A gente pode passar uma vida inteira à procura.
Na coluna de ponta-cabeça desta segunda-feira estou publicando um belo texto para reflexão sobre autoconhecimento de autoria da mais nova colaboradora deste blog, minha filha mais nova Déborah Braga, intitulado: à procura. Leia o artigo e depois tire suas conclusões!
A gente pode passar uma vida inteira à procura. À procura do emprego dos sonhos, à procura da independência financeira, à procura de parceiros fiéis, de amigos legais, à procura do corpo ideal, do rosto ideal, da cidade ideal, da casa dos sonhos, do carro dos sonhos, à procura da felicidade. Algumas pessoas sabem exatamente o que procuram, outras acham que sabem e há até quem não faça ideia do que procura. Alguns focam em um alvo, outros atiram para todos os lados. As nossas escolhas estão divididas entre o que parece ser adequado ou viável e o que a gente realmente quer.
O primeiro é ditado pela sociedade, são os exemplos mais comuns apresentados a nós desde o nascimento. Já o que a gente quer realmente é uma incógnita, visto que não se encontra na natureza, mas apenas dentro da gente. Olhar para dentro requer um esforço enorme, tendo em vista as probabilidades. Porque entre fato e imprevisibilidade, convenhamos, fato é muito mais amigável. O fato é que uma vida à procura pode ser extremamente exaustiva, se você está sempre procurando nos lugares errados. Exaustiva a tal ponto que alguns desistem no meio do caminho e outros vivem a vida acreditando serem mártires. A história de Jesus Cristo de Nazaré pode ter tido uma repercussão incrível sobre a humanidade, não acha? O sentimento de que o sofrimento deve fazer parte da sua história para que você possa alcançar a bondade, a decência, a soberania ou a sapiência inunda o inconsciente coletivo.
Alguns artigos mencionam que precisamos de 21, outros, de 66 dias repetindo um novo hábito para sair do hábito antigo. Não importa quantos dias precisemos, o importante apenas é perceber que se a troca de hábito demandar algo superior ou igual a 1 segundo, isso já representa um esforço maior do que permanecer em um outro hábito, que, por sua vez, não demanda absolutamente nada, considerando que o sofrimento, uma vez classificado como hábito, é repetido automaticamente. Por isso que mesmo as pessoas conscientes das suas atitudes mártires permanecem no martírio.
Felizmente, a procura, mesmo quando se atira para vários lados, pode se transformar em uma jornada mágica. Porque olhar para dentro e não entender o que está lá pode significar que você está aberto a mais de uma opção. E isso não é pecado. Não no mundo das infinitas possibilidades. Assim como dois dados jogados em um tabuleiro podem ter diferentes combinações, você também pode se combinar a diferentes escolhas ou destinos.
O importante é que as opções lhe agradem e que a caminhada seja proveitosa, porque, se avaliarmos detalhadamente, perceberemos que os alvos que definimos são apenas atalhos para a nossa verdadeira ambição, que é gozar a estrada. E é por isso que os pequenos eventos, como um churrasco com os amigos, um cinema com o namorado, um cover do seu artista preferido, uma pelada depois do expediente, uma cervejinha na praia, são tão primordiais. Essa é a estrada. Esse é o presente. E o presente é a única certeza. A certeza de que a procura permaneça.