O valor das coisas e o nosso próprio valor

Uma estrada, um coco e uma reflexão

Esses dias, no meu querido Nordeste, fiz algumas viagens de Natal para Lajes. Gosto de dirigir, pegar a estrada e contemplar o céu azul que se abre pelo caminho. Os tons são lindos, quase uma pintura viva.

Sempre paro nas barraquinhas à beira da estrada para tomar água de coco fresca. O preço: R$ 3,00. Fico imaginando por quanto eles compram para ter alguma margem de lucro, porque é realmente barato. No Caribe, por exemplo, um coco fresco pode custar quase R$ 60,00. E então começo a matutar: como o valor das coisas muda de acordo com o lugar. Não é preciso ser economista para entender a lei da oferta e da procura: onde há escassez, o preço tende a subir. No Nordeste, a fartura do coco verde explica seu baixo preço (e que continue assim por muito tempo!).

A lógica do valor e o olhar do outro

Mas há também os que se aproveitam. No Caribe, turistas pagam caro pelo mesmo coco. A lógica se repete em outros produtos. Pego o exemplo das Havaianas: no Brasil compro vários pares, mas nos Estados Unidos ou na Europa, elas custam uma fortuna.

Matutanto, concluí que nós também mudamos de “cotação” dependendo do contexto. Para uns, como os familiares e amigos próximos, somos artigos de luxo; para outros, não valemos quase nada, sobretudo quando impomos limites. Existem ainda os que, simplesmente, não gostam de nós, e está tudo bem. Nem Jesus foi amado por todos, por que seríamos?

No trabalho, acontece o mesmo. Se somos profissionais diferenciados, temos alto valor; se não, estaremos condenados a uma carreira mediana. Quem ocupa um cargo de chefia recebe atenção; já o estagiário ou o “peão” dificilmente é lembrado.

Nos relacionamentos, a lógica continua: para quem terminou de forma saudável, ainda há consideração. Para quem se despediu de forma brusca, não valemos nada.

O quanto realmente valemos?

Para o governo, valemos quase nada — exceto no período eleitoral, quando “milagres” acontecem.

Já para a comunidade, nosso valor depende daquilo que ofertamos e não falo de dinheiro: nosso tempo, nossa urbanidade e colaboração para o crescimento do local em que estamos.

Para Deus, porém, valemos infinitamente.

Dessa forma, assim como o coco verde e as Havaianas, a percepção de nosso valor muda conforme o olhar de quem nos observa.

O valor essencial: amor-próprio e reconhecimento

Entretanto, o mais importante, meus queridos leitores, não é o quanto o mundo nos avalia, e sim o quanto nós nos reconhecemos, o valor que atribuímos a nós mesmos é o que nos sustenta.

Quando nos olhamos no espelho, só nós sabemos o que suportamos, as dores que atravessamos, as batalhas que vencemos para nos tornar quem somos. Reconhecer isso é essencial. É o norte que nos guia para viver em sociedade sem perder a dignidade, para saber quando ajudar, quando impor limites e quando dizer não.

Esse valor nasce do amor-próprio. Não se trata de arrogância, mas de não deixar que a opinião dos outros — seja de adoração ou de desprezo — dite nossa essência.

Portanto, tanto faz onde você esteja ou com quem. Enxergue sua força, sua autenticidade, sua resiliência. O segredo é acreditar em si mesmo e não duvide: você vale muito!

Agora é a sua vez: em algum momento você se fez esse questionamento, de quanto vale, e o que respondeu para si mesmo (a)?

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1 comentário em “O valor das coisas e o nosso próprio valor”

  1. Apesar de tanta dor,
    Somos frutos luminosos,
    Carregamos nosso valor
    Nos caminhos trabalhosos.
    A vida é luta e espinho,
    Mas valemos mais sozinhos.
    (Pablo Henrique)

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