Sou Mulher
Sinto-me privilegiada por ter nascido mulher, ter meu corpo feminino, minha voz, minha sensibilidade apurada, apesar de tantos obstáculos e da luta diária que travamos por nossos direitos, por respeito e principalmente, pela vida.
No início do mês (do nosso mês), foi noticiado que uma brasileira foi vítima de estupro coletivo na Índia, um país que ainda mantém uma cultura de desvalorização da mulher, a exemplo de outros, na Ásia.
Nas viagens que faço, é comum me deparar com a discrepância entre os sexos em pessoas oriundas desses países. Por exemplo, nos cruzeiros pelo Caribe, em pleno verão, onde as temperaturas ultrapassam os 35 graus Celsius, os homens andam de camiseta, bermuda e chinelos e as pobres mulheres com sáris enormes (aqueles vestidos longos, cheios de tecido quente, e a depender do modelo, cobrem também a cabeça) suando, correndo atrás das crianças.
Sem falar nos países em que as mulheres usam a burca, aquela vestimenta que deixa somente os olhos de fora. Uma mulher vivendo em condições de medo e cerceamento, com certeza, não é feliz.
No Brasil, a violência e o feminicídio bate recordes. Hoje mesmo, enquanto escrevia, durante uma pausa que fiz para tomar água, abri as redes sociais e li a seguinte manchete da CNN: jovem esfaqueada à beira de rodovia em Minas Gerais morreu ao fugir de cárcere privado.
Meus leitores, está muito perigoso ser mulher nos dias de hoje.
Dia Internacional da Mulher
O dia é internacional da mulher, mas temos mesmo o que comemorar? É inadmissível em pleno século XXI e na era da informação e tecnologia em que estamos nos depararmos com situações sociais perigosas e humilhantes para nós, mulheres.
Quis trazer um texto aprazível, em homenagem ao nosso dia. Até coloquei a música de Erasmo Carlos “Mulher, mulher, a forma em que você foi gerada, jamais tirei um dez, sou forte, mas não chego aos seus pés” para entrar no clima, mas não dá para colorir tudo de rosa. Parece que as cores estão mudando e vemos com mais frequência o roxo dos hematomas e a cor da morte dos cadáveres femininos.
O que é ser mulher?
Crescemos tidas como o sexo frágil, mas na verdade, somos as maiores fortalezas para aqueles que nos rodeiam. Não, não estou falando de trabalho braçal, pois para isso, criaram as máquinas. Estou falando daquelas grandes batalhas internas que destroçam qualquer ser humano.
Os homens têm demonstrado uma fraqueza assustadora. Não conseguem resolver os próprios conflitos e os trazem para dentro do lar, que deveria ser um refúgio para tudo de ruim que acontece lá fora. E o papel de apaziguadora, pacificadora, recai para nós, mulheres, seja através da maternidade ou do matrimônio. Muitas vezes, servindo de saco de pancadas para as frustrações dos outros.
Não estou querendo demonizar a figura masculina, mas nossos agressores são os homens. Isso é fato. Mas aí vem um grande questionamento: Quem educa esses homens? São as mães, as avós, as tias, as babás, em síntese, a mulher. Talvez seja o momento de rever que educação e ensinamentos estamos passando para a próxima geração.
O dia 08 de Março
O dia 08 de março foi criado oficialmente pela ONU, em 1975, para celebrar a luta pelos direitos das mulheres. Isso depois de várias manifestações mundiais que vinham ocorrendo na América e Europa. Nos anos anteriores, as mobilizações ocorriam sobre a igualdade salarial e redução de jornadas trabalhistas. Hoje, com aumento da violência contra a mulher, estamos pedindo paz, em primeiro lugar.
Mulheres que inspiram
Já vencemos muitos obstáculos, isso é notório e sem querer, estamos perdendo um pouco de nossa essência para mimetizar o ser masculino e assim, conquistar mais respeito.
Li uma frase que dizia assim “Ela não sonha com um príncipe encantado. A donzela da atualidade está se tornando o homem de seus sonhos” e achei extremamente desagradável. Eu não quero ser o homem dos meus sonhos. Eu quero ser mulher bem feminina e que esse “homem dos sonhos,” ou algo assim, esteja ao meu lado para somar, crescermos juntos.
Creio que precisamos manter nossa essência onde quer que estejamos.
