Sinalização

Sinalizações em todo lugar

Há dois dias cheguei em casa. Fui resolver umas coisas do cotidiano e quando voltava, passei da entrada para o acesso à minha rua. Vale salientar que a sinalização aqui é perfeita, até demais. Há muitas placas em todo lugar indicando acessos, a quilometragem que devemos dirigir, se tem praia, postos de gasolina, hotéis perto, etc.

O que aconteceu é que, como tenho costume de dirigir nesse trecho, não fico lendo as placas de sinalização.

Ocorre que, minha cidade e adjacências é um eterno canteiro de obras. Sempre estão construindo algo. Parece até que moro num imenso bosque repleto de joões-de-barro. Quisera que fossem silenciosos como as aves, mas não são. São máquinas de todos tipos e tamanhos, homens de capacetes passando apressados e falando espanhol (a língua mais comum por aqui, acreditem), carros da polícia estadual com luzes piscando, estacionados perto das construções, para garantir a segurança dos transeuntes e muitas perfuradoras, betoneiras e outras geringonças que servem para sugar a água do solo, pois precisa aterrar, já que moramos sobre um imenso pântano.

Como passamos um mês fora, dá para ver a diferença da paisagem, pois as construções se erguem rápidas.

Infelizmente, desatenta à sinalização, passei direto pela Biscayne Boulevard (o nome da rua) e só percebi um pouco mais à frente, quando vi um “clube de homens,” um ambiente antigo que também é um ponto de referência. Perto desse local havia uma churrascaria brasileira muito boa, mas destruíram e construíram um edifício no lugar. Sabendo que tinha passado a entrada, já fui me esgueirando para fazer o retorno.

Muda a paisagem urbana, muda a sinalização

Novas placas de sinalização diziam que a entrada para Sunny Isles (minha cidade) era a segunda à esquerda. Placa nova, que surgiu com esse novo condomínio, indicando que a primeira entrada seria para lá.

Contextualizando para nosso dia a dia, podemos dizer que também mudamos nossos direcionamentos com o que ocorre conosco (pessoalmente) e ao nosso derredor.

Um exemplo disso, meus amigos, é quando passamos por alguma situação difícil em nossa vida. Automaticamente, o corpo (e isso inclui a mente) armazena informações e sinaliza para nós ao detectar as mesmas situações passadas.

Ou quando a idade chega e os problemas decorrentes dela a acompanham. Por exemplo, a pressão arterial sobe com o consumo de sal, com esforço físico e a gente percebe e vai evitando se expor para não adoecer.

Não adianta a gente dizer que “ah eu sempre fiz isso” e confiar em nossa vivência, pois assim como minha pequena cidade, vamos mudando com o tempo. Portanto, é preciso estarmos atentos às nossas sinalizações pessoais.

Um exemplo bobo, mas que explica facilmente. Nesse cruzeiro, nossa última parada foi na cidade de Santa Marguerita, na Itália. Eu sai do navio com todo o gás para aproveitar tudo.

Como a maioria das cidades pequenas italianas, há morros e construções nelas. Pois bem, eu quis visitar uma villa italiana que ficava bem lá em cima do morro, mas animada, fui toda saltitante, parecendo uma cabra. A subida foi ficando íngreme. Era um aclive muito acentuado. De repente, ouvi um “creek” discreto de meu joelho. Uma dor leve, mas que incomodava apareceu. Eu pensei: “não acredito que isso está acontecendo comigo. Ainda sou jovem para adoecer dos joelhos.” Ledo engano.

Em resumo, a dor permaneceu e eu fui subindo, bem devagar. Não queria desistir. A dor, entretanto, sinalizou que algo em meu corpo está frágil e requer cuidados. Nosso corpo muda e vai mudar ainda mais com o passar do tempo. A sinalização que ele utiliza é para nos mostrar que algo está sofrendo mudanças.

Enfim, com um pouco de paciência subi até a villa e ainda bem que a vista compensou o esforço. Depois, desci lentamente, com medo de piorar.

As sinalizações

Falei de uma sinalização física e pessoal, mas elas podem ocorrer em ambientes de trabalho, por exemplo, quando a empresa começa a demitir pessoal, sinalizando que as coisas não estão bem, cabe a nós procurar outras alternativas. Nos relacionamentos amorosos, creio que são os mais fáceis de detectar os sinais de que algo não vai bem, pois tendemos a ser mais sensíveis em se tratando do amor.

As sinalizações são importantes e devemos ficar atentas a elas. Não podemos confiar sempre nos costumes. O fato de sempre fazermos algo de uma certa maneira, pode não ser mais prudente.

Pois bem, errei o caminho e voltei assim que pude, pois quando mais eu permanecesse no caminho errado, mais difícil seria de eu retornar para casa. É uma frase que tem muito significado. Errou, meus amores, conserte o quanto antes. Se ignorarmos, fica bem pior.

Por fim, comprei flores para alegrar meu lar e dirigi de volta para casa, parando em todas as sinalizações, diminuindo a velocidade (conforme as placas indicavam) e sinalizando também durante minhas manobras, como boa motorista.

Instinto é muito bom, mas nem sempre estamos com ele apurado. Meu conselho é que não ignoremos as sinalizações, seja de trânsito, seja no âmbito pessoal.

Agora me fale, você costuma seguir as sinalizações ou ir pelo instinto?

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5 comentários em “Sinalização”

  1. Muito bom!

    Por muito tempo eu sentia sinais da bactéria H. Pylori. Não sabia o que era ainda, comia e sentia algo ruim, as vezes, vomitava.

    Depois de tanto sentir “sinais” e não buscar ajuda, decidi buscar e após biópsia, resultou nessa bactéria. Hoje estou bem pós tratamento.

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  2. Interessante. Os “sinais” sempre estão presentes em nossas vidas. Não tem como escapar deles. Por vezes, insisto em seguir os instintos, uma forma de fingir que não está acontecendo. Mas, o alerta vermelho sempre cobra e por isso, hoje, me policio quando o “amarelo” acende.

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  3. Excelente metáfora, querida! Sim, as fases da vida que são como estradas, algumas bem sinalizadas outras nem tanto. E precisamos de atenção e, neste caso, também da intuição para enxergarmos o que pode nem mesmo estar lá. Já os sinais mais visíveis, penso que precisamos decodificar seus códigos que também podem ser desafiadores, já que não basta ver, é preciso saber o que fazer a partir daí. Enfim, uma metáfora repeta de caminhos alternativos. Adorei! Abraços, Helenita

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