O poder da gentileza.
Se tem algo que enche meus olhos é ver gente educada, tratando as outras com gentileza e respeito, independentemente do lugar, da pessoa ou da ocasião.
Outro dia, estava em Vancouver, no Canadá, uma cidade que me ganhou desde o primeiro dia, pois tem o aspecto moderno, mas mantém todo o respeito à sua ancestralidade, mantendo os totens das “Primeiras Nações” preservados e expostos no Stanley Park (visita obrigatória).
Como meu marido e eu íamos para um cruzeiro pelo Alasca, o navio saía de lá. Então, aproveitamos para ficar uns dias para que eu conhecesse a cidade. O hotel ficava bem no centro da cidade e os funcionários, se desdobravam em gentilezas, algo comum em pessoas que trabalham nesse setor, mas há exceções.
Geralmente, gosto de passear na cidade, observando como os cidadãos se comportam no cotidiano, com seus inúmeros compromissos, os celulares os levando para lá e para cá, como um dono ao seu animal e vendo rostos que não conheço, mas sei que tem muitas histórias incríveis.
Sempre que estou numa cidade famosa, um dos meus passatempos é visitar cafeterias e livrarias nas imediações. O mesmo fiz em Vancouver. Marquei algumas que me interessavam. Em seguida, mostrei ao meu marido para ver se ele queria ir. Motivo: ele geralmente acorda bem tarde, devido à sua pregressa rotina de trabalho, em diferentes fusos horários. Agora, ele quer recuperar o sono perdido.
Como ele já conhecia Vancouver, disse que não iria. Então, no outro dia bem cedo, eu me arrumei e saí do hotel com os olhos brilhando, ante a expectativa de caminhar e conhecer a cidade ao meu modo.
Seja gentil, onde estiver!
À princípio, Vancouver é uma cidade relativamente grande, mas não sufocante como São Paulo ou Nova York. Por vezes, percebia alguma aglomeração de pessoas, mas tudo dentro da normalidade.
Pois bem, encontrei a cafeteria. Os atendentes, em sua maioria, jovens. Provavelmente, estudantes. Muito educados no atendimento, porém sem exageros. Mais práticos que acolhedores. Tudo bem, eu até gosto.
Não me sinto à vontade quando estou numa loja e os atendentes ficam me cercando, fingindo uma gentileza que não é natural, com seus sorrisos falsos e olhos inexpressivos, como os jacarés. Em minha cabeça, a gente primeiro sorri com os olhos, depois com a boca.
Tomei um café com um croissant de chocolate e segui rumo à uma livraria. Uma pequena multidão aguardava o sinal abrir: jovens com seus rostos dentro dos celulares, pessoas conversando animadamente, algumas apressadas. No meio delas, uma senhora numa cadeira de rodas.
Pouco depois, o sinal abriu e era daqueles com cronômetro, mostrando em quantos segundos iria fechar. A senhora da cadeira de rodas teve certa dificuldade em se movimentar e eu vendo isso e cronometrando o tempo em que ela se direcionaria, eficazmente, para sair com o tempo do sinal, vi que não iria conseguir. Sem pensar duas vezes, agarrei a cadeira e cruzei a rua a levando.
Consequentemente, todos olharam, batendo palmas, os carros passavam buzinando, fazendo o sinal de “legal” e eu, me perguntando o motivo. Por fim, a senhora me agradeceu muito, cheia de afagos e eu, toda sem jeito. Pensei comigo, será que esse povo é alegre assim mesmo?
Ocorre, meus amigos que toda essa efusividade foi pelo simples fato de eu ter ajudado aquela senhora. Uma coisa super natural, mas na sociedade de hoje, se você para o que está fazendo para ser gentil ou atender alguém é considerado um evento olímpico. Na hora, eu agi por impulso, vendo que ela ia ficar para trás, não foi para ser a “heroína de Vancouver.” Logo pensei, será que a gentileza saiu de moda?
Há frequência para a gentileza?
Definitivamente, hoje é mais difícil ver atitudes de gentileza. O mundo está muito egoísta e arrogante. As pessoas se comportam como semideuses. Agem sem se importar com ninguém, ou melhor, sem sequer olhar de verdade para o outro e muitas são mal agradecidas.
Nos navios, são raros os homens que dão passagem para a mulher ou seguram a porta do elevador, por exemplo. Acontece, mas geralmente, tais gentilezas vêm daquelas pessoas de mais idade, que tiveram uma educação bem diferente da atual.
Elogiar com sinceridade é uma gentileza
Às vezes, quando vejo uma mulher vestindo ou usando algo que acho bonito, eu elogio, mas de forma bem cordata, pois a gente nunca sabe como a pessoa vai reagir. Da mesma forma, quando um homem me faz uma gentileza, eu agradeço e complemento dizendo “Isso foi muito gentil de sua parte.”
Cá entre nós, eu gosto de elogiar aquelas pessoas que estão com o semblante um pouco caído. E quando faço isso, parece que um raio de luz brilha na frente delas, pois dão um sorriso, erguem um pouco mais a cabeça. O mesmo acontece comigo. Se a gente tem esse poder de melhorar a vida das pessoas com uma gentileza, por que não fazer?
