Dia do leitor
O último domingo (7) foi o dia do leitor. Bom, se formos checar o calendário, constataremos que todo dia é dia de alguma coisa, certo? As datas comemorativas estão para nós normalmente mais a título comercial do que propriamente ideológico, seja para capitalizarmos ou fazermos merchan. Embora os motivos sejam práticos, pode ser importante elegermos essas datas como tentativa de valorizar e popularizar o que está sendo celebrado.
O leitor deve ser valorizado porque a leitura é essencial para a nossa formação enquanto cidadãos e indivíduos. Para que possamos entender quais são os nossos direitos, deveres e, inclusive, desejos. Os desejos podem estar atrelados à lei, mas não necessariamente. Sem leitura, não é possível fazer interpretações, gerar questões, tirar dúvidas e, por fim, compreender. Sem leitura, não há como saber quais desejos estão atrelados à lei e quais são independentes dela. Ficamos, assim, eternamente reféns de um outro, que talvez seja bom o suficiente para nós, mas talvez não.
Que falta que ler faz…
O analfabetismo estrutural está presente em grande parte da população brasileira, mas é sutil, pois é mascarado pela conveniência econômica e social. Consiste na repetição de palavras e frases de efeito sem uma fundamentação teórica ou uma concatenação de ideias. Trata-se de pura repetição, sem compreensão de fato do que está sendo dito.
Lembre-se que a repetição é uma estratégia de marketing: se uma afirmação é repetida muitas vezes, ela se torna automaticamente uma verdade. Mesmo que não seja. Afinal, quem teria a audácia de questionar algo que provém de tantas partes? “Há de ser verdade!”
A verdade do encontro
O negócio é que construímos as nossas vidas baseadas nessas verdades. E como faz quando a fundação de uma construção não é segura? E como faz se ela finalmente desaba? Damos “graças a deus” ou caímos em desespero?
A leitura diversificada propõe possibilidades, assim como a Psicanálise. Afinal, existem várias formas de construir: taipa, madeira, alvenaria, concreto, aço etc. E toda forma de construção tem seus prós e contras. Ou seja, todas são possíveis, mas alguma delas deve requerer uma manutenção mais enxuta. É isso que a leitura e a Psicanálise têm em comum: elas proporcionam a possibilidade do encontro.