Música

Qual a trilha sonora de sua vida?

Nem sei se chamarei esse texto de crônica, mas sei que vou falar de algo que todo mundo gosta e que faz parte de nossas vidas desde sempre, a música.

Não se preocupem, pois não vou falar se estilo A é melhor que B, pois a música, para mim, vai além de molduras. Sua verdadeira importância se dá pelo que ela representa em nossas vidas, seja uma memória, uma viagem no tempo, um evento importante. Leiam e vejam se concordam!

Quando nascemos, temos as músicas de ninar que nos acalentavam até o soninho. Hoje, acompanhando o crescimento de meus sobrinhos, vejo quem domina essa parada é a Galinha Pintadinha e o Mundo Bita, não é mais a cantoria ao vivo dos familiares.

Quando criança, como não lembrar daquelas cantigas que nos faziam felizes: (senhora dona Cândida, o homem bateu em minha porta, etc.) São músicas, que por mais insignificantes que pareçam, nos trazem fortes recordações. Assim como as músicas-tema dos desenhos animados (Cavalo de Fogo, os clássicos da Disney, Ursinhos Carinhosos e tantos outros).

Outro dia achei um perfil nostálgico no Instagram com alguns dos grandes sucessos e, eu sabia a letra de todos. A música tem esse poder de “fixação” em nosso cérebro. Por tal razão, muitos cursinhos preparatórios a utilizam para fixar alguns assuntos na mente dos alunos.

Gênero musical vem de berço?

Meus pais sempre adoraram música, no gênero que gostavam: papai, apreciava o que chamamos de “brega.” Nomes como Noite Ilustrada, Waldick Soriano, Nelson Gonçalves, Silvinho, sempre eram ouvidos em nosso lar. Já mamãe, era do estilo romântico, Roberto Carlos e Julio Iglesias, principalmente e o “pop” de sua época, com aqueles conjuntos musicais: “Os Fevers, Os Incríveis, “Renato e Seus Blue Caps,” a turma da Jovem Guarda, que também aprendi a gostar. Sei as músicas de cor.

Um fato curioso sobre isso: Lembro que quando eu trabalhava no hospital em Lajes, um amigo taxista veio me pedir para escrever uma carta romântica para a pessoa que ele estava interessado. Pois bem, eu também querendo me divertir com aquela situação inusitada, comecei a escrever uma carta com pedaços de músicas bregas. Vocês imaginem como ficou essa missiva! Toda semana ele me trazia a “carta-resposta” e pedia para eu escrever outra. Eu ficava mordendo minhas mãos, para não desabar na risada, mas fato é que funcionou. O casal vingou, até que a morte os separou, literalmente. Ele já descansa com o Senhor.

Meus vizinhos em Lajes (alguns já se foram), sempre tiveram o hábito de colocar a música em mais alto volume e isso me deixava louca com tanto mau gosto. Nunca vi tanta música “curiosa”, mas nada comparada ao que se ouve hoje, pelo amor de Deus. Há músicas que são mesmo desagradáveis, como aquelas baixarias que narram uma relação sexual de forma grotesca. Nem sei se devo chamar isso de música.

A adolescência musical

Bem, pessoalmente, tive um clique em meus gostos musicais durante adolescência. Naquela fase de “rebelde sem causa” ouvia Rap com minha irmã e minha prima. Sim, ouvíamos e dançávamos parecendo umas baratas que tinham acabado de levar uma borrifada de Baygon, mas passou.

A minha cantora preferida era Joanna e eu até a dublei na escola, mas gostávamos mesmo de ouvir nossos nordestinos com suas letras reflexivas (Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e nossa diva-mor, Elba Ramalho. Gonzaguinha, Gal, Caetano, Maria Bethania e Gil também faziam parte do repertório).

Lembro também que, durante a adolescência, todo mundo tinha que gostar de Legião Urbana. Parece que gerava um certo “respeito” dizer que gostava deles. Então, algumas músicas eu até apreciava, mas para dar uma de “do contra”, dizia que não. Sim, essa era eu, adolescente.

Então, eram os anos 90. Aquelas músicas “dance” estouraram: Corona (até hoje quando escuto, parece que o esqueleto obedece a um comando mental, pois começa a se mexer involuntariamente), Double You, Eurythimics, Red Velvet “Oh lady don’t cry”, dentre outros sucessos tidos como “Eurodance.” Sem falar nas trilhas sonoras dos filmes e das novelas. Naquela época, não existiam redes sociais e quem comandava o show era mesmo a turma do plim-plim.

Já mais adulta, meus términos eram embalados por “Trocando em miúdos ” (na voz de Emílio Santiago e Alcione) e “Atrás da Porta” de Elis Regina, em que eu chorava junto com ela, que cantou com a alma sangrando, dizem, ainda com dor de cotovelo por causa de Bôscoli.

A música tem um poder que desconhecemos. Elas marcam épocas, momentos, gerações.

Quem não lembra da música que tocava quando nosso querido Ayrton Senna vencia a corrida de Fórmula 1? Acredito que quem o acompanhava, quando ainda ouve aquele som (deixo o link) sente uma nostalgia boa, de um tempo em que um brasileiro trazia tantas alegrias para nosso povo. Semelhante também eram as músicas da Copa do Mundo, na ocasião em que um país inteiro se unia em torcida!

Assim como no Brasil, aqui nos EUA também acontece o mesmo. Uma das “música-hino” é “Don’t Stop, Believing’” da banda Journey. Eu AMO, até porque sou apaixonada por Steve Perry, o ex-vocalista.