Uma das minhas amigas desse último cruzeiro era uma moça africana, com um sorriso perfeito, natural. Ela dizia que me reconhecia no meio do navio pelo meu cabelo, sempre lindo e arrumado. Um elogio simples, sincero que me deixava muito feliz. Eu, a elogiava pelo sorriso dela que iluminava qualquer lugar que ela estivesse, e dizia também que o sorriso dela vinha da alma.
Gentilezas simples e que transformam o dia de uma pessoa deveriam acontecer com mais frequência, onde quer que estejamos. O custo é zero e o retorno de enorme valor.
Onde praticar a gentileza?
Em qualquer lugar, por exemplo, no trabalho. Não custa nada fazer um favor ao colega, trazer um café. Chega de tanta competição e ambientes que produzem estresse.
Da mesma forma, em casa. É comum, por exemplo, eu levar um copo de água para meu marido e vice-versa. Um gesto simples que demonstra cuidado, atenção.
No trânsito, quando dirijo em Natal, sempre termino o dia com meus ombros doloridos, de tanto susto que passo; buzinas, gente jogando o carro na frente, outros, sem dar passagem. Qual a necessidade disso? Todos têm pressa e compromissos, mas a gentileza deve prevalecer.
Nas redes sociais, gentileza sempre!
Não menospreze aquelas mensagens de bom dia/boa noite que você recebe. Embora, haja pessoas que mandem vídeos longos, não os deixe sem resposta. É extremamente desagradável. Responda com um emogi ou uma saudação curta. É uma gentileza que alguém lhe fez. Sinal que pensou em você. Retribua.
Confesso que quando estou viajando ou ocupada, esqueço de responder. Nesses casos, volto e agradeço, pois sei que o tempo daquela pessoa também é precioso e, ainda assim, ela parou e me enviou uma gentileza em forma de mensagem.
Corrente da gentileza.
Nunca sabemos como nosso semelhante está ou o que ele está enfrentando. Ser gentil deveria ser nossa religião principal.
Podemos, nós mesmos, fazer uma grande corrente do bem: a partir de hoje, devemos realizar pelo menos, uma gentileza diária. Da mesma forma, as das redes sociais também contam, visto que, muita gente vive por lá.
O que vai, volta, não dizem? Por isso, vamos espalhar muita gentileza, para que volte, da mesma forma, para nós.
E você, o que acha de nossa sociedade? Perdeu a gentileza ou é a pressa que tem deixado as pessoas mais “rudes?”
Bom dia. Nos dias de hj é raro ver pessoas gentis, e muitos ainda criticam, quando alguém faz. Não e a pressa, é falta de ver, o próximo, de ajudar, os ensinamentos, nos dias de hj, mudaram muito, eu ensino a meus filhos, o que meus pais me ensinaram. Gentileza, gera gentileza.
Bom dia, minha querida amiga!
Tens toda razão e parabéns por passar esses valores para seus filhos!
Obrigada pela leitura.
Beijocas!!!
Veridiana primeiro agradecer por mais uma leitura linda e “gostosa “ de se ler eu sempre digo que sou muito abençoada e aquele pessoal lá de cima me amam. Nesses dias chegando no aeroporto de Madrid que parece uma cidade fiquei aperreada querendo ir para o local onde ia fazer a conexão para Alicante de repente aparece uma mocinha oriental acompanhada de seu pai e misturando vários idiomas pegando vários elevadores, escadas rolante até um trem nós pegamos eles foram me deixar no local de partida hoje só tenho a agradecer por ter Deus ter colocado aqueles anjos no meu caminho.
Olhe só! Deus sempre envia anjos para nos ajudar. Isso faz parte da colheita de coisas boas que você tem plantado ao longo da vida. Tenha uma boa estadia na Espanha e em junho, nos veremos, se Deus quiser.
Obrigada também pela leitura e beijos e abraços enormes para você, Isabelle e Maria!
Gentileza gera gentileza!
Sempre, sempre, sempre! Beijos!
Querida,
Amo ler suas crônicas.
Gentileza é um hábito que precisa ser desenvolvido e valorizado.
Eu participei da antologia de Natal da Lura no ano passado com um conto que tinha justamente essa temática.
Título: Calendário do Advento.
Gentileza é uma atitude que precisa ser passada a diante.
Você é uma pessoa naturalmente gentil.
Grata por suas palavras sempre tão gentis.
Com carinho,
Helenita
Obrigada, minha querida amiga e escritora. Que coincidência maravilhosa ter um livro que aborde o tema com mais propriedade. Você está certa. Gentileza realmente precisa ser cultivada. Obrigada. Também lhe acho extremamente gentil e carinhosa com todos. Beijos e abraços carinhosos.
Fica a reflexão: que exemplo estamos dando aos nossos filhos ou a quem quer q seja? Estamos tratando com gentileza as pessoas ou deixando o corre corre tomar conta de nós? Que sejamos referência de pessoas empáticas, inspirando outros a assim tbm se comportarem.
É verdade, Gabi. Precisamos sempre nos policiar em ser essa referência e ajudar a formar a nova geração de pessoas gentis e que se preocupam com os demais. Um beijo, minha querida amiga.