Quando sua mente não consegue deixar ir
O Ego é o nosso maior inimigo. É ele que nos impede o tempo todo de evoluir espiritualmente. É ele que impede o desapego das coisas materiais e até mesmo das imateriais. Ele se apropria do nosso consciente, da nossa mente todo o tempo em que estamos conscientes. Às vezes sua mente pode ficar fixada em algo e simplesmente não desistir. Para a maioria das pessoas isso acontece muito — às vezes mais do que elas percebem.
Como identificar esse apego e se sua mente não desistirá de algo? Bem, podemos relacionar alguns sinais:
- Você nunca desiste de uma discussão;
- Você é sempre o(a) dono(a) da razão;
- Você fica repetindo conversas em sua mente, discutindo internamente;
- Você costuma remoer uma ofensa por um longo tempo;
- Você é rancoroso(a);
- Você fica muito frustrado quando as coisas não acontecem como você quer;
- Você cansa as pessoas por reclamar ou ficar frustrado pelas mesmas coisas repetidamente;
- Você se arrepende profundamente das coisas e gostaria de poder voltar e refazer momentos importantes da sua vida;
- Você não consegue se perdoar por erros que cometeu.
É da natureza humana uma mente que se fixa, mas se você não consegue desistir, significa que está muito ligado(a) a força do ego e sua mente se torna cada vez mais rígida e submissa. Fixar a mente em algo significa que está preso(a) ao passado e isso pode afetar seus relacionamentos, sua capacidade de se concentrar no momento presente, e sua felicidade.
Não estou dizendo que essa tendência de fixar a mente seja algo ruim. Há uma força nisso, uma proteção, um fogo. Mas e se você quiser ter uma mente mais fluida e deixar ir? Talvez para um pouco de paz de espírito?

Primeiro saiba porque a mente fixa
A mente fixa em algo em primeiro lugar por causa do apego. Não é porque a mente odeia sua felicidade ou porque é burra. É simplesmente porque ela deseja as coisas do jeito que ela quer que sejam e esse desejo é egóico. Não queremos sair da nossa zona de conforto, pois o ego é muito preguiçoso.
Mas há algo que contribui para esse forte apego: o medo — temos medo de que se as coisas não forem do jeito que queremos que sejam, então não ficaremos bem.
Por exemplo:
- Se eu estiver errado sobre um argumento, então meu medo pode ser que as pessoas pensem que sou burro;
- Se eu não me defender das críticas de outra pessoa, então meu medo pode ser que eu não seja uma boa pessoa (ou não seja visto como uma boa pessoa);
- Se eu terminar um relacionamento, então o meu medo pode ser nunca mais encontrar outro alguém como aquele.
Como deixar ir
Entender por que nossas mentes se fixam, por causa do medo, pode nos ajudar a compreender como podemos começar o desapego e a deixar ir. Inicialmente, temos que simplesmente reconhecer o medo. Temos medo de não ficar bem. Esse é um medo compreensível de se ter!
Em seguida, podemos perguntar: “O que meu medo precisa para sentir que ficarei bem?” A primeira reação pode ser: “Preciso que as coisas sejam do jeito que eu quero que sejam!” O que é, claro, a crença subjacente à tendência da mente ao apego. Então você precisa inverter esse paradigma e reprograma a sua mente com a seguinte pergunta: e se eu encontrar algo melhor do que o que estou com medo de perder e de me desapegar? Se for um relacionamento pense que pode existir alguém mais belo(a), mais inteligente, mais meigo(a), mais compreensivo(a) e que até lhe ame mais. Por que não?
Isso vai elevar a sua autoestima, lhe fazer se sentir muito melhor e ao dar esse comando para sua mente passe a fixar esse pensamento no lugar do outro.
Como praticar o desapego
Quando sua mente estiver querendo se fixar pare o que estiver fazendo e tente mudar de pensamento. Desenvolver a prática da meditação pode ajudar muito. Tentar zerar os pensamentos por alguns instantes numa espécie de meditação, estando no aqui e agora é a melhor forma de sair da fixação.
Reconhecer que o medo do desapego está ali e simplesmente reconheça o medo, respire, dê a ele um pouco de presença e amor.
Tenha em mente que você ficará bem, independentemente das circunstâncias. Cultive uma confiança profunda em seu estado de bem-estar, lembrando-se de que estar certo, sentir-se ofendido ou ter as coisas do seu jeito não são essenciais para o seu bem-estar. Você pode ficar bem, independentemente de como as coisas aconteçam. Acredite nisso.
Por fim deixe ir. Respire e reconheça que você pode estar errado. Reconheça que a outra pessoa pode ter tido boas intenções. Entenda que você não precisa que as coisas sejam do seu jeito. Perdoe a outra pessoa ou a si mesmo. Sinta o quão amoroso e aberto isso é.
Wagner Braga