Alzheimer

Estratégias para um cuidado humanizado

Receber a notícia de que seu ente querido foi diagnosticado com Alzheimer representa um divisor de águas na história de qualquer família. A partir daí, mergulhamos num misto de sentimentos e começamos uma jornada de incertezas e tomadas de decisão. Alguns questionamentos como a escolha do cuidador, os estágios da doença e os possíveis tratamentos permeiam as cabeça dos envolvidos no processo.

Diagnosticar não é tão fácil como parece

Num passado não muito distante, vivenciei esse impacto ao ter a minha avó diagnosticada com o Mal de Alzheimer e de repente a vida da nossa família virou de ponta a cabeça. Reconhecer os sinais e sintomas não é tão fácil quanto parece, uma vez que eles são muito parecidos com os da demência senil. É importante conhecer os estágios de evolução do quadro, visto que com o passar do tempo os sinais vão se modificando.

Entender que a doença vai muito além de um problema de lapsos de memória é de suma importância para termos um diagnóstico precoce e um plano de cuidado mais humanizado. Esse plano de cuidados deve ser integral, multidisciplinar e contemplar paciente e cuidador.

O Mal de Alzheimer

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva e irreversível que afeta o cérebro, causando a deterioração gradual das funções cognitivas, memória e habilidades de pensamento. Deve ser diagnosticada pelo psiquiatra geriatra ou neurologista.

Alzheimer, estratégias para um cuidado humanizado.

Fique atento aos sintomas

O sintoma mais comum em quem está sendo acometido pelo Mal de Alzheimer é a perda de memória recente. Contudo, com a progressão da doença outros sinais e sintomas podem ficar evidentes, como: perda de memória de fatos mais antigos, repetição de perguntas, dificuldade em resolver problemas, desorientação no tempo e espaço, dificuldade em realizar tarefas do cotidiano, problema em entender estímulos visuais e auditivos e irritabilidade. Portanto, o diagnóstico precoce, um tratamento humanizado e uma equipe capacitada são condições essenciais para gerenciar melhor o tratamento, possibilitando o alívio dos sintomas e o avanço da doença.

Os estágios da doença

A Doença de Alzheimer costuma evoluir para vários estágios de forma gradativa. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, o quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:

– Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;

– Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia;

– Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;

– Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor ao engolir. Infecções intercorrentes.

Todavia é importante observar que a progressão da doença pode variar de pessoa para pessoa, e nem todos os sintomas podem estar presentes em todos os estágios da doença.

A jornada familiar e seus conflitos

A dinâmica familiar fica profundamente afetada quando um membro assume o papel de cuidador de um doente crônico. O cuidador pode enfrentar uma série de desafios, incluindo o ajuste de suas próprias necessidades para atender às demandas do paciente. Desta forma, o familiar que está no papel de cuidador passa a lidar com sentimentos de estresse, sobrecarga física, mental e humor deprimido. Contudo, é preciso desenvolver estratégias de enfrentamento que reduzam os riscos desses sinais. Além disso, a falta de preparação ou predisposição ao papel de cuidador pode agravar esses desafios.

Para evitar maiores conflitos é crucial que as famílias reconheçam e abordem esses desafios de forma aberta e compassiva. Isso pode envolver uma busca por apoio externo, como serviços de assistência social, grupos de apoio a cuidadores e serviços de home care.

A importância do cuidado integral em domicílio

A perda progressiva de memória e a deterioração das funções cognitivas não apenas afetam o paciente, mas também têm um impacto profundo na sua rede de apoio familiar e social.

Testemunhar o declínio de alguém que amamos e cuidamos e conviver com a angústia e o medo de esquecer ou ser esquecido pode ser igualmente doloroso e desafiador. Desta forma nos sentimos impotentes diante da progressão da doença e da perda da conexão com nosso ente querido. Ter a oportunidade de cuidar do paciente em casa é benéfico, pois tanto o paciente acometido pelo Alzheimer, quanto o cuidador têm a possibilidade de se manterem num ambiente familiar, onde já tem suas rotinas e dinâmicas pré-estabelecidas.

O amor vence barreiras

Minha avó vivenciou todas as fases da doença. Ter vivido essa experiência foi algo singular e transformador. Contudo, é necessário uma visão integral voltada para o cuidador, que passa por todas essas lutas junto com o paciente. Para tanto, é importante ter uma rede de apoio e contar com uma equipe multidisciplinar e um plano de cuidados domiciliares. Embora o Alzheimer possa roubar memórias e capacidades cognitivas, o amor e o carinho compartilhados ao longo da vida geralmente permanecem. Portanto, encontrar maneiras de se conectar emocionalmente, mesmo quando as memórias estão se desvanecendo, pode ser uma fonte de consolo e apoio para todos os envolvidos.

Emília Villar

Palavras chave: Alzheimer, Cuidador, Memória

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3 comentários em “Alzheimer”

  1. Amei a delicadeza de como você abordou sobre os principais pontos a respeito do Alzheimer, e digo mais, é necessário que a família compreenda que o cuidador também necessita de um descanso, de uma rotatividade, pois sempre está aparecendo algo novo e bom humor é primordial. Principalmente quando os adoecidos não aceitam o diagnóstico e rejeitam os tratamentos para a doença progredir num curso mais lento.

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