Caminhos

A vida em si é feita de caminhos. Por vezes, os encontramos prontos. Noutros momentos, precisamos pegar um facão afiado e sair desbravando a mata, criando nossas próprias trilhas para chegar onde queremos.

Nesses dias em minha querida terra, o RN, viajei bastante pelo interior do estado, em especial, para minha cidade natal, Lajes. Para isso, vou pela BR 304 passando por alguns municípios.

É um caminho conhecido desde que eu era criança, mas olhando com um pouco mais de atenção, percebi algumas diferenças.

Pela BR 304, vi que em locais de matagal, hoje se erguiam novas moradias, pontos comerciais, mais vias de acesso para locais que não sei aonde nos levam.

O caminho familiar para chegar à Lajes agora está repleto de turbinas gigantes de energia eólica, parecendo uma almofada de costura, cheia de alfinetes.

Inclusive, num trecho do trajeto, já próximo a Lajes, onde se podia ver o Cabugi imponente, agora, as enormes gerigonças aparecem bem na frente dele, como se fosse cercas nos separando do ponto mais alto do RN, que teóricos dizem ter sido o verdadeiro Monte Pascal.

Caminhos desfeitos, atalhos criados

Já perto de Lajes, vi um grande desvio que foi feito no lugar em que havia uma ponte, que foi arrastada pela força da água, durante uma grande chuva.

Acompanhando todo o imbróglio, desde o resgate das crianças ilhadas sobre um serrote e depois, a descoberta da queda da ponte, durante essa chuva, o Governo do Estado decidiu criar um desvio, que demorou bastante para ser concluído.

No entanto, os viajantes caminhoneiros e profissionais que precisavam se deslocar entre Natal- Mossoró se desesperaram. Como solução, a Polícia Rodoviária Federal indicou duas rotas alternativas. Uma, pela BR-226 e outro pela BR-406 conhecida como “estrada do sal.”   Eram trechos cansativos que absorviam tempo e dinheiro, recursos escassos nos dias de hoje.

Então, um fazendeiro de Lajes abriu um atalho em suas terras e criou uma alternativa para quem não quisesse as opções da PRF. Para tanto, cobrou um pedágio e conseguiu fazer um pé de meia. Convenhamos que pagar R$10,00 ou R$ 20,00 por mais de uma hora de combustível e tempo era uma pechincha.

Ele abriu um caminho necessário para todos e se beneficiou, o que me pareceu justo.

Quando precisamos abrir nossos próprios caminhos.

E quantas vezes, como esse fazendeiro, não precisamos abrir caminhos para nós mesmos?

Quantas pontes quebradas, estradas interditadas, paredes e matas fechadas já nos deparamos ao longo da vida, mas mesmo assim, tínhamos que seguir em frente? Nesses momentos, onde é tudo ou nada, abrimos caminhos até com as unhas, se assim fosse necessário para concretizar nossos objetivos. É de nossa natureza.

Enfim, o que não podemos é parar. Lembrei do slogan do famoso whisky escocês, o Johnnie Walker “keep walking”(continue caminhando). Em síntese, fomos feitos caminhantes nessa rota da vida, que nos deram assim que nascemos.

Ainda assim, vale salientar que se um caminho não está sendo prazeroso para você, sempre é tempo de sair e buscar outras alternativas.

Lembrem sempre que amanhã poderemos ter novos caminhos a trilhar e que outros diferentes surgirão, pois faz parte do dinamismo que é a vida.

Agora me fale se vocês são daqueles de seguir os mesmos caminhos ou buscarem rotas alternativas?

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12 comentários em “Caminhos”

  1. É isso, não dá para estacionar na vida, temos que seguir. Se a “ponte” cai, que saibamos pedir sabedoria a Deus para decidirmos uma nova rota.

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  2. Mais uma bela crônica, querida!
    Ao longo da vida vamos criando caminhos mentais que a psicologia chama de crenças. Essas crenças, muitas vezes, podem nos limitar como trilhos que levam o trem sempre para o mesmo destino. Mas podemos, se quisermos, fazer novos caminhos mentais, ou seja, podemos deixar os trilhos de lado e abrir novas trilhas, trilhas podem ser modificadas se assim desejarmos. Para tanto é preciso autoconhecimento, só então conseguimos saber para onde desejamos ir (autodesenvolvimento). Como disse o Gato Cheshire para Alice ”
    “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve” (Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll).
    Grata pelas reflexões que suas crônicas sempre proporcionam.
    Abraços,
    Helenita

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  3. E os jovens ilhados.
    Desespero era o que as famílias sentiam, tantas horas se passando e eles ao redor de uma enchente que não permitia passagem, não havia caminho para que os mesmos chegassem do outro lado daquelas águas com vida. No momento não tinha o que fazer, a não ser esperar uma luz, um socorro, um milagre de Deus.
    O corpo de bombeiros não encontravam um jeito seguro para fazer o resgate. Desesperador o momento.
    Permitido por Deus, as águas foram baixando e o “caminho” logo veio. Precisou que eles viessem a arregaçar as mangas e ajudar os civis e o corpo de bombeiros com o resgate.
    O caminho não foi fácil, mas eles queriam viver.

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