Salva-vidas em Santorini.

Reflexões em uma Praia de Santorini:

Voltando à Grécia, paramos na famosa ilha de Santorini. O “problema” era que havia quatro navios atracados ao redor da ilha. Como a parte turística de Santorini se concentra no centro da cidade, logo imaginei as ruelas lotadas de visitantes.

Estamos no final da estação, mas lembro bem de quando viemos em julho, num outro ano qualquer, e mal podíamos trafegar pelos becos estreitos. Sim, Santorini é formada por becos pitorescos que abrigam lojas, sorveterias, restaurantes e é por eles que os turistas se espalham. Tirar uma foto “limpa”, sem dezenas de pessoas ao fundo, é quase um acontecimento.

Hoje, com receio de reviver aquela aglomeração, optamos por uma excursão até uma praia da ilha: Perivolos Beach, conhecida por sua origem vulcânica. Para mim, era uma experiência nova e eu, que adoro uma novidade, fiquei feliz como um gato ao ver uma caixa.

A descoberta de Perivolos Beach

Achei que, no lugar da areia, encontraria apenas pedras, mas não. A areia, embora escura e pontilhada de cascalhos, era macia, e perto da água tornava-se mais firme — como nas nossas praias brasileiras.

Esperava uma água gelada, afinal já é outono no hemisfério norte, quando as temperaturas começam a cair, mas não era tanto assim. Pude aproveitar bastante. O lugar estava tranquilo, mas com aquele ar de despedida de estação. Era a última viagem dos navios para Santorini; em breve todos seguirão rumo ao Caribe.

As ilhas gregas e italianas, os destinos europeus das pequenas cidades, já acenam um breve “até logo” aos turistas, que só voltarão a partir de abril, quando a primavera floresce novamente.

Um posto vazio e uma reflexão cheia

Caminhando um pouco pela orla, saímos em busca de um mercadinho para comprar batatas fritas gregas — uma paixão do meu marido. Talvez pelo fim da temporada, o mercadinho estava fechado, assim como várias lojinhas litorâneas. Até mesmo a estação de salva-vidas estava vazia. Subi até ela para ver a vista da praia e, mesmo sendo tão diferente do que eu conhecia sobre o mar, era lindíssima.

Lembrei das praias de Miami, onde a cada quilômetro há uma estação de salva-vidas. Mesmo nunca tendo precisado de um, é reconfortante saber que estão ali prontos para agir nas horas sombrias.

E então pensei: como é tranquilizador ter algo ou alguém em quem confiar nos momentos difíceis. Para o afogado, o aventureiro levado pelo mar, há o salva-vidas. E na vida cotidiana, quem nos salva?

A vida cotidiana e seus riscos

Primordialmente, temos a nós mesmos, nossa família, os amigos próximos — aqueles que nos socorrem quando precisamos. Mas sabemos que nem sempre é assim.

Há também nossas economias, guardadas para os perrengues financeiros, como na velha fábula da formiga e da cigarra.

Existem, contudo, situações em que só podemos contar conosco ou com Deus. Problemas que não se compartilham, apenas se enfrentam.

Em outros momentos, já sabemos quem são nossos salva-vidas: aquela amiga que resolve tudo, aquela em quem confiamos de olhos fechados.

Há também os profissionais que nos salvam em outras marés: profissionais da saúde, do meio jurídico, agentes públicos, etc . São salva-vidas do cotidiano.

E há ainda os refúgios que nos acolhem: o aconchego da casa, o café com uma amiga, o silêncio de uma prece. Pequenas tendas de abrigo que mantemos por perto, porque nunca sabemos quando precisaremos delas.

Um mergulho seguro na vida

Hoje, felizmente, não houve necessidade de nenhum salvamento. Ainda assim, confesso que me desapontou ver a estação de salva-vidas vazia.
Voltamos sãos e salvos para o navio, e vi que os demais banhistas também se retiravam. Talvez, assim como nós, voltem na próxima temporada prontos para mais um mergulho, na praia e na vida.

E você, já pensou quem são os seus “salva-vidas” na vida cotidiana? quem são aquelas pessoas, lugares ou gestos que te resgatam quando as ondas ficam mais fortes? Conte para mim nos comentários abaixo.

Beijos, de Santorini!

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