Porque eles serão consolados
Nesta sétima bem-aventurança do Sermão da Montanha, sendo “bem-aventurados os tristes porque eles serão consolados”, encontramos na fala de Jesus, talvez a mais enigmática, no que se refere as bem-aventuranças, pois ele proclama “felizes os tristes”. E você deve se perguntar: como assim, felizes os tristes? Sobretudo quando analisamos sua outra fala: “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz, para que
minha alegria esteja em vós e seja perfeita a vossa alegria e ninguém mais tire de vós a vossa alegria! Muito estranho, não?
As duas espécies de alegria e tristeza
A explicação mais clara e plausível que consegui extrair dos escritos do grande filósofo Huberto Rhoden em sua obra “O Sermão da Montanha” é que existem duas espécies de tristeza e duas espécie de alegria. A tristeza central, permanente, em muitos casos circundada de alegrias periféricas, intermitentes e a alegria central, permanente, que, em muitos casos está envolta em tristeza periférica, intermitente.
Tentando explicar ainda melhor existem pessoas que que são permanentemente tristes internamente, desde o fundo do seu âmago. Porém externamente demonstram alegrias na maior parte do tempo. Podemos exemplificar com o que ocorre com muitos(as) obesos(as), que geralmente são pessoas engraçadas e divertidas, mas, com raras exceções internamente são pessoas trises, depressivas e insatisfeitas com o corpo que tem.
O segundo caso são as pessoas permanentemente alegres internamente, mas que externamente, na maior parte do tempo está triste. São as pessoas que, apesar de viverem nessa tridimensionalidade, de provas e expiações, dor e sofrimento, já pertencem a 5ª dimensão, onde vive um estado permanente de alegria e satisfação. A tristeza exterior ou periférica é o resultado do sentimento de compaixão ao conviver e perceber que as pessoas ainda vão sofrer muito, sentir muita dor e passar por muitas provas e expiações até, um dia conseguirem se libertar dessa densa materialidade.
A vacuidade e o desequilíbrio interior
Portanto, quanto mais uma pessoa está internamente triste, devido à falta de harmonia espiritual, mais ela busca alegrias externas, muitas vezes barulhentas e intensas. Isso acontece porque essa pessoa não suporta a solidão, que a faz perceber com mais clareza sua própria vacuidade ou desequilíbrio interior. Desta forma, evita ficar sozinha sempre que possível, buscando companhia em todos os lugares. Quando não consegue encontrar essa companhia em outras pessoas, ela preenche parte dessa insuportável solidão com os ruídos da rua, seja através do jornal, rádio ou televisão. Alguns chegam a recorrer a substâncias entorpecentes, como maconha, cocaína ou morfina, para temporariamente aliviar a sensação de tristeza profunda. Com a continuidade nem os entorpecentes a satisfazem mais e em muitos casos a coisa evolui até o suicídio.
Vibrando na frequência da gratidão
Enfim, a pessoa que cultivou um certo grau de espiritualidade desfruta de uma grande vantagem em relação àquela que não se preocupa com questões espirituais. Ela não precisa de estímulos violentos para experimentar alegria, pois sua felicidade não depende do mundo exterior, mas sim do seu interior. Esta pessoa aprendeu a vibrar na frequência da gratidão. Por isso, uma simples florzinha à beira da estrada, o sorriso de uma criança a caminho da escola ou o brilho de uma estrela na escuridão já preenchem a sua alma com uma alegria suave e pura. Eis o comportamento dos bem-aventurados os tristes!
Wagner Braga