Onda de separações: caráteres e personalidades

Separações e divórcios 

Ultimamente, temos recebido diversas notícias de separações de famosos bem como de casais dos nossos próprios círculos sociais. Uma onda de separações que assusta, que provoca curiosidade ou que começa a entrar para a normalidade?

No início deste ano, o IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família) apresentou dados do IBGE que registram 16,8% de aumento no número de divórcios em 2021, em relação a 2020. Segundo a publicação Brasil registra alta de 16,8 por cento no número de divórcios em 2021, revela IBGE, houve uma redução do tempo médio entre as datas do casamento e do divórcio, de 15,9 anos para 13,6 anos, entre 2010 e 2021.

Ainda de acordo com o artigo do IBDFAM, os divórcios entre casais com filhos menores de idade representam 48,5% do total. O que converge com a queda da duração dos casamentos. 

Um outro artigo foi publicado pela IBDFAM, Brasil tem queda no número de divórcios em 2022, afirmando que o volume de divórcios teria diminuído 10% em 2022 em relação a 2021 e 3,8% em relação a 2020 (primeiro ano da pandemia de covid-19). Ou seja, parece que a pandemia teria contribuído para um aumento significativo desse número, porém, saindo dela, a redução desse número em relação ao do começo da pandemia não seria tão significativo assim. Certo?

Afinal, o que acontece?

Bom, várias coisas acontecem. A primeira delas, que não é novidade alguma, é a interação entre dois indivíduos que possuem caráter e personalidade definidos. Enquanto o caráter denunciaria uma estrutura comportamental, digamos, que se apresenta nas entrelinhas dos atos e discursos, a personalidade seria representada pelo jeito de ser, os hábitos, gostos e preferências, facilmente evidenciados no cotidiano. 

Casal cisgênero sobre uma bicicleta em meio à natureza

Assim, são construídas as combinações entre caráteres e personalidades dentro da unidade “casal”. Caráteres semelhantes e personalidades diferentes normalmente exigem um investimento maior de energia por parte dos indivíduos para manter a sua unidade. E quando se exige muita energia, o desgaste é maior. Então, sentimo-nos cansados, como se os problemas estivessem sempre se repetindo.  

Nesses casos, alguns trabalhos são possíveis para se tentar reduzir o investimento de energia no casamento e para que ele se torne mais leve. Em contrapartida, isso exige um maior investimento do indivíduo sobre si mesmo e uma abertura para o novo. Pois é comum desenvolvermos uma estrutura comportamental como forma de defesa. Defesa de pessoas ou ambientes que parecem ameaçadores. Dessa forma, a ideia seria encontrar, digamos, “a verdadeira essência”. 

Outra coisa que acontece é o avanço tecnológico. Esse sai em disparada e nós, simplesmente, não conseguimos acompanhar. Tentamos! As redes sociais e as facilidades em geral nos proporcionam infinitas oportunidades de experiência. O que faz com que tenhamos mais acesso não somente a informações, mas a outras pessoas. Seja no ambiente profissional seja no pessoal. 

Probabilidades

E, sim, para compreendermos isso, é preciso “des-romantizar” um pouco o amor. Porque o “único” e o “para sempre” começam a se tornar menos prováveis em meio às infinitas oportunidades de experiência. Torna-se, então, cada vez mais provável encontrar pessoas mais compatíveis conosco em termos de caráter e de personalidade. Assim como se tornam cada vez mais prováveis as mudanças de percepção. Se o amadurecimento já era intrínseco ao passar dos anos, mudar de ideia passa a ocorrer em questão de dias. Basta ler uns artigos, fazer análise ou um curso online, descobrir um novo talento ou um novo formato de trabalho. 

Inúmeras outras questões podem estar envolvidas na separação de um casal, mas quando caráteres e personalidades se encaixam bem, os problemas pontuais que aparecem naturalmente em nossas vidas tendem a ser enfrentados também de maneira mais natural. Porque, visto que os perfis se correspondem, há chances de uma maior parceria, com trocas ou compartilhamentos mais constantes dentro da relação. 

Quanto maior o número de trocas e mais prazerosas elas forem, maiores as chances de manter a chama acesa. Afinal, vamos habituando as nossas células e pensamentos àquela pessoa e fazemos a ela uma associação de prazer ou satisfação. Processo vulgarmente conhecido por “se apegar”. Do contrário, se costumamos ficar emocionalmente distantes da pessoa “amada”, torna-se mais fácil imaginar uma vida sem ela.

Compartilhar

Deixe um comentário