Razão

Reflexão a respeito da razão da qual todos nós estamos cobertos.

E se? A coluna de ponta-cabeça desta segunda-feira convida o leitor para uma reflexão a respeito da razão da qual todos nós estamos sempre cobertos. E se não for bem assim? Boa leitura!

E se você não tiver razão? E se você estiver errado? E se tudo que você sempre defendeu não passar de pura ilusão? E se você estiver se enganando todo esse tempo? E se tudo que você sempre achou parecer fazer sentido não fizer sentido algum?

Já parou para pensar nisso? Um choque, não é mesmo?

Claro que é um choque. A gente vive um filme. Um filme bem longa metragem. Um filme de todos os gêneros juntos. Uma hora, temos momentos incríveis e parece que estamos em Nárnia, vivendo uma grande aventura. Outra hora, estamos tristes, cabisbaixos e a gente chora, chora, chora até ficar com dó de nós mesmos e a sensação é de sermos Bridget Jones.

Existem ainda os momentos em que queremos bancar o Sherlock Holmes para entender todos os mistérios que a vida pode nos fazer enfrentar. E, para encarar os obstáculos, as dificuldades, seria bom se, de repente, virássemos James Bond ou Jason Bourne, certo? Para os amantes e experimentadores de todos os tipos de sofrimento dentro de uma relação a dois, Diário de Uma Paixão, Ghost, Cidade dos Anjos ou Titanic parecem ter o cenário ideal.

Chorar na frente do espelho, procurar amigos para desabafar ou pedir conselho pro vinho tinto, ouvindo a música que nos faz lembrar aquela pessoa com a qual a gente acabou de brigar… Nada poderia ser mais clichê. Pedir conselho e não ouvir o que estão nos aconselhando, também não poderia.

O fato é que passamos uma vida inteira construindo ideias, conceitos, valores e nos enxergando defendendo essas ideias, conceitos, valores nos mais clássicos filmes das nossas vidas. Somos o protagonista da nossa história. E todo protagonista, vilão ou mocinho, está certo. É no protagonista que nos vemos. É com o protagonista que simpatizamos. É com o protagonista que temos afinidade. É o protagonista que defendemos.

Ele pode ser a assassina de Kill Bill ou o assassino de O Profissional. Ele pode ser até Javier Bardem em Onde os Fracos Não Têm Vez. Ele pode ser Malévola. Ou Dexter. Ou O Poderoso Chefão. Ele sempre vai ter uma razão para justificar o que faz. Uma razão que pode ser facilmente questionável. Mas isso não importa, é por ele que a gente se atrai.

Afinal de contas, quem nunca errou? E, assim, a gente segue justificando os nossos erros. A gente fecha os olhos para o SE e foca no que parece fazer sentido para a gente, baseando-nos nas ideias, conceitos, valores que viemos construindo ao longo do tempo. Mas e se essas ideias, conceitos, valores não passarem de um engano? Mas, então, como largar dessas ideias, conceitos, valores aos quais estivemos agarrados todo esse tempo?

De repente, ficamos sem chão. De repente, tudo está de ponta-cabeça, como em A Origem. De repente, estamos perdidos, em Uma Odisseia no Espaço, em um espaço Interestelar. De repente, ao mesmo tempo que é obvio, nada mais faz sentido.

Viver é uma coisa fantástica. E mais incrível será, se nos permitirmos nos perder, para nos acharmos novamente. Porque não há nada de loucura em perder a razão. Insano é entrar em um mesmo rio mais de uma vez. Insano é olhar e não ver. Insano é ter razão e nada a mais.

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