
Uma viagem, uma subida e uma lição para a vida:
Nesta semana, visitei pela primeira vez a Alemanha. Fomos para uma pequena cidade litorânea chamada Warnermünde, que parecia saída de um conto dos irmãos Grimm — com casinhas que pareciam feitas de biscoitos, como a de João e Maria, jardins que pareciam cenários para Chapeuzinho Vermelho e crianças por toda parte, como personagens esperando suas histórias.
Ali, naquele lugar, foi onde encontrei algo simples, mas profundamente simbólico: um farol.
O farol e a pausa no meio do caminho
No meio do caminho, havia um farol histórico na terra dos Irmãos Grimm, os contistas mais famosos do mundo, que criaram histórias como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, A Bela Adormecida, João e Maria, Rapunzel, dentre outras tão famosas que atravessaram por gerações.
No momento em que me deparei com o peculiar farol, que conta com mais de um século, eu, com minha alma aventureira, quis subir. Apenas 2 euros e uma vista para a vida inteira. Não me preocupei com quantos degraus seriam necessários.
Na empolgação, comecei a subida cheia de energia, mas no meio do percurso, havia uma pequena pausa: uma cadeira diante de uma janela, convidando o visitante a descansar e apreciar a vista. As janelas me lembraram as da torre onde Rapunzel vivia presa. Será que os irmãos se inspiraram nesse farol?
Enfim, eu não me sentei, mas parei por alguns segundos, e ali compreendi algo profundo: aquele espaço não era apenas funcional. Era simbólico. Era sobre a importância de fazer pausas ao longo da jornada.
As pausas que evitamos — e que nos salvam
Na nossa vida cotidiana, estamos constantemente subindo degraus: cumprindo tarefas, entregando projetos, assumindo papéis. E, muitas vezes, nos esquecemos de algo essencial: parar para respirar.
Vivemos na ilusão de que pausar é perder tempo, que parar é fracassar, que descansar é luxo. Dessa forma, seguimos, com o fôlego no limite, tentando manter tudo em equilíbrio, quando na verdade estamos nos consumindo por dentro.
Já estive nesse lugar. Carregava o mundo nas costas com orgulho e me cercava de pessoas que também achavam bonito viver correndo, exaustas, contando os dias em listas intermináveis.
Até que o corpo começou a dar sinais: cansaço extremo, problemas de pele, pressão alta… e, em muitos casos, doenças mais graves. A vida “ligou o farol alto”, como costumo dizer e não tivemos escolha: fomos forçados a desacelerar, algumas pessoas queridas, tiveram que parar mesmo.
Quando ser forte é aprender a parar:
O difícil é aceitar o papel de quem aguarda. De quem não pode “resolver tudo”. Quando você é a pessoa que faz acontecer e, de repente, precisa ser cuidada — isso abala.
Eu consegui sair dessa fase. Outras pessoas, infelizmente, não, pois para muitos, perder o papel de “protagonista de tudo” pode ser devastador quando você nunca aprendeu a ser apenas… alguém em pausa. E é aí que está o aprendizado mais valioso: as pausas não são fraqueza. São sabedoria.
Por que fazer pausas é essencial para a saúde mental e física;
Estamos vivendo uma epidemia silenciosa: o excesso.
Doenças oportunistas, esgotamento, ansiedade e até depressão têm origem, muitas vezes, na falta de descanso. Precisamos de pausas para: recuperar o fôlego da rotina exaustiva; cuidar dos arranhões invisíveis da alma; celebrar o quanto já caminhamos; ajustar nossa bússola interna e redefinir rotas quando necessário.
Pausar é uma forma de inteligência emocional, de produtividade com sentido e de autocuidado.
Chegar não basta. É preciso chegar bem.
Lá no alto do farol, com meu fôlego em dia, pude apreciar a vista com gratidão: o mar, as ruas charmosas, o cheiro de salsicha assada no ar (uma peculiaridade da Alemanha) e senti alegria.
Alegria por ter aprendido, com os anos, a respeitar meu ritmo e a fazer as pausas necessárias. Naquele momento, se precisasse, teria sim descansado nas cadeiras da subida. Sem culpa.
Pausar é seguir com mais consciência.
Se você está lendo isso e se reconhece nessa corrida contra o tempo, lembre-se: você tem permissão para descansar. Aliás, você precisa descansar, para que possa apreciar a vista que escolher, lá na frente, com qualidade de vida, com todos os seus sentidos aguçados para vivenciar o que conquistou, afinal, você merece!
📌 Agora é com você, qual foi sua última pausa de verdade?
Conte nos comentários ou compartilhe com alguém que também precisa ler isso.
Faz tempo, que eu não dou uma pausa, pra descansar, meu corpo é minha mente.