O desejo de férias é sempre movido por alguma demanda: crise, cansaço, vaidade, responsabilidades e por aí vai. Além, claro, da necessidade oculta de se livrar daquilo que é conhecido inconscientemente por sacrifício. Pelo menos, para aqueles que não encontram prazer em seu ofício.
Para quem não sabe, “A palavra trabalho vem do latim tripalium, termo utilizado para designar instrumento de tortura”. Apesar de, hoje, ser uma condição necessária para a liberdade dos indivíduos dentro das sociedades, “Em alguns momentos representa castigo divino, punição, fardo, incômodo, carga, algo esgotante para quem o realiza”. Para saber mais, leia O significado do trabalho em tempos de reestruturação produtiva.
O encontro com o prazer não tem a ver apenas com identificação e remuneração, mas com o que aquele ofício lhe proporciona fora do seu habitat. O que vai variar com as prioridades de cada indivíduo.
Em uma era tão digital e capitalista, a produtividade e a redução de custos são prioridades para o empregador. Mas será que também são para o empregado? Quanto isso custa ao colaborador? Tempo com a família? Tempo de lazer? Princípios? Liberdade? O trabalho, então, acaba gerando uma contradição: a liberdade que barra a liberdade.
O resultado disso é: aumento no número de pessoas afastadas de seus empregos por problemas de saúde mental e crescente de pessoas migrando da carteira assinada para o trabalho autônomo. O que gera sérias consequências para um país e seu sistema previdenciário.
Mas isso é assunto para um outro texto. Agora, a minha prioridade é retornar ao desfrute da sombra e água fresca que esses dias de férias têm me proporcionado. Aproveite para ler também Descanso: artigo de luxo? e até semana que vem!