Ares do Natal

Ares do Natal no navio:

Na última sexta-feira, os ares do Natal “inundaram” o navio em que estávamos. Na madrugada da quinta, onde comemoramos o dia de Ação de Graças (Thanksgiving), colocaram uma árvore enorme no andar principal em que acontecem os eventos e espalharam outras menores nos espaços mais importantes.
O Café do navio, fica bem perto da árvore natalina, logo, dá para contemplá-la enquanto tomamos um bom capuccino com um croissant de amêndoas. É lá que passamos boa parte dos cruzeiros, mas por uma razão agradável: ficamos conversando com nossas amigas do Café, as atendentes que já nos conhecem e sabem que tomamos capuccino pela manhã e espresso depois do almoço e garrafas de água com gás. Elas até me presentearam com um cookie de aniversário, surpresa!
Nesta manhã, conversava com Elena, uma moça loirinha da Macedônia, um país muito pequeno, perto da Grécia. Ela parece uma deusa grega com o rosto bem moldado. Eu costumo chama-la de Helena de Tróia, o que lhe causa um pequeno sorriso no canto da boca. Elena é também formada em Direito com especialização em Direito Penal. Como o país é muito pequeno e sem muitas oportunidades de trabalho, optou por trabalhar nas companhias de cruzeiro. Fala além de seu idioma, o macedônio (uma língua muito antiga), fala inglês, sérvio, compreende o grego e búlgaro.

Ares do Natal na Macedônia:

Eu falava com ela sobre a decoração e entramos nas festividades natalinas entre os nossos países. Ela, muito culta, começou explicando que um dos costumes natalinos na Macedônia é o das crianças saírem em pequenos grupos cantando em frente às casas e depois, coletando presentes, como as crianças americanas fazem durante o halloween, coletando doces.
Nesse momento, Elena parecia que estava passeando naqueles caminhos europeus cobertos de neve, entre as crianças super agasalhadas com gorros, cachecóis, luvinhas, mas de narizes vermelhos, amontoando-se, cantando, reclamando por presentes.
Elena, disse que morava numa pequena cidade e que, durante a ceia de Natal as famílias se reúnem e partilham os “doze pratos de jejum” que simbolizam os doze apóstolos, o que dá um ar de união, de partilha, de celebração. Há ainda um ritual em acender um tronco de carvalho para que traga “bem estar e riquezas às famílias.”

Natal também é nostalgia.


Eu, via que Elena falava com muita nostalgia, como se lembrando de sua família reunida na mesa, as risadas, crianças correndo, as orações, os costumes com que ela foi educada. Ela falou sobre a missa realizada pela Igreja Ortodoxa, religião de seu país e, aos poucos, foi finalizando a narrativa, saindo do frio e da neve da macedônia e voltando para o calor do Caribe, para o navio, para o Café, onde estava, fisicamente. Sua face mostrava todo esse trajeto.

Ela já havia nos falado que iria passar os feriados (Natal e Ano Novo) trabalhando e, apenas ao final de janeiro, sairia de férias. Entretanto, ela não comentou se lamentando. Ela parece ser daquelas que encaram a vida de frente e faz o que precisa ser feito.
Eu, ainda querendo adoçar a saudade dela, falei que janeiro está a um “piscar de olhos” e que aproveitasse os feriados com essa “grande família” que era a tripulação do navio e os hóspedes. Ela concordou, sorridente e acrescentou que, “ainda bem que viaja com o marido,” um dos baristas do Bar mais chique do navio, o Word Class. Ela, educadamente, me corrigiu. Disse que ele era mixologista, que faz aqueles drinks diferentões com fumaça de carvalho, frutas ressecadas, sprays e outras loucuras. Eu experimentei alguns e confesso que não é minha praia.

Ares do Natal em Sunny Isles Beach, EUA:

Bem, chegamos em casa e percebi que os ares de Natal também tinham chegado à minha pequena cidade. Foi quando precisei ir ao shopping no domingo, algo que não gosto, pois é tumultuado, mas precisava pegar uns produtos na Macy’s, que comprei on line durante a famosa black friday.
Era tardezinha, estacionei direto onde queria ir, mas, meus queridos, quando coloquei os pés dentro da loja, as luzes, as decorações natalinas, os ares de dezembro me contagiaram: o vermelho e o verde em toda parte, papais-noéis, duendes, o Grinch (que é uma figura tradicional americana que quer roubar o Natal), os ugly sweaters (“suéteres feios” que são cheios de estampas divertidas, luzes, sininhos), enfim, tudo remetia à época mais maravilhosa do ano, como diz a música.
Entretida, demorei mais do que planejava e quando saí do shopping, tinha anoitecido. Como estamos no inverno, o sol se põe mais cedo, quase às 18h. No verão – até as 21h – temos ainda luz solar.

Os ares de Natal ficaram mais perceptíveis quando entrei na avenida de meu prédio. Era um show de luzes douradas e azuis, pois a comunidade judaica celebra o Hanukkah (a festa das luzes), pelos coqueiros floridianos, pelas fachadas e pelos postes da cidade. Enfim, eram luzes por toda parte.
Em casa, nem se fala, pois deixei tudo decorado desde o final de novembro, assim, o pouco tempo que estou em casa, aproveito.

Os ares do Natal estão em todo lugar!

Ontem mesmo, a árvore de Natal de Natal/RN foi acesa e vi o quanto as pessoas comemoraram. Pelo Brasil, as cidades de Curitiba e Gramado se destacam pela decoração. Por fim, em todo o país o clima natalino se espalhou.
É um simbolismo, sabemos, mas não é maravilhoso ver o quanto as pessoas se conectam com a data, com a simbologia do nascimento de Cristo, do perdão, do amor?
Como é agradável o prazer de confraternizar, visitar as pessoas queridas, comprar ou fazer algo que o outro goste ou doar o bem mais precioso, o tempo.
Convoco todos a aproveitar dezembro e os ares de Natal para dar uma pausa, estar perto, adoçar um pouco nossa vida com um panetone, uma rabanada, ou, como nos EUA, tomando a tradicional bebida eggnog (gemada com nozes – eu já comprei duas caixas) ou um vinho quente, como na Europa. O Natal é global. Podemos compartilhar os costumes e assim, diminuir as diferenças!


Agora me contem, como estão os ares do Natal por aí?

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2 comentários em “Ares do Natal”

  1. O Natal é controverso, já que tem pessoas que sofrem por suas perdas que ficam ainda mais expostas nessa data. Mas é também um período repleto de ritos e magias que são encantadoras. É um estímulo para todos os sentidos, com suas cores, luzes, brilhos, aromas, sabores, fé e esperança. Apesar de toda correria de fim de ano, eu simplesmente AMO essa época. <3 Grata por compartilhar tantas tradições diferentes em suas andanças. Adoro. 😉 Abraços, Helenita

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