Grãos de areia
Meus amigos, pensei nessa crônica hoje enquanto estava deitada na praia, com os pés cobertos de grãos areia, em plena segunda. Sim, escrevo-lhes hoje do Caribe, minha “segunda casa”, visto que é aqui que tenho passado a metade do ano.
Águas extremamente azuis e areias brancas incandescentes, é o que descrevo como Caribe. Nessa época do ano, as temperaturas estão amenas e, para mim, ideais para desfrutar um pouco dessas belas praias, feitas “sob encomenda” por Deus para os homens.
Areia, muita areia. Diferentemente das praias europeias, onde há pequenas pedras pela orla, as praias do Caribe são repletas de areia e lembram muito as nossas praias brasileiras.
Meu dia em Bimini, Bahamas.
Lembro de ter parado em Bimini uma vez, mas não saímos porque chovia. Hoje, aproveitamos para conhecer essa pequena parte da ilha e aproveitei para caminhar na areia e me molhar nas águas quentinhas do mar. Depois, estendi a toalha e coloquei as coisas de praxe que levo para a praia: protetor solar, bronzeador, água e um livro (esqueci o chapéu). Passeando a vista pelo lugar, vi algumas esculturas de areia abandonadas, sinal que crianças haviam estado nas imediações.
A areia, tão fina, grudou em tudo que levamos, inclusive, no celular. Uma coisa tão comum, que tem em toda parte do mundo, impregnou-se em meu corpo, em minhas coisas e também em minha mente o dia inteiro.
Ampulhetas
Grãos de areia me lembra demais um dos objetos que mais gosto de observar, as ampulhetas. Sempre me fascinaram. Nelas, podemos ver a passagem do tempo através dos grãos se movendo de um espaço para o outro. Podem também representar a fugacidade da vida, sempre tão passageira.
Os dias estão passando, meus caros, mas nem sempre percebemos. Entretanto, já estamos em novembro: as festividades de fim de ano às portas e nesse momento, vemos que os 365 dias passam fluindo entre nossos dedos e estão chegando ao fim, como os grãos de areia das ampulhetas.
Não quero causar celeuma ou deixar aquela sensação de que “talvez não estejamos vivendo tudo ou que deveríamos fazer isso ou aquilo para ter uma vida plena.” Ao contrário, o que posso dizer é que vivam um dia cada vez, sem se importar com os espelhos dos outros. Cada um sabe o quanto é difícil vencer um dia, sentir o grão de areia passando pelo filtro da própria ampulheta. Então, fim de ano é época de comemorar tudo que passamos de bom e de ruim, afinal, somos vitoriosos apenas por estarmos vivos.
Vocês se importam com a passagem do tempo?
Encarando-nos percebemos linhas de expressões que não tínhamos, fios descoloridos surgindo ou indo embora e assim notamos a passagem do tempo em nós. Além da aparência mudando, nossa mente muda: aquelas coisas já não nos incomodam ou nos amedrontam mais. Ganhamos maturidade e discernimento. Brigamos apenas pelo que é importante e deixamos as polêmicas para os jovens.
Poderíamos dizer que somos verdadeiras ampulhetas vivas e temos mais consciência da passagem de nossos próprios grãos de areia, que são importantes demais para desperdiçamos com coisas supérfluas.
Fim do dia, hora de voltar. Ao contrário de nossas praias brasileiras, onde sempre têm uma duchinha para tirarmos a areia dos pés, aqui em Bimini, não tinha. Até batemos os pés na calçada para sair o excesso, ainda assim muitos grãos grudaram em nós. Enquanto nos dirigíamos ao navio, caíam ao longo do nosso caminhar, sem que sentíssemos… Hoje, as lições que os grãos de areia, aquelas coisas minúsculas, me trouxeram foram gigantescas.
E você, como encara a passagem do tempo?
Vejo a passagem do tempo um aprendizado de vida.
Boa tarde, minha querida! Obrigada pela leitura e comentário. Eu também penso assim.
Beijos no coração.
Como sempre, brilhante, dona Vera.
A crônica me fez lembrar da música de Caetano, Oração ao Tempo:
“Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos”
E é isso.
Qdo vi o tema lembrei logo daquelas areias coloridas que fazem desenhos e viram chaveiros ou decoração. Amava qdo criança. Hj a minha criança (filho) é mais fiel que uma ampulheta para me mostrar que o tempo está passando rápido demais.
Obrigada, meu amigo e poeta querido!!! Beijos no coração!!!
Bom viajar nas suas (viagens) crônicas.
Obrigada, meu amigo querido! Saudades!!! Beijos no coração!!!
Querida, os grãos de areia e suas infinitas possibilidades. A passagem do tempo é como os grão de areia que, quando secos, escorregam das nossas mãos sem controle. Isso é inevitável. Mas as lembranças dessa passagem são como esses mesmos grãos molhados, ficam consistentes, grudam e podem se moldar em formas diversas. Algumas ficam guardadas na memória, outras são desmoronadas pelos ventos ou pelas ondas da vida. E é assim que eu encaro a passagem do tempo, inevitável, mas que pode deixar lindos castelos de memórias. Grata por tão linda reflexão. Abraços, Helenita
Que linda interpretação, minha amiga do coração e colega escritora! É verdade. Vamos construindo nossos castelos mesmo que estes desmoronem adiante. A magia foi sentida durante a construção! Beijos para você!!!
Eu amei,como sempre suas crônicas, eu vivo cada dia,como se fosse o último,eu vivo o presente de Deus todos os dias.
Oi, minha querida Cris! Eu concordo com você! Devemos viver intensamente, pois não sabemos o dia nem a hora. Todo dia vale a pena!
Beijocas no coração!!!