava no lugar errado era EU. E tudo bem.
Hoje volto à minha rotina, dentro do que é possível, melhorando a cada dia, participando da aula que comporta a mulherada entre 20 e mais de 70 anos, com os passos que ainda consigo acompanhar.
Que tenhamos uma ótima semana. Numa próxima conto mais histórias sobre ter 70 anos!
Sarita Cesana
Psicóloga CRP 17-0979
@saritacesana_ @implementeconsultoria