Passeios pela vida.

Passeios por aí.

Meus queridos leitores, que já os tenho como amigos. Não é segredo para ninguém que amo viajar e que os passeios fazem parte de minha rotina, o que levou minha irmã a escrever no prefácio de meu livro CONTOS PELO NORDESTE que “moro no mundo e passeio em casa.”

Esse ano, 2024, tem sido particularmente um ano bem movimentado na agenda. Foram tantos passeios diferentes pelo Brasil, Estados Unidos e mundo afora e o ano ainda nem acabou. Por tais aventuras, agradeço a Deus já procurando mais locais para explorar, afinal, passear é bom demais e acrescento: não precisa ser um local distante como outra cidade ou outro país.

Tal hábito eu cultivo desde a adolescência, quando íamos passear pela zona rural de Lajes, que é uma cidade muito pequena. Costumávamos ir (minha prima, minha irmã e eu) para a casa de uma amiga, onde havia umas pedreiras.

Para quem não sabe, minha cidade natal se destaca também pela extração de pedras scheelita, pedra-sabão e até esmeraldas. Entretanto, depois que o auge dessa atividade econômica minguou, ficaram vários penhascos resultantes das explosões de dinamites nas pedreiras.

Por lá, passeávamos por pequenas trilhas encher os olhos da alvura das pedras e seus formatos modificados. Subíamos e descíamos as pedreiras, tínhamos contato com a natureza e voltávamos com as mentes cheias de ideias.

Mais próximo da casa de nossa amiga havia pedreiras menores e, numa delas, uma espécie de tanque esculpido na própria pedra. Quando chovia, servia como cisterna natural. Acreditamos que era um dos muitos indícios de que os indígenas habitaram aquela região, tempos atrás. Para nós, conversar sobre o que poderia ter acontecido e criar histórias era o ápice do passeio.

Fui crescendo e os passeios foram se estendendo para além das barreiras da minha cidade, do meu país e hoje, para mim, o mundo é um grande quintal onde gosto de passear, colher ideias, aprender algo e tentar melhorar como pessoa, pois creio ser esse o objetivo de cada um de nós.

Passeios em que não precisamos sair de casa.

Dessa vez não vou falar dos livros, mas essa informação vocês já sabem; eles são a melhor maneira de passear sem sair de casa.

Todavia podemos também passear sem sair de casa: através de nossas memórias. Perdi a conta de quantas vezes revisitei essas pedreiras, rindo e conversando sem maiores preocupações na vida, bem como muitos outros lugares de antes e os que tenho conhecido recentemente.

Por isso, é importante, enquanto podemos nos deslocar, passear por aí e armazenar boas memórias para poder revisitá-las de vez em quando.

Passeios que exigem mais de nós.

Porém, os passeios que quero destacar como mais importantes são os passeios que fazemos para dentro de nós mesmos. Esses passeios, tão íntimos e personalíssimos, acontecem quando nos dispomos a visitar as pessoas que já fomos e, devido ao nosso crescimento, foram ficando para trás, sem que percebêssemos.

É natural que isso aconteça na medida em que a idade vem acrescentando número em nós. As mudanças ocorrem em cada etapa da vida. E como mudamos, meus amigos! É impossível negar tal fato: mudamos a percepção das coisas, os gostos, os hábitos, as responsabilidades roubam o lugar das brincadeiras e isso acontece sem que a gente perceba.

Então, de vez em quando, é bom poder passear por nós mesmos voltando cinco, dez, vinte anos atrás e revisitar nossos sonhos, nossos projetos, nossos “bichos-papões” que já não nos assustam mais, pois estão surrados no fundo de um baú velho, num canto qualquer. É bom rever nossas primeiras emoções, nossas primeiras paqueras, as amizades que cruzaram nosso caminho…

Bem como, os momentos marcantes (nem todos são bons, infelizmente), mas hoje temos maturidade de passar por todos… A melhor parte que eu acho é nos rever como criança e pensar no que diríamos para nós, se pudéssemos voltar no tempo?

Igualmente interessante seria nos reencontrar adolescentes e ver que toda aquela timidez ou outro sentimento comum da idade era uma grande bobagem.

Quiçá resgatar nesses passeios algo que você gostava e trazer para os dias atuais?

Vida real.

Esses passeios por nós mesmos são proveitosos. Por vezes, podem exigir mais de nós, quando não nos sentimos à vontade para tal, pois uma memória puxa a outra. Lembrando sempre que temos o poder de escolher a que queremos lembrar e relembrar e assim, sorrir, chorar, se acolher, a depender das emoções.

Enfim, passear por lugares reais ou do imaginário sempre trará algum ensinamento ou esclarecimento. Passear é a palavra chave de hoje.

Movimente-se, construa novas memórias, passeie pelas que você tem, afinal, como dizem, às vezes, nossos melhores passeios são dentro de nós.

Como viajante, fico sempre na dúvida “a gente passeia pela vida ou é a vida passeia por nós?”

Agora me conte um passeio que você fez e se tornou inesquecível!

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4 comentários em “Passeios pela vida.”

  1. Muito bom. Não tive e acho que nunca terei oportunidade de viajar pra fora do Brasil, mas os lugares que por aqui estive foram até que bons, tirando que na maioria fui por problemas de saúde. Mas Belo Horizonte, Canoa Quebrada, serra de Martins foram viagens fantásticas. Quem sabe algum dia antes de padecer eu saia do Brasil, kkkkkkk. Mas já que não posso viajar pra fora eu viajo com a mente lendo as crônicas da bela Veridiana. Os contos pelo Nordeste, eu leio devagarzinho, um capítulo a cada 3 dias e está de parabéns. Veridiana, parabéns por nos fazer viajar com suas viagens. Muito obrigado!

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  2. Dá p enquadrar no clichê, não é terapia mas é terapêutico. Aqui amamos viajar, mas a minha aventura preferida foi a viagem pela maternidade. Só vamos, sem saber para onde ou como será. Rs

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  3. São tantos os outros “eus” na vida (passada, presente ou futura), não é mesmo? Somos grandes geradores de memórias que nos iluminam ou nos apagam. Sem dúvida esses passeios internos tão instigantes quanto emotivos (das emoções mais diversas). Também amo passear e nesses passeios vamos nos modificando e nos moldando em outros “eus”, já que a vida é uma eterna transformação.
    Amei passear com você nessa leitura!
    Abraços,
    Helenita

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