Bugigangas, quem não as têm?
Bugigangas, quem não as têm? São aquelas coisinhas que a gente não precisa, mas ama possuí-las. São souvenirs, lembranças, presentes que recebemos ao longo da vida, enfim, coisas supérfluas, algumas sem nenhuma utilidade prática, mas que significam muito para nós.
Dizem os nossos livros de história que quando as caravelas chegaram ao Brasil, os portugueses trocavam bugigangas com os índios, como espelhos, pentes, roupas e afins.
Bem, os índios, tidos como pessoas muito inocentes e sem conhecimento do valor das coisas, trocavam o que eles tinham de melhor como o pau-brasil, ouro, e outras riquezas pelas bugigangas dos “espertinhos” portugueses.
Entretanto, em defesa dos índios, posso imaginar que eles, ao verem objetos diferentes, ficaram maravilhados, pois nunca tinham visto nada igual. Naquela época (nos idos de 1500) já havia muita coisa (que hoje estão nos museus) que eram verdadeiros deslumbres para os olhos, como espelhos de madrepérolas, pentes de casco de tartarugas, instrumentos de cozinha e navegação, etc.
As bugigangas de viagens.
Como viajante arrisco dizer: quem é que não compra uma bugiganga básica quando está viajando que atire a primeira pedra! Comigo é assim, se me encanto com algo, quero trazer de lembrança. Quando chego em casa, vou juntando uma a uma e, quando vejo, há uma pequena montanha de coisas que comprei sem necessidade, mas que me trarão boas recordações.
Mas, nem todas as bugigangas são supérfluas. Lembro-me que no ápice do calor da Europa, muitos turistas andavam com uns miniventiladores de plástico, à bateria, ligados em frente aos seus rostos ou pescoço para aplacar a quentura. Esses, eram vendidos em qualquer lojinha de souvenirs por 5 euros. Também era possível encontrar leques de todos os preços e qualidades, a maioria, feitos na China, como tudo hoje em dia.
Não são apenas viajantes e turistas que sentem a necessidade de trazer algo consigo. Esse sentimento bobo de nos encantarmos com coisas – não tão importantes ou úteis – é generalizado.
Bugigangas culturais
Eu, particularmente, adoro coisas de antiquários. Não tenho o olho bom para coisas raras, mas quando algo me encanta, podendo, eu levo para casa sim. Dessa vez, adquiri algumas, ainda ouvindo as reclamações de meu marido, não poderia dizer não a mim mesma.
Por exemplo, como sou leitora de Bárbara Cartland desde adolescente, lembro que em alguns de seus livros, a mãe da protagonista colecionava caixinhas de porcelana de rapé. Eu sempre imaginei uma mesinha de canto naquele estilo rococó cheia de caixinhas com lindos desenhos de flores, paisagens, pássaros, frutas. Algumas delas, descrevia Bárbara, eram cravejadas de pedras preciosas (pude ver algumas em museus e antiquários). Tais caixinhas são muito difíceis de encontrar, até porque pararam de fabricar, uma vez que quase ninguém usa rapé. Entretanto, em Gibraltar, um território que fica na Espanha, mas pertence ao Reino Unido (a terra de Barbara Cartland), encontrei uma loja de porcelana inglesa.
E pasmem a minha surpresa! Além dos lindos conjuntos de chá ou solitárias xícaras de marca Royal Albert (muito famosas na Inglaterra), havia uma prateleira de caixinhas de rapé de porcelana pintadas a mão.
É claro que eu não precisava delas para nada, mas as lembranças de infância, de estar em casa, lendo os livros de Bárbara Cartland na companhia de meus pais e meus irmãos, naquele ambiente familiar me impulsionou a adquirir uma delas, uma dessas bugigangas que para nada servem, mas remetem a lembranças maravilhosas.
