Porque serão saciados
Caro leitor, nesta quinta-feira 25 de julho de 2024 continuamos a dissecar o maior documento sacro de todos os tempos, o Sermão da Montanha de Jesus Cristo. Então, hoje vamos analisar a quinta bem-aventurança: Bem-Aventurados os que têm fome e sede da justiça porque serão saciados. Essa bem-aventurança é especialmente dirigida aos insatisfeitos, àqueles que carregam o fardo do Infinito, a saudade do Eterno. São aqueles que vivem ou sofrem em uma inquietude metafísica, crendo mais na vastidão do desconhecido do que no limitado que conhecem. É não sede e fome da justiça dos homens, como muitos pensam.
São aqueles que anseiam por uma experiência intima
Por isso, Jesus declara bem-aventurados aqueles que anseiam por uma experiência íntima, os insatisfeitos com o que alcançaram no árduo caminho da sua jornada espiritual. Essas almas sabem que ainda têm uma longa estrada a percorrer, mas veem como magnífico continuar avançando em direção ao destino que está a sua espera. São como aves migratórias que, ao se aproximarem do outono, sentem o chamado de regiões distantes e desconhecidas. Lugar onde a luz e o calor estão em ascensão, enquanto em seu habitat atual, esses elementos estão em declínio.
Ansiando pela água espiritual
Para experimentar essa espécie de melancolia metafísica, o homem precisa transpor as fronteiras da vivência comum. Ele deve sentir um certo cansaço ou, quase pessimismo, em relação à vida terrena, ansiando por algo que nunca viu, mas do qual tem uma intuição profunda. Aqueles que ainda estão imersos nas preocupações mundanas não estão prontos para sentir essa fome e sede por um mundo invisível. Antes de ansiar por essa água espiritual, eles devem primeiro experimentar o fastio das coisas materiais. Como Jesus disse: “Quem bebe da água material terá sede novamente, mas quem beber da água que eu dou nunca mais terá sede, pois ela se tornará uma fonte jorrando para a vida eterna.”
A justiça transcende o plano horizontal
Quanto a palavra “justiça”, ela tem um significado profundo nas sagradas Escrituras. Quando encontramos essa palavra, ela não se refere apenas à justiça jurídica ou legal, mas sim à relação reta e correta que o homem mantém com Deus. A justiça transcende o plano horizontal da vida social cotidiana. É uma compreensão intuitiva ou mística de Deus, que naturalmente se manifesta em nossas ações diárias e está relacionada a ética.
Portanto, aqueles que já estão experimentando essa água espiritual, encontra-se num nível consciencial elevado, mas às vezes, ainda vivendo no plano tridimensional. Dai o sentimento de nostalgia e até mesmo de angustia ao perceber que não é mais deste mundo, mas ainda é obrigado a experienciá-lo. Não por ele, mas por amor a humanidade e pelo aprendizado. Tecnicamente este indivíduo já está saciado e o seu consolo é saber que faz parte do universo dos Bem-Aventurados os que têm Fome e Sede da Justiça.
Wagner Braga