mas o coração pesa
Quando o calendário avança o fim do ano costuma ser anunciado como um tempo de alegria, independentemente da crença religiosa, o clima é de celebração!
Luzes acesas, mesas fartas, reencontros, promessas de recomeços e, por vezes, perdões. Um período socialmente marcado pela ideia de felicidade obrigatória.
Mas a experiência humana não é homogênea, mesmo que o calendário avance de forma igual, e irreversível para todos, os sentimentos podem divergir Para muitas pessoas, esse mesmo período pode ser atravessado por silêncio, solidão e tristeza.
Enquanto alguns celebram, outros apenas sobrevivem aos dias. “lambendo” suas feridas.
Existe um “peso” invisível das expectativas:
Datas comemorativas funcionam como espelhos amplificados.
Elas refletem aquilo que temos — e, principalmente, aquilo que sentimos que nos falta.
Falta de companhia, falta de vínculos significativos, falta de reconhecimento e falta de sentido.
A narrativa coletiva do “ano que termina bem” pode se tornar cruel para quem vive lutos, rupturas, adoecimentos emocionais ou simplesmente não se encaixa no roteiro da celebração.
É nesse contraste que o sofrimento se intensifica.

E as estatísticas que tanto se comentam?
Então, muito se fala sobre o aumento de suicídios no final do ano e início do outro. Embora os dados não confirmem, de forma consistente, um pico estatístico nesse período, o sofrimento emocional aumenta, e isso não pode ser ignorado.
Há mais:
- sentimentos de inadequação
- comparações sociais intensificadas
- cobranças internas por “ter sido melhor”
- medo do futuro e do ano que começa
Ou seja, o risco não está apenas nos números, mas na invisibilidade da dor.
Contudo, nem todo mundo sente alegria — e tudo bem admitir isso.
Existe algo profundamente adoecedor em negar o que se sente. A imposição da felicidade pode silenciar quem mais precisa ser escutado.
Nem todo mundo está bem.
Nem todo mundo consegue celebrar.
E nem todo mundo quer brindar.
Então, reconhecer isso é um ato de maturidade emocional e de cuidado coletivo.
O que podemos fazer — individual e coletivamente?
Talvez não seja possível mudar o clima do mundo, mas podemos mudar a forma como olhamos para quem está ao nosso lado — e para nós mesmos.
- Reduzir expectativas irreais
- Validar emoções difíceis
- Estar disponível para escutar, sem corrigir
- Procurar ajuda quando o peso fica grande demais
Cuidar da saúde mental também é permitir-se viver o tempo como ele é — e não como ele deveria ser.
Para encerrar…
Se este é um período leve para você, que bom.
Que sua alegria não seja distração, mas ponte.
Se este é um período difícil, saiba: você não está só — mesmo quando se sente assim.
Às vezes, atravessar o fim do ano não é sobre celebrar.
É sobre continuar, com gentileza, até que o sentido volte a aparecer.
Sarita Cesana
Psicóloga CRP 17/0979
@saritacesana_ @jornada_da_felicidade