Incondicional

A coluna de ponta-cabeça deste sábado chama o leitor para uma nova reflexão: até que ponto o seu amor é incondicional? Boa leitura!

Na semana passada, refletimos sobre valores. Qual o valor que você dá para as coisas? Na semana retrasada, refletimos sobre ser solidário. E o quanto isso pode ter um cunho egoísta. Do quanto a gente pode se doar, esperando algo em troca. Mas as minhas experiências têm me levado para um outro lado. Para a vertente do amor incondicional.

AMOR

Tenho visto pessoas que se entregam de corpo e alma. Que fecham os olhos para as consequências. Ou mesmo para as causas. Pessoas preocupadas com o bem-estar das outras, como os pais de crianças que nascem com algum tipo de deficiência. Que estão ali para o que der e vier. Sem se preocuparem com o olhar de julgamento dos outros. Tendo olhos somente para os seus próprios filhos, tão dependentes de seus pais.

Tenho vivenciado o amor de uma forma tão extrema, que jamais pensei que pudesse existir. É como se as pessoas estivessem despidas e tivessem um único desejo: que as outras pessoas, ao redor, tenham as mesmas melhores experiências pelas quais elas já passaram.

CHOQUE

Tem sido difícil receber agradecimentos. Eu não estava preparada. Quando me disponibilizei a ajudar, esperava apenas me doar. Mas tenho recebido muito mais do que doado. E, de repente parece errado. Porque parece que só os outros precisam. A gente é auto suficiente. A gente é forte. A gente não passa nem por 1% do sofrimento pelo qual as outras pessoas passam. E, por isso, a gente acha que só a gente tem a dar.

Tenho me surpreendido. Meus relacionamentos foram todos surpreendentes. Sempre me achando tão madura, aprendi quão questionável eu poderia ser. Um choque.

Um choque ver pessoas, que nem sabem o meu nome, tão preocupadas comigo. Mesmo no meu estado de perfeição em saúde física e mental. Um choque que elas me tratem como se eu fosse um de seus filhos acometidos pela falha genética ou pela tragédia.

E isso me leva ao questionamento “Por que percebo isso dessa forma? Isso não deveria ser o normal?”. E se isso fosse normal, será que seria tão mágico experienciar?

CONTRADIÇÃO

Como diria Lulu Santos:

“Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão”

Os contrastes vão sempre existir. É a única forma da gente perceber que:

  • A gente está onde a gente, na verdade, não quer estar
  • A gente está com alguém que a gente, na verdade, não quer estar
  • A gente está fazendo o que a gente, na verdade, não quer fazer

Os contrastes se resumem em duas possibilidades:

  • Quanto eu sou estranho
  • Quanto o outro é estranho

Com sorte, vamos levar ambas em consideração. Incondicionalmente.

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