Eis a questão
Já escrevi outros artigos e também um livro com o título Crer ou não Crer, eis a questão, cujo tema altamente controverso não se esgota facilmente. Por isso, retomo o assunto, mais uma vez para que você possa fazer uma reflexão sob uma argumentação bastante interessante e não menos controversa.
O grande matemático francês Blaise Pascal achava que, por mais improvável que fosse a existência de Deus, há uma assimetria ainda maior na punição por errar no palpite. É melhor acreditar em Deus, porque se você estiver certo poderá ganhar o júbilo eterno, e se estiver errado não vai fazer a menor diferença. Por outro lado, se você não acreditar em Deus e estiver errado, será amaldiçoado para todo o sempre, e se estiver certo não vai fazer diferença. Pensando assim, a decisão é óbvia. Acredite em Deus. (PASCAL, 2002, PP.17,18)
Combinando matemática com teologia
Entretanto, a questão não é tão simples assim. Em seu livro “Pensamentos”, que tornou o autor também conhecido como filósofo, ele formula um raciocínio que combina matemática com teologia. Ele parte do princípio de que, em não se podendo provar a existência ou a inexistência de Deus, o ser humano se obriga a fazer uma escolha: acreditar ou não acreditar em Deus. Desta forma, o seu argumento, utilizando a lógica, estabelece que é melhor apostar na existência de Deus do que na teoria oposta. Já que, se ganhar, ganha tudo; se perder, não perde nada ou perde muito pouco.

Explicando melhor, podemos dividir o raciocínio de Pascal em quatro etapas:
- Se você acredita em Deus e Ele existe, quando você morrer seu ganho é infinito, a saber, a vida eterna no paraíso (pela teologia cristã);
- Se você acredita em Deus e Ele não existe, quando você morrer sua perda é finita, a saber, o tempo de vida que perdeu acreditando numa quimera;
- Se você não acredita em Deus e Ele de fato não existe, quando você morrer seu ganho é finito, a saber, o tempo de vida que não perdeu acreditando numa quimera;
- Se você não acredita em Deus e Ele existe, então quando você morrer sua perda é infinita, a saber, nada menos do que a danação eterna no inferno.
Apostar que Deus existe seria a melhor alternativa?
Então podemos concluir que a oposição entre o melhor e o pior resultado da aposta, ou seja, ganho infinito versus perda infinita, não deixa alternativa senão apostar que Deus existe. Desta forma, até quem não consegue acreditar deve agir como se acreditasse, por via das dúvidas. Enfim, para o cientista e renomado filósofo cristão, o maior ganho da aposta se dá em plena vida. Com a conquista da fé verdadeira, única capaz de levar o ser humano à felicidade plena.
O renomado biólogo e escritor Richard Dawkins, ateu de carteirinha, em seu livro mais polêmico, argumenta que “a aposta de Pascal só poderia servir de argumento para uma crença fingida em Deus. E é melhor que o Deus em que você alega acreditar não seja do tipo onisciente, senão ele vai saber da enganação.
Pois é, Crer ou não Crer, eis a questão! E você, o que acha da aposta de Blaise Pascal? O pensamento dele faz sentido para você? Ou concorda com o ateu Richard Dawkins que acha uma enganação?
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Wagner Braga