Apoios

Os apoios nos pontos turísticos

Estava na fila para visitar o antigo teatro da cidade de Efésios, na Turquia, quando uma moça, que retornava da visita, escorregou e caiu parecendo um tomate maduro, sentada com todo o corpo. Corremos a acudi-la e ainda bem, que não se machucou. O incidente aconteceu porque o acesso ao teatro (e outros ambientes) não tinha qualquer apoio, como um corrimão, por exemplo. Além disso, todo o piso da antiga cidade de Efésios, que hoje é um museu a céu aberto, é feito de mármore, nu e cru, sem tratamento e escorregadio. Estamos falando de um piso de mais de dois mil anos.

E não foi somente em Efésios que percebi a ausência de apoios. Também em Atenas, na hora de subir a colina para apreciar a vista da cidade anciã, era um “salve-se-quem-puder.” Da mesma forma, em Lindos, Rodes, na descida do templo da deusa Atenas não tinha nada para as pessoas se apoiarem. Ali, eu realmente fiquei com medo porque se alguém caísse, iria rolar por um gigante desfiladeiro e Deus sabe como iria parar lá embaixo.

Passeios turísticos e aprendizados

Ao contrário dos monumentos dos Estados Unidos (que é um país jovem) muitos pontos turísticos mais antigos não possuem uma boa infraestrutura, a começar pelos apoios. Pessoas de mais idade ou que portam alguma condição que atrapalhe a locomoção não tem como frequentar tais lugares, pois não há algo que facilite o acesso.

Geralmente, em países mais pobres, percebemos a falta de uma estrutura básica, como apoios para a locomoção, corrimões, um piso próprio, banheiros e etc. Particularmente, não me incomodo, pois tenho o apoio de meu próprio corpo. Mesmo assim, ainda escorreguei cinco vezes, mas lamento pelas pessoas com dificuldades.

Entretanto, não podemos deixar de desbravar lugares tão interessantes por falta de apoios. Temos que redobrar os cuidados, afinal, quem economiza, planeja, se prepara, cria expectativas para viajar e tem sua viagem interrompida por algum acidente, é frustrante.

Apoios comuns

Meus queridos, introduzi o texto para falar de apoios ordinários, comuns que encontramos no dia a dia, como corrimões, pisos antiderrapantes, elevadores que facilitam o acesso aos pontos mais altos (por exemplo, no Rio de Janeiro, que tem um elevador até o Cristo Redentor), etc. Esses apoios nos ajudam, mas não podemos dizer que são essenciais.

Infelizmente, a vida sedentária em que nossa geração está acostumada, tolhe aquele nosso lado mais primitivo de desbravar, vencer limites, se arriscar. Não devemos viver à mercê dos apoios para não ficarmos limitados.

Em Efésios, como estava habituada a ter apoios em outros pontos turísticos, fiquei com medo de cair. Com isso, ia me movimentando devagar e levando mais que o tempo previsto para concluir o trajeto da visita.

Apoios cotidianos

Assim como nos pontos turísticos, na vida, nos acostumamos com alguns apoios e quando eles desaparecem, ficamos perdidos ou inseguros.

Um grande exemplo é a figura de nossos pais. Eles são nosso maior suporte (pelo menos, para mim). Quando os perdemos, por circunstancias da vida, ficamos deslizando no chão de nossa existência, como deslizei no mármore de Efésios, tentando me equilibrar nas forças das minhas próprias pernas.

Um(a) companheiro(a), filhos, trabalho, cargos, uma figura que a gente dá muita importância são também apoios que nos acostumamos e quando esses não fazem mais parte de nossa vida, a insegurança se apodera de nós, passamos a diminuir a marcha e em último caso, paramos dominados pelo medo.

Devemos viver sem apoios?

Com isso, não quero dizer que devemos viver sem apoios, pois eles são importantes para nos dar suporte para não cairmos, não escorregarmos ou despencarmos nos abismos.  Entretanto, não podemos cogitar que sem eles não poderemos dar nossos passos, mesmo arriscados, pois é de nossa natureza os tropeços, escorregões e as quedas. Depois, é só levantar, bater a poeira e seguir em frente, com passos lentos e titubeantes, mas seguir, nunca parar.

Em suma, aceite apoios, mas os use com moderação, sempre diminuindo a dependência deles para qualquer caminho que você almeje trilhar.

E você, teve algum apoio imprescindível que você pensava que não poderia viver sem?

Compartilhar

2 comentários em “Apoios”

  1. Na vida corrida que cada um leva, acredito que temos cada vez menos apoio. Sempre tive da minha mãe, e o tenho até hoje, mas vejo que tbm houve uma inversão, e nós filhos tbm nos tornamos apoio dela. E é tão gratificante poder ampará-la na velhice. Que Deus me dê forças e me conceda a graça de ser apoio, e de o encontrar qdo precisar.

    Responder
  2. Ótima crônica. Deixo meus parabéns. Bem, em relação aos apoios físicos como corrimão, por exemplo, eu como PcD nunca precisaria desse tipo de apoio até chegar em Canoa Quebrada/CE, onde há uma pedra com o símbolo da cidade não tive como subir porque o acesse era escorregadio, minha namorada subiu com muita ajuda e eu nem tentei. Agora sobre os apoios q eu nunca precisei ou que não me deram simplesmente por me acharem incapaz, ou seja, apoios morais, eu particularmente gosto mais de dar porque modestamente sou bom com palavras. Mais uma vez parabéns por suas crônicas sempre construtivas e reflexivas.

    Responder

Deixe um comentário