Encanto

Encantos fulgazes

Estamos em pleno carnaval, a época de maior encanto para nossa população brasileira. Durante breves dias, deixamos de lado nossos problemas, preocupações, rotinas estressantes e nos jogamos nos braços do encantamento dos blocos de rua, dos trios elétricos, desfiles, shows, reencontros e muita alegria.

Foi o que presenciei. Estive em minha terra natal, Lajes, na noite de sexta-feira, onde acontece a tradicional abertura do carnaval com a saída do Bloco Zé Pereira pelas ruas centenárias da cidade e, pelo fato de minhas irmãs atuarem na Secretaria de Cultura, fui ajudá-las no que podia. Até ganhei um abadá ou mortalha (para quem não sabe, é uma camiseta com o nome do evento) e fui para o centro do fuzuê.

Durante a noite, percebi o encantamento nos rostos das pessoas, como se ansiassem o ano inteiro pelo evento. Até eu me encantei com a euforia, o som da orquestra, a maneira com que as pessoas se jogavam ao ritmo das marchinhas, o riso, a dança, com a noite quente que abraçava a multidão. Foi verdadeiramente um momento de magia, algo que o carnaval proporciona.

Assim como na história de Cinderela, meu encantamento terminou pouco depois da meia-noite, quando o bloco se perdeu nos becos. Após isso, fui para casa, retirei o abadá, a maquiagem e o suor com um banho de água fria, tal qual pede o calor de Lajes. Era o fim do encanto.

Hoje, ainda é terça de carnaval, mas amanhã, quarta-feira de cinzas, o encantamento cessará para um país inteiro.

Encantos e desencantos

Da mesma forma que acontece no carnaval e na história de Cinderela, nossa vida também é feita de encantos e desencantos e, para isso, não precisamos que chegue a meia noite ou “que tudo acabe na quarta-feira.”

Por vezes, nosso desencanto vem acontecendo por anos, meses ou semanas. Pode ocorrer no relacionamento, no trabalho, num projeto pessoal que iniciamos, até mesmo no que acreditamos ser a nossa vocação, mas como precisamos de encanto para viver, fingimos não ver as cores desbotando.

Insistimos em manter um encanto que já não existe porque não suportamos a vida sem a magia. Entretanto, estar apegado a encantamentos parece que ajuda, mas é o contrário, pois não podemos viver num “carnaval” a vida inteira.

A vida e seus ciclos

A vida é feita desses ciclos: euforia, tristeza, sonho e realidade. O segredo talvez seja dançar entre esses altos e baixos sem se apegar demais a nenhum. Afinal, a vida em si, é o verdadeiro espetáculo.

É salutar aceitarmos quando o desencantamento chega e se faz necessário saber que é hora de retirar as fantasias, as plumas e paetês e encarar a vida de rosto nu.

Não podemos esquecer que a vida é mesmo cheia de encantos e desencantos, sendo que o encanto está na nossa entrega ao momento presente, à festa, à alegria passageira. O desencanto, por sua vez, reside na sabedoria de que tudo passa e justamente por isso, vale a pena aproveitar cada instante.

Aproveitem bastante o carnaval e me contem, como está sendo esses dias para vocês!

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6 comentários em “Encanto”

  1. Por aqui o encanto é ver João brincando com os primos na praia. Nada de festa e agitação, mas muita alegria e brincadeiras das crianças.

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  2. As festas populares são muito esperadas e encantadoras. São de encher os olhos de beleza e a alma de esperança. É o que representa a felicidade, momentos de encantamento que duram um instante, mas que podem se materializar em muitos outros momentos cotidianos. Tirando a fantasia… vida que segue… e que também pode ter lá seus encantos. Os desencantos fazem parte e são tão efêmeros quanto os momentos de encantamento, desde que não façamos que durem uma eternidade. Como tudo da vida, são escolhas. Suas crônicas são sempre momentos de encantamento. <3 Beijos, Helenita

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    • Obrigada, minha amiga querida e também escritora.
      A vida é assim com encantos e desencantos. Por vezes, esquecemos e queremos segurar o momento com as mãos, como se pudéssemos. Sábias palavras.
      Obrigada sempre por sua leitura e interpretação, que sempre me surpreende.
      Beijos!

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