História
Conhecer a história da nossa civilização é o primeiro passo para tentar entender a violência. Pensando a partir da teoria evolucionista, podemos analisar o primórdio do homem como um ser muito próximo a qualquer outro animal selvagem, certo? Disputa pelo alimento, pelo território, pela sobrevivência. Ou seja, barbárie.
O jurista e antropólogo J. J. Bachofen é precursor das teorias sobre o matriarcado. Segundo ele, a maternidade seria a fonte das culturas, ou melhor, o que teria possibilitado a eliminação do barbarismo e, portanto, a criação das sociedades. Desse ponto de vista, evidenciamos um perfil mais benevolente da mulher em relação ao homem?
Bom, estudos mostram que as primeiras sociedades não eram nem matriarcais nem patriarcais, mas apresentavam tendências que ora tangenciavam os primeiros ora, os últimos. E que, apesar das mulheres terem sido mais dominantes e terem tido mais influência na esfera econômica nas sociedades de horticultura, elas acabavam caminhando em direção ao assentamento residencial e à agricultura de arado, que eram dominados pelos homens. Seria uma dificuldade das mulheres se adaptar a sistemas competitivos, exploradores e técnico-econômicos, típicos das sociedades “patrilineares”? Talvez.
Propriedade e domínio
O filósofo, sociólogo e antropólogo, Friedrich Engels, teoriza que à medida que se institui a propriedade privada e a ideia de garantia de repasse aos herdeiros, institui-se também o casamento monogâmico, assim como, segundo o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o tabu do incesto. Dessa forma, inicia-se o controle da sexualidade feminina. Assim, inicia-se a submissão e a passividade feminina?
Trecho extraído da obra de Gerda Lerner, A Criação do Patriarcado:
“A primeira oposição de classes a aparecer na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher em casamento monogâmico, e a primeira opressão de classes coincide com a do sexo feminino pelo sexo masculino.”
Demonstrar domínio sobre alguém: seria essa a tradução para qualquer tipo de violência praticada? Teria sido a redução do papel da mulher, dentro de uma sociedade, à maternidade a forma primeva de violência? Justamente ao papel que seria aquele o mais digno e essencial para a criação de uma sociedade?
Mas, então, como se mantém uma civilização onde todos querem dominar alguém? Ter mais que alguém, ser mais que alguém. Trata-se de uma sociedade sustentável ou de uma pirâmide? Será que é nesse ponto que ela se fragmenta?
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