Reconectar-se é preciso para nossa sobrevivência.
A vida e suas surpresas, boas e ruins, vem nos transformando, acrescentando e retirando um pouco de nós a cada dia. Por vezes, é necessário parar ou diminuir nossa louca roda viva para nos reconectar a nós mesmos, para evitar o risco de nos perdermos.
Com uma rotina intensa de viagens que tem sido esse ano (2024) – e não estou reclamando – essa semana acordei no hotel, em Recife e por alguns momentos, senti-me desorientada. Não sabia onde estava. Depois, “a alma foi baixando no corpo, e com ela, as memórias” e percebi onde estava e o porquê da viagem. Consegui responder a mim mesma “onde estou e para onde vou.”
Também foi aqui em Recife que consegui reconectar-me um pouco mais comigo mesma, com minha brasilidade e nordestinidade.
Tradições ajudam a reconectar-se.
Estamos no período junino e as tradições desse mês me traz boas memórias da infância. Tal sentimento foi acentuado na véspera de São João, quando saíamos para jantar e, de repente, um cheiro peculiar de madeira de catingueira queimando inundou minhas narinas (e meus cabelos).
Fiquei, como um animal, procurando de onde vinha o cheiro e vi uma fogueira no final da rua do hotel. Sorri. Agradeci a Deus por estar naquele momento, naquele lugar, vivenciando uma memória e, ao mesmo tempo, criando outras.
As tradicionais fogueiras de São João, escassas hoje em dia, me transportaram para tempos de outrora, onde toda a família se reunia ao redor dela para rir, conversar, assar milho, ser feliz.
No dia seguinte, partimos para Olinda, para “turistar.” O povo pernambucano, muito receptivo, com o sotaque musical tão nosso, nordestino, nos recebendo tão bem, mostrando sua arte, sua culinária e seu jeito de ser.
De repente, ouço o grito dos vendedores, as conversas das comerciantes das barraquinhas, o jeito delas amarrarem o cabelo, o perfil de gente que luta todo dia para vencer os gigantes desafios que surgem. Cenas que vivenciava diariamente e que me reconectaram, imediatamente, como pessoa, como brasileira.
Reconectar-se é preciso.
Vivemos uma rotina tão massacrante, cheia de compromissos, prazos, responsabilidades, que esquecemos de olhar a vida, ver as cenas comuns e suas mensagens. Enquanto esperamos algo, ou até mesmo, enquanto fazemos nossas refeições, estamos com os rostos mergulhados em aparelhos celulares. Paramos de admirar e se conectar com as pessoas através do olhar, do sorriso. Parece que estamos à toa na vida, solitários no mundo.
Observe uma parada de ônibus. Foi o que fiz enquanto atravessava a passarela do hotel para o Shopping Rio Mar, várias vezes durante minha breve estadia nessa linda cidade. Não vi nenhuma pessoa conversando com outra, enquanto esperavam o transporte. Vi um monte de pessoas solitárias, se conectado com seus aparelhos, mas sem se conectar com ninguém pessoalmente.
Reconecte-se às pessoas
A palavra conexão faz nosso cérebro pensar automaticamente em fios, internet, mas a conexão que quero chamar a atenção de vocês é aquela com você mesma, com suas memorias, com as pessoas queridas, com a natureza, com a vida.
Estar em casa, no Brasil, me fez refletir um pouco mais como escritora e como pessoa sobre a importância das conexões e do quanto precisamos delas.
Mesmo na correria da vida, passe e cumprimente o guarda, o porteiro, a senhora da venda, olhe nos olhos. Sorria. O sorriso é uma das formas mais eficazes de conectar-se, de dizer que aquela pessoa é importante, sem precisar dizer nada.
Enfim, se nos deixarmos ser atropelados pela correria da vida, vamos nos perder sem tempo para nós, para o outro e falharemos numa de nossas missões aqui na terra (amar o outro).
Reconecte-se.
Para tantos, precisamos em primeiro lugar, nos reconectar conosco para assim, nos conectarmos com os demais.
Tire tempo para você aproveitar sua companhia, seja ouvindo sua música predileta, fazendo algo que gosta ou resgatando coisas em que você se sentia você mesmo, coisas que lhe fazia feliz.
Seria andar de bicicleta, passear na zona rural, visitar os parentes, fazer algum trabalho voluntário, ir a uma cerimônia religiosa? São exemplos que trago aqui, mas cada um pode se questionar e obter as próprias respostas. Coisas assim, que parecem banais, são a base do ser que você é hoje.
Agora, me fale (se possível), o que lhe faz reconectar-se com você?
Reconectar-se é algo muito necessário!
É verdade, minha irmã. Um beijão e um cocorote de coco!
Suas crônicas são bem realistas, não toca profundamente!
Corrigindo, nos toca profundamente.
Obrigada, minha querida amiga Anara. Fico muito feliz com sua leitura e sensibilidade.
Um grande beijo.
Eu vou pro meu quarto, dependendo do momento, escuto um hino ou uma musica antiga
Oi, minha querida amiga!
É uma excelente opção para reconectar-se. A música tem esse poder sutil.
Um beijão!
Que linda e relevante crônica, querida. <3
O que eu costumo fazer para essa auto conexão é caminhar, em especial na Lagoa, um lugar inspirador.
Beijos,
Helenita
Obrigada por sua leitura, sempre tão sensível. Eu imagino que passear pela lagoa deve ser reconfortante.
um grande abraço, amada!