Os Bonsais e as Raízes da Vida

Os Bonsais e as Raízes da Vida: uma Reflexão sobre Migração, Coragem e Pertencimento.

Estava almoçando em um restaurante japonês, a bordo de um navio de cruzeiro, quando meus olhos foram atraídos por uma delicada coleção de bonsais. Aquelas pequenas árvores em miniatura, fruto de uma arte milenar, carregavam em si beleza e disciplina. O bonsai exige conhecimento, dedicação e paciência para florescer em equilíbrio.

A origem dos bonsais

Embora sua origem seja chinesa, foi no Japão que a técnica foi aperfeiçoada e, de lá, espalhou-se pelo mundo. Ao contrário do que eu imaginava, o bonsai não se adapta a qualquer lugar, mas, quando encontra o ambiente propício, transforma e embeleza o espaço ao seu redor.

Bonsais e pessoas: a metáfora da vida

Enquanto sorvia um gole de saquê, percebi que os bonsais me lembravam pessoas que conheço — e até a mim mesma. Somos aqueles que saíram de casa, do interior, para estudar, trabalhar, explorar o mundo e, sobretudo, crescer como pessoa.

Alguns partem com o objetivo de voltar melhores, trazendo na bagagem mais conhecimento e experiências. Outros, porém, criam novas raízes em terras distantes e já não retornam. Há também os que voltam, não por fraqueza, mas porque não se adaptaram, ou porque as saudades da terra natal falaram mais alto.

Esse movimento é parte natural da vida e da história do nosso país, do mundo. Foi assim com os imigrantes japoneses e italianos, assim também com os nordestinos que migraram em massa para o Sul em busca de trabalho. E continua sendo assim em todo lugar: basta olhar as manchetes diárias sobre imigração e migração.

A coragem de sair e a sabedoria de voltar

Nascer em um lugar não significa permanecer nele para sempre. Muitas vezes, nossa terra de origem não nos oferece condições de crescimento: seja educacional, profissional ou pessoal. Sair exige coragem. Não há garantias de sucesso, não sabemos se conseguiremos nos adaptar. Ainda assim, o simples ato de tentar já é louvável.

E, se for preciso voltar, isso não deve ser visto como fracasso. É apenas o fim de um ciclo, que deixa ensinamentos valiosos para o próximo passo da caminhada.

O desafio da adaptação

Por outro lado, aqueles que conseguem se enraizar em outro lugar merecem reconhecimento. Adaptar-se a uma nova cultura, longe de tudo o que é familiar, não é tarefa simples. Exige resiliência, paciência e força interior.

Mas, diferentemente dos bonsais, que são sempre bem acolhidos por onde passam — justamente por embelezarem o espaço sem ocupar muito lugar —, nós, seres humanos, nem sempre recebemos o mesmo acolhimento.

Pense na sua cidade, no seu círculo de amigos, família ou trabalho: quando alguém “de fora” chega, alguns o recebem de braços abertos, mas nunca todos.

É natural que grupos se sintam ameaçados diante do diferente. É preciso tempo para que o “forasteiro” conquiste a confiança e o pertencimento. Agora imagine-se nesse lugar: chegando a um ambiente novo, cercado de estranhos, tendo que provar seu valor e assim, conquistar o seu espaço.

Não desista: tudo é possível

Apesar das dificuldades, não devemos desanimar. Eu mesma, que saí do interior para estudar na capital e, mais tarde, deixei o Brasil para viver como imigrante nos Estados Unidos, posso afirmar: é possível. Exige esforço, coragem e fé.

Se os bonsais, tão frágeis, conseguem percorrer o mundo e se adaptar onde encontram condições, nós, seres humanos, com nossa razão, sensibilidade e inteligência, também podemos. Basta que seja esse o desejo mais verdadeiro do nosso coração.

Agora me fale de você. Você sabe que gosto de ler e bater um papinho com meus leitores: Você, já precisou sair das suas raízes para buscar novos caminhos? Conseguiu se adaptar ou decidiu voltar? Compartilhe sua experiência nos comentários!

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6 comentários em “Os Bonsais e as Raízes da Vida”

  1. Bom demais!!!!! Em relação a adaptação a outro lugar, circunferência, passei por algumas: somado passei 45 dias em Minas Gerais, onde tirando o fato de sermos brasileiros, tem muita coisa pra gente se adaptar: sotaques, palavras diferentes que querem dizer mesma coisa, culinária, até mesmo beber água, o sabor (por incrível que pareça a água de lá tem sabor) foi uma prova de adaptação pra mim e para o grupo ao qual eu pertencia, mas passando por tudo foi uma adaptação e experiência muito válida. E ainda falando em adaptação tive que q adaptar minha vida pelas condições que me impuseram, fiquei incapaz de mexer a mão esquerda aos 10 anos, mas me adaptei bem rápido: com 1 mês já me vestia sozinho, conseguia dá nó no sapato… Na verdade eu gosto de desafios, me adaptar que seja, tudo se transforma em aprendizado

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    • Oi, meu amigo e poeta Pablo.
      Você tem razão. Os desafios nos fortalecem. Que lindo seu testemunho, que precisou de adaptar onde você estava devido às suas condições de mobilidade.
      Não sabia que a água em MG tinha sabor. É outro motivo para eu conhecer a cidade, pois tenho enorme curiosidade histórica sobre aquele Estado.
      Um grande abraço, meu amigo.

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  2. Como diz uma máxima de origem bíblica, “floresça onde Deus te plantar”. Muitas vezes saímos de nosso “elemento’ e não florescemos porque não pertencemos ali.
    As condições ideias de ambientes fazem todos florescerem bem.

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    • Boa tarde, querida!
      Obrigada pela leitura e participação nos comentários.
      É verdade, amada. Precisamos mesmo de nos adaptar quando mudamos. Quando não dá, de jeito nenhum, o mais sábio é voltar.
      Ainda bem que você teve essa consciência e voltou logo.
      Beijos, querida.

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