Como estou dirigindo?
Meus amigos, como sabem, estou passando uma temporada em meu Estado querido e sofrido, o Rio Grande do Norte. Como sou cria do interior, mesmo residindo em Natal, viajo muito para meu sertão, a pequena cidade de Lajes.
Dirijo quase duas horas pela BR 304 – de Natal para Lajes – uma rodovia pública e cansativa, pois é de mão dupla.
Recentemente, vi na traseira de um caminhão os seguintes dizeres “como estou dirigindo” seguido de um telefone para (quem quiser) ligar e comentar. Deve ser alguma política de segurança desses CEOs de grandes empresas: tentar aproximar as pessoas da marca, pedindo a opinião e mostrando que se interessa pelo que é dito.
Acho válida a iniciativa, mas não acredito que quase ninguém tem tempo e disposição para ligar para a empresa e falar de um caminhoneiro que cruzou pelas estradas do Brasil. Claro, que posso estar enganada. Tem gente com tempo para tudo, basta querer.
A pergunta reverberou em minha mente e fiquei me indagando também? Como será que estou dirigindo. Sou uma boa motorista, evito acidentes, sou educada no trânsito?
Uma pergunta que ultrapassa as rodovias:
Essa pergunta é muito intensa e transcende da figura do caminhoneiro – “comandante das estradas” como fala a música de Roberto Carlos – para a vida real.
Considere que nós somos os comandantes de muitas coisas e pergunte a si mesmo, como poderíamos responder essa mesma pergunta em outros momentos da vida, por exemplo, como estou dirigindo meus projetos, como estou dirigindo esse ano de 2025 que já começou intenso ou como estou conduzindo aquilo que está sob minha responsabilidade (filhos, relacionamento, trabalho, autocuidado).
Como estamos dirigindo nossos caminhos para alcançar aquilo que desejamos, por mais difícil ou simples que seja. Estamos sendo cuidadosos, seguindo “as regras do jogo da vida,” se estamos burlando alguma coisa, passando no sinal vermelho de situações que deveríamos evitar…
Será que estamos dirigindo de qualquer jeito e correndo o risco de arruinar nossas vidas e a dos outros?
Veja, como a simples pergunta do caminhoneiro “como estou dirigindo” pode nos trazer reflexões que são cabíveis nesse janeiro de 2025.
Direção e velocidade
Seguindo meu caminho rumo à Lajes, ultrapassei o caminhoneiro que não poderia passar dos 80 km/h e acelerei um pouco mais. Tinha pressa.
O carro que dirigia, alugado, emitiu um “alerta de fadiga,” pois estendeu que eu estava já há bastante tempo dirigindo (esses casos modernos…). A sugestão de um café apareceu enorme através de uma figura de uma xícara fumegante ou eu poderia dar um ok no painel para assegurar que estava bem para seguir dirigindo.
Mas, como eu me sentia muito bem, segui, pois naquele momento, eu sabia para onde ia, conhecia o caminho, estava em paz. Entretanto, muitas vezes me senti perdida, sem destino e sem saber o que fazer, algo que, acredito, quase toda a humanidade já passou por isso.
Em tais momentos, assim como na BR 304 em que trafegava, o segredo sempre foi e será seguir: o caminho vai surgindo em sua frente e quando sem que perceba, você chega em algum lugar onde tudo estava esperando por você.
Por fim, lembrem-se sempre; saber a direção sempre será mais importante que a velocidade. É falta de sabedoria se comparar se está mais veloz ou lento que outros com que você cruza na estrada da vida. Concentre-se sempre em como você está dirigindo e, claro, sempre ajustando os caminhos, verificando o combustível e atento.
E você, como está dirigindo sua vida?
Boa pergunta, tento dirigir minha vida, tentando , seguir os caminhos dos meus pais.
Querida! Essa é daquelas perguntas para grudarmos no espelho e a resposta é de milhões. Aliás, a autorresposta é tão importante quanto a sorte que temos de alguém oferecer um gentil feedback a respeito. Pois temos algumas janelas ocultas em nós que só enxergamos com a ajuda do outro. É como aquela sujeirinha no dente que sempre é bom ter um amigo para avisar. 😉
A sua crônica de hoje me lembrou uma pergunta que sempre faço nas oficinas de desenvolvimento de líderes que ministro: Você gostaria de ser liderado por si mesmo?
E sua reflexão final me trouxe a mente outra: Será que estamos dirigindo ou sendo dirigidos(as)?
Grata por tudo e por tanto, querida!
Adoro a direção que dá em seus textos, pois nos proporcionam desbravar muitos caminhos interiores.
Vamos seguindo juntas nessa estrada da escrita. <3