Essa semana, falava com meu amigo cronista e radialista de Teresina, Chagas Botelho, sobre o documentário que a Netflix lançou sobre a música “We are the world” onde renomados artistas se reuniram para arrecadar fundos e ajudar a combater a fome na África. Foi uma música produzida com um propósito muito nobre e que deu certo, naquele momento difícil. Outros grandes concertos beneficentes aconteceram ao longo das décadas, com a música como produto principal, pois ela tem uma linguagem universal, que toca qualquer pessoa.

Músicas temáticas

Não sei vocês, mas há músicas que fazem chorar. Geralmente, aquelas católicas que se costuma cantar durante as cerimônias de despedidas finais, tal qual “Ninguém te ama como eu.” Tocam no fundo da alma e abrem a represa de lágrimas. Outro exemplo, é a música composta por Elton John, durante o funeral da Princesa Diana. Não tem como não ouvir “Candle In The Wind” e não lembrar daquele fatídico dia.

Os louvores, as músicas sacras, que enchem nosso coração de ternura, a marcha nupcial e os cânticos religiosos também detêm esse poder que não sei descrever com palavras: o de mexer com seu psicológico, com seus sentimentos, de enaltecer e entristecer o coração. Isso é a música, que dizem, ter sido inventada pelo deus Apolo, mas creio que é uma das muitas linguagens que o próprio Deus usa para falar conosco.

A música nos faz viajar

Quando vou visitar um país, cujo grande peso cultural é a música, procuro ouvir algo que me remeta àquele lugar, para que eu “entre em sintonia” antes. Podem achar loucura, mas comigo, funciona. Deve ser por isso que me adaptei rapidamente aos EUA, pois sempre ouvi muito a música americana.

Pois bem, no verão do ano passado, passamos um mês inteiro na Europa, tendo permanecido mais tempo numa pequena cidade italiana chamada Civitavecchia. Como em toda antiga cidade da Itália, havia muitos prédios com janelas antigas, as “finestras,” como eles chamam.

Uma música que ficou em minha mente e em meu coração foi “Marechiare” (composta em 1886), que diz que “quando nasce a lua no mar calmo, também os peixes fazem amor… Tem uma janela e a paixão está lá”.  Quando Carreras canta o refrão, parece que está tendo um ápice durante um colóquio amoroso. Sempre que a ouço, imediatamente, minha mente me transporta para aquele lugar, como num passe de mágica.

Do flamenco para a valsa.

Em Barcelona, a primeira coisa que vimos ao chegar, foi um conjunto de músicos tocando e dançando flamenco, a dança local, que mexe até com sua alma. Postei em minhas redes sociais dizendo que com essa recepção nem precisava dizer onde estava, porque a música fala por si e faz parte da característica de um povo.

Em Viena, as músicas clássicas ditavam o ritmo e o glamour da cidade. Afinal, alguns dos grandes compositores mundiais (Mozart, Schubert, Strauss, Brahms, Fahrbach e tantos outros), vieram da terra da valsa. Em Budapeste, da mesma forma. Quem já não ouviu falar da valsa “Danúbio Azul”?

Creio que quando os turistas chegam ao Brasil, esperam ouvir aquele samba bem feito, que tocava nos bares do Rio de Janeiro, antigamente.  Não há como não se falar em cultura sem passar pela música. Como é um tema muito longo, eu escreveria um verdadeiro tratado sobre isso, mas vou finalizar.

A conexão pela música

Longe de casa, a música é uma maneira de me conectar com meu país. Não sei se vocês já viram a apresentação dos Três Tenores cantando Aquarela do Brasil, uma de nossas mais lindas músicas, composta por Ary Barroso. Bem, quando estou com muita saudade de minha pátria, a coloco no maior volume nos fones de ouvido e, imediatamente, meu corpo reage, arrepiando todos os pelos dos meus braços.

Enfim, meus amigos, o que quero dizer é que a música tem um poder de curar e adoecer um coração. Eu consigo mudar meu humor através dela e desafio vocês a fazer o mesmo.

Tenho várias playlists: para escrever, para dançar, para sambar (gosto de Belo), a gospel, a de momentos românticos, só violão, só clássica e da era de ouro da música que traz o jazz e outros gêneros, bem como esses cantores atuais. Sou eclética e acredito que para cada ocasião há uma música especial.

Agora me fale sobre alguma música que lhe tocou, de alguma forma, e o motivo dela ser especial para você:

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12 comentários em “Música”

  1. Bom dia. A música, realmente mexe com a nossa mente, sou das antigas, gosto de brega, MPB, flash back, mesmo sem entender a letra, depende da ocasião, de como está meu dia, a música me faz viajar no tempo.

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  2. Mais uma vez vc foi perfeita na sua crônica. “que a música tem um poder de curar e adoecer um coração. Eu consigo mudar meu humor através dela” isso resume tudo, esse é o poder mágico da música.
    Parabéns!!!

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  3. Belo texto, como sempre. Tenho uma saudade dos meus tempos de adolescência e o vinil a tocar de Zé Ramalho à Reginaldo Rossi, passando por Beethoven. E viva a música!

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  4. “A vida sem música seria um erro”, diria Nietzsche. Para cada momento da vida eu tenho minha trilha sonora particular. Obrigado pela deferência. Texto primoroso, minha cara cronista.

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  5. Essa crônica me trouxe uma nostalgia maravilhosa, assim como a música que consegue fazer com que a gente vivencie o presente, volte ao passado e vislumbre o futuro!
    Perfeita!

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