Vamos olhar para mulheres como Marie Curie, a cientista premiada, que fez importantes descobertas para a medicina, Bertha Von Suttner, que ganhou o prêmio Nobel da Paz por expor a violência das guerras, Rosa Parks, que foi um ícone contra a segregação racial americana…
Bem perto de nós, temos nossa potiguar Alzira Soriano, protagonista da política, dentre tantas outras mulheres maravilhosas que deixaram sua marca e deixam por onde atuam. Estas, não precisaram perder a feminilidade para se posicionar como mulher e conquistadoras/defensoras de direitos.
Recentemente, conheci uma mulher notável, a Capitã Kate, que comanda o navio Beyond da companhia Celebrity. Muito simpática e com um aperto de mão firme. Lá está ela, comandando um navio enorme com uma tripulação de quase 3 mil pessoas, além dos hóspedes, num mercado predominantemente masculino. Ver uma mulher adentrado num espaço que “não lhe cabia” e exercendo a função com maestria, me deixou muito feliz.
Na verdade, há espaços para todos, em todas as áreas. Não queremos disputar queda de braço com ninguém, apenas ter nosso lugar ao sol.
Nascemos empoderadas!
Como mulheres, nascemos com a missão mais importante da terra, a maternidade. Somos nós que carregamos a vida por meses, parimos, amamentamos, acalentamos e criamos. Eu não vejo função mais nobre e importante no universo.
O empoderamento feminino que a mídia fala vem se confundindo com invasão e inversão de papeis. Essa individualidade que pregam é cansativa e sobrecarrega nossa vida. Não temos que fazer tudo sozinhas. Vivemos em sociedade e como tal, precisamos conviver com racionalidade.
Há particularidades inerentes às mulheres, da mesma forma que há atividades próprias aos homens, até pelas diferenças físicas que possuímos. Ser racional é reconhecer isso no dia a dia.
De qualquer forma, parabéns para nós, mulheres!
Todos os dias são nossos, pois fazemos acontecer. Somos nós que transformamos uma casa num lar, sabemos extrair o que há de melhor na alma humana e somos maternais por natureza. Com nossa essência, deixamos a vida mais bela.
Vivem falando que o mundo ainda será feminino. Bem, que seja um mundo bem mais delicado, pacífico, com jeito de mãe, cheio de amor e cuidado e mais acolhedor como nosso abraço. Que tenha mesmo a nossa cara e jeito de mulher!
Feliz Dia Internacional da Mulher!
Parabéns para todas nós, mulheres!
Parabéns para nós, minha irmã querida!
Boa tarde. Fui lendo, e era impossível, não reviver, algo que me marcou muito no passado, e não consigo esquecer. Parabéns, Veridiana, mais uma vez, vc se superou.
Muito obrigada, minha querida. Em Lajes, vamos tomar nosso café e conversar. Gosto de ouvir as pessoas. Não sei se muda, mas ajuda muito. Você não está sozinha! Um abraço de conforto e um beijo em seu coração.
Maravilhoso! Texto belíssimo, cheio de representatividade e voz. Voz essa que nós mulheres corremos atrás que seja ouvida!
Você não sabe a alegria que sinto em ler lida pela juventude! Você, que vi crescer e hoje é uma jovem e sábia mulher. Precisamos unir nossas vozes e tentar mudar essa realidade. Um grande beijo da tia Vell!
Parabéns adorei e fica como reflexão que nós somos mãe, tia, madrinha, avó desses meninos-machões onde será que podemos melhorar?
Exatamente, minha querida. Onde estamos pecando? Amamos nossos filhos, sobrinhos, parentes masculinos em geral e nos entristece saber que eles podem ser possíveis agressores, mesmo sendo criados com tanto amor. Vamos tentar mudar algo e assim, mudamos nosso derredor, nossa cidade e quem sabe, o mundo. Um grande beijo!
Excelente texto, redondo e cheio de VERDADES; Infelizmente o Machismo reina em Vários Países do Planeta. Em nosso País principalmente. Os Homens sem às Mulheres, ficam perdidos, no mato sem Cachorro; Sem horizonte.
Muito obrigada, grande poeta e escritor e meu amigo pessoal, Aldo! sua alma é muito sensível e agradeço por sua leitura e comentários. Obrigada por repassar o texto para nossa classe de professores e artistas. Um grande abraço!
Ainda é preciso avançarmos muito enqto sociedade. Não dá para romantizar a situação que ainda persiste nos dias de hoje. Se aqui muitas vezes andamos com medo, imagina nesses outros países.
Avante!
Isso mesmo, Gabi. Há muito a ser feito. Vamos nos unindo e mudando! Beijocas!!!