Valentine’s!
Para quem está disperso ou desolado, perdendo a decoração romântica das vitrines das lojas, enfatizemos que em menos de uma semana ocorrerá o tão celebrado Dia dos Namorados. Por todos os lugares, não importa se será uma odiada ou descansada segunda-feira, estarão todos organizando jantares ou fazendo reservas. E quem não fizer com antecedência, terá que comemorar em casa mesmo. Quem sabe com um jantar à luz de velas?
Esse é o famoso dia, comemorado em todos os países do mundo. Mesmo em datas diferentes, dele ninguém esquece. Nem mesmo quem está sozinho! Em casa, luzes baixas, uma taça de vinho na mão, assistindo ‘O Diário de Bridget Jones’ pela centésima vez, talvez? Ou comemorando em uma festa para solteiros em pleno Dia dos Namorados? Bom, os estilos são diversos. Escolha o seu!
As fases do amor
Mas quem já se relacionou sabe bem como funcionam as fases do amor, certo? No início, tudo é borboletas no estômago. A euforia corre solta. São muitos os pequenos estados de excitação e pânico. Eles vão se intercalando: ora ficamos empolgados, ora apavorados. Criamos expectativas e percebemos a possibilidade delas não se cumprirem. Tudo é muito incerto, pois não conhecemos suficientemente o outro para já existir uma relação de confiança. Até lá, haja adrenalina!
Essa é a paixão. Nessa fase, estamos normalmente bem atentos aos nossos erros e pouco atentos aos erros do outro. Cobramos de nós mesmos os melhores modos, o melhor discurso, as melhores roupas, o melhor asseio, enfim, a melhor aparência. Por outro lado, relevamos as gafes, o pouco cuidado e, muitas vezes, até o desinteresse do outro. Para muitos, trata-se de “tudo ou nada”. Para poucos, trata-se de fazer uma escolha sensata. Mas, no frigir dos ovos, estamos todos no mesmo barco de emoções.
É bem verdade que alguns relacionamentos podem estar repletos de adrenalina mesmo depois de algum tempo. Mas não se engane. Isso pode significar, sim, que no relacionamento ainda há muitas boas surpresas. Se não, serão as más surpresas que aparecerão. As boas surpresas são aquelas que seu parceiro proporciona com prazer e que igualmente lhe dá prazer. Já as más surpresas são situações em que o seu companheiro lhe coloca devido a um erro de cálculo, ou melhor dizendo, devido a uma falha de comunicação.
Meio cheio ou meio vazio?
As pessoas costumam colocar o amor como um sentimento que amadureceu. E alguns realmente levam bastante tempo para dizer “eu te amo”! Mas o fato é que no amor parece haver uma entrega maior. Uma espécie de relaxamento. É até comum que as pessoas engordem quando passam a morar juntas! Mas será que é porque um adquiriu o hábito do outro ou porque não se vê mais sentido em segurar suas ânsias? Afinal, ainda estaremos falando de amor?
Por mais que se envolver com alguém implique em preencher vazios, o amor deve completar todos os vazios? Com o amor, curam-se todas as feridas? E se o amor não curar, pode apenas fingir que curou? Pois é, muitos relacionamentos funcionarão assim, como um paliativo. Ou como um medicamento de uso controlado: sem ele, você estará perdido! Não que não possa funcionar assim. Será eterno enquanto durar. Mas a que preço?
Caiu de maduro!
E por falar em preço, qual é o preço do amadurecimento? O encolhimento da paixão? Apesar do amor ser maduro, se a paixão não estiver minimamente presente, teremos um casal de amigos, certo? Mas, afinal, por que a paixão é diminuída ao longo dos anos? É uma condição para que se amadureça ou é uma consequência da intimidade?
Já anuncia o dito popular “a intimidade é uma merda”. Todos nós temos fantasias sobre as pessoas das quais nos aproximamos. Temos expectativas. Queremos que sejam boas, educadas, inteligentes, com uma beleza apreciável e que não façam coisas consideradas “nojentas”. Mas, na intimidade, expõe-se a realidade nua e crua: nós acordamos inchados, temos estrias, espinhas, geramos gases e resíduos, rangemos os dentes, roncamos e nos descontrolamos.
Cada vez que esses “defeitos” vão se revelando, vamos somando as decepções. Claro que as decepções têm gravidades diferentes dependendo do nível de fantasia em que o sujeito se encontra e obviamente do nível de descontrole em que está o outro indivíduo. Mas o fato é que todos passamos por essa fase dentro de um relacionamento. Se as coisas positivas construídas estiverem em maior número que os defeitos, o amor sobrevive e maior será a probabilidade de que lhe restem vestígios de paixão. Se não, o amor se dissolve e a paixão pode dissolver junto, dando origem a uma relação em que se crê que todas as feridas podem ser curadas, por exemplo, ou até mesmo se transformar em um objeto de compulsão.
Então, retornamos à pergunta: o amor preenche todos os vazios?
Se você está procurando uma companheira para preencher todos os seus vazios, esqueça! Não, o amor não cura todas as feridas e nem completa todos os espaços. O amor bem como a paixão preenchem lacunas: são formas de entretenimentos. Mas, se existem feridas – e sempre há, mais ou menos fechadas -, elas estarão lá assim que o efeito da adrenalina passar, assim que a amada sair para trabalhar ou quando os planos entre vocês se esgotarem. No entanto, trago-lhe uma ponta de esperança: o amor pode, sim, transformar. Transformar você. A ponto de você perceber que nem todos os vazios precisam ser preenchidos.