Durante o Processo de Autoconhecimento
O caminho do autoconhecimento é uma jornada transformadora, mas frequentemente encontramos um obstáculo poderoso: a autocrítica excessiva. Então, quando decidimos olhar para dentro e confrontar quem realmente somos, é natural que surjam julgamentos sobre nossas atitudes, escolhas e características. No entanto, quando essa voz crítica interna se torna implacável, ela pode sabotar todo o processo de autodescoberta. Dai a importância de saber como lidar com a Autocrítica Excessiva durante o processo de Autoconhecimento.
Tenho pensado sobre isso, já que com o passar do tempo, a vinda da maturidade da “melhor idade”, acaba sendo uma questão que me acompanha: o aumento do nível de exigência, ou um relaxamento e autocompaixão com minhas entregas, compromissos e cobranças.
Acredito que a autocrítica construtiva nos ajuda a crescer. Ela identifica aspectos que podemos melhorar e nos motiva a evoluir. Já a autocrítica destrutiva é aquela que nos diminui, nos paralisa e nos faz duvidar constantemente de nosso valor, gerando (muitas vezes) a síndrome do impostor. Então, entenda como lidar com a Autocrítica Excessiva.
Sinais de autocrítica destrutiva:
- Pensamentos de “tudo ou nada” (sou um completo fracasso)
- Generalização excessiva (sempre faço tudo errado)
- Desconsideração do positivo (foco apenas nos erros)
- Linguagem interna que você nunca usaria com um amigo
- Comparação constante com os outros
Por que somos tão duros conosco?
A autocrítica excessiva geralmente tem raízes profundas:
- Perfeccionismo: A busca incessante pela perfeição nos leva a estabelecer padrões impossíveis.
- Experiências passadas: Críticas recebidas na infância podem se transformar em nossa voz interna.
- Medo da vulnerabilidade: Criticar-se antecipadamente pode parecer uma forma de proteção contra o julgamento alheio.
- Comparação social: Nas redes sociais, vemos apenas o melhor dos outros e comparamos com nosso “bastidor”.
- Crenças limitantes: Ideias como “não sou bom o suficiente” ou “não mereço” alimentam a autocrítica.

Como transformar a autocrítica em autocompaixão
1. Desenvolva o observador interno
O primeiro passo é criar distância entre você e seus pensamentos críticos. Pratique observar esses pensamentos sem se identificar com eles. Portanto, quando surgir uma crítica, simplesmente note: “Estou tendo um pensamento crítico agora” em vez de acreditar nele como verdade.
2. Questione seus pensamentos críticos
Desafie a voz crítica com perguntas como:
- Esta crítica é realmente verdadeira?
- Eu falaria assim com alguém que amo?
- Que evidências contradizem essa crítica?
- Qual seria uma perspectiva mais equilibrada?
3. Pratique a autocompaixão
A autocompaixão não é autoindulgência, mas sim tratar a si mesmo com a mesma gentileza que ofereceria a um bom amigo. Segundo a pesquisadora Kristin Neff, a autocompaixão possui três elementos:
- Bondade consigo: Oferecer compreensão em vez de julgamento
- Humanidade compartilhada: Reconhecer que todos cometemos erros
- Mindfulness: Observar pensamentos e emoções sem se identificar com eles
4. Transforme críticas em feedbacks construtivos
Reescreva suas autocríticas em linguagem construtiva:
- De: “Sou um desastre, nunca consigo manter meus compromissos”
- Para: “Tenho dificuldade com compromissos. O que posso fazer para melhorar isso?”
5. Celebre seus progressos
No processo de autoconhecimento, cada insight é uma vitória. Então, reconheça e valorize cada pequeno passo. Mantenha um “diário de vitórias” onde registra suas descobertas e avanços, por menores que pareçam.
O paradoxo do autoconhecimento
Existe um paradoxo interessante no processo de autoconhecimento: quanto mais nos aceitamos como somos, mais capazes nos tornamos de mudar. Portanto, a autocrítica excessiva não acelera o crescimento pessoal – ela o impede.
Quando criamos um ambiente interno de segurança e aceitação, nossa mente fica mais aberta para explorar nossos padrões, reconhecer vulnerabilidades e, sobretudo experimentar novos comportamentos.
Práticas diárias para cultivar uma relação saudável consigo
- Meditação de autocompaixão: Reserve alguns minutos diariamente para práticas como o “Loving-kindness” (Metta).
- Diário reflexivo: Escreva sobre suas experiências sem julgamento, apenas observando.
- Diálogo interno consciente: Preste atenção à sua fala interna e reformule frases críticas.
- Visualização: Imagine-se tratando a si mesmo como trataria uma criança ou um amigo querido.
- Limite a comparação social: Considere reduzir o tempo nas redes sociais ou mudar como as utiliza.
Conclusão
Portanto, o verdadeiro autoconhecimento floresce em um solo de aceitação, não de julgamento. Então, quando substituímos a autocrítica implacável pela curiosidade compassiva, abrimos espaço para descobertas profundas sobre quem somos.
Lembre-se: o objetivo do autoconhecimento não é encontrar um “eu perfeito”, mas sim conhecer e aceitar seu verdadeiro eu, com todas as suas complexidades, contradições e potenciais inexplorados.
A próxima vez que sua voz crítica interna aparecer, receba-a como uma oportunidade de praticar a autocompaixão e aprofundar seu autoconhecimento. Afinal, a jornada para dentro de si mesmo não precisa ser uma batalha – pode ser um ato de amor próprio.
Sarita Cesana
Psicóloga 17-0979
@saritacesana_ @implementeconsultoria