Dito e feito, comprei uma linda com detalhes de flores. Ainda não sei onde vou colocar em casa. Como diz meu marido “mais uma bugiganga para ficar guardada na caixa e você nunca usar,” mas eu sempre a terei comigo, esse é o conforto.
Para que servem as bugigangas?
É que acho que nossa vida não deve ser tão metódica em adquirirmos ou mantermos somente aquilo que precisamos. Nossa vida precisa de magia, de aconchego e muitas vezes, isso só é possível através das coisas que trazemos para transformar nossa casa num lar, com memórias, beleza, algo que nos identifique.
Dessa forma, as xícaras sem par que compramos, as caixinhas de aniversário, louças que eram de nossos parentes, quadros, estátuas, itens de artesanatos, enfim, muitas dessas coisas não têm valor comercial, mas carregam um valor para nós que não se mede.
Não sou de comprar tudo que vejo, mas se algo toca meu coração, eu, podendo, adquiro sim. Talvez, os índios, ao se verem pela primeira vez num espelho, ficaram encantados consigo próprios e quiseram capturar aquela imagem. Gostaram dos espelhos e os mantiveram para si.
Enfim, meus leitores, o encanto pela simplicidade, por algo que lhe conecte a você mesmo, deve sempre ser mantido, nesse mundo tão superficial em que vivemos.
E você, consegue resistir às bugigangas? Tem alguma especial que você tem e não joga fora por nada?
Eu tenho aqui, aquelas prateleiras de ferro que colocavam as panelas penduradas, era de mãe e eu não tenho coragem de dar fim.
Edilza, aqui nos EUA elas valem ouro! Não dê fim mesmo. Guarde com carinho. Além de útil, é algo que pertenceu à sua mãe. Faz bem manter.
Beijocas, minha querida.
Quem não tem suas bugigangas não é mesmo?! Não sendo excessivo, acho válido qdo elas nos enchem de memórias. Saudade, Veri.
Exatamente, Gabi! Ter coisinhas que a gente vê e se conecta, abre um sorriso.
Saudades também, meu bem!
Beijos para vocês!
Cada um compra ou tem suas quinquilharias de acordo com seu valor sentimental ou mania de colecionador mesmo. Eu todo mês comprava 2 ou 3 carrinhos da Hotwheels porque adorava enfileirar na minha cômoda. Ganhei um presente bem bacana de um amigo, era um boneco de porcelana chamado Cana braba, tinha um ímã na boca e segurava duas garrafas um escrito leite e outra pinga (cachaça) o engraçado é que o de pinga o imã do leite a boca repelia e o boneco virava o rosto. Quando vi adorei a criatividade. Eu sorria pra caramba. Ainda tenho esse boneco e alguns poucos Hotwheels. Minhas belas tranqueiras. Bem, parabenizar pela ótima crônica. A senhora é show.
É sempre uma satisfação lhe ter por aqui, meu amigo e poeta assuense, Pablo.
Nossa, seu boneco canabrava desse ser muito engraçado. Já ri com a descrição. São essas coisas simples que mais nos prendem. Os carrinhos Hotwheels são lindos. Você tem umas quinquilharias maneiras! rsrs
Obrigada pela leitura e apoio, meu amigo.
Beijos!
Sempre que viajo passo em alguma loja de souvenirs (amo! rs) para dar de presente para algumas pessoas. Uma forma de dizer que elas são lembradas. Raramente compro pra mim. Prefiro fotos (rs), mas quanto ocorre de algo me encantar a ponto de levar para casa, não me desfaço, não. Tenho todo cuidado para que não quebre o danifique. Acredito que mais do que o objeto em si, esses objetos carregam em si algo que não conseguimos mensurar. Não tem preço, mas tem valor. <3
Sempre é bom lhe ter por aqui, amiga querida. Eu coleciono aqueles imãs de geladeira e quando vejo algo parecido com alguém que gosto, compro sim, para levar de recordação.
Como você diz, essas coisinhas têm mesmo um significado especial para nós, não preço.
Beijos!!!