
O Sal da Vida: Reflexão sobre Valor e Essência
A simplicidade do sal
Essa semana, enquanto fazia uma tapioca, algo tão comum aqui no Nordeste e que combina com tudo, me detive em um detalhe: o sal.
Simples de usar, basta um punhado para dar sabor, mas, ao manusear aqueles grãos brancos, fiquei a pensar em sua simplicidade.
O sal está presente em todas as casas. É barato, necessário e, justamente por isso, muitas vezes desvalorizado. No entanto, sem ele não vivemos. Além de temperar a comida, é essencial para o funcionamento do corpo, conserva alimentos, ajuda na limpeza e até no congelamento de bebidas.
O valor do sal na história
Nem sempre foi assim. Houve um tempo em que o sal era tão raro que servia como pagamento. Daí o termo salário.
Sua extração e transporte eram difíceis, tornando-o mercadoria rara e valiosa. Só mais tarde, com os avanços técnicos, passou a ser comum e acessível.
O sal da vida cotidiana
Na vida, também temos coisas que funcionam como o sal.
Amizades, paixões, amores, carreira, desafios, hobbies: já foram preciosos, intensos, temperaram a existência, mas com o tempo, alguns perdem o brilho.
- Na carreira, os primeiros dias são cheios de entusiasmo, depois a rotina nos faz iniciar a segunda pensando na sexta-feira.
- Nas amizades, aquele amigo íntimo torna-se distante, e as respostas imediatas viram um “respondo depois”.
- No amor, o sabor da conquista se perde, e a convivência exige mais para durar.
O que realmente nutre:
O sal tempera, mas não alimenta.
É como um jantar: simples ou sofisticado, ele sempre estará presente.
Lembrei de um restaurante que fui com meu marido num navio, onde um dos “pratos” que mais despertava a curiosidade eram os “quatro sais.” Na verdade, eram quatro entradinhas feitas com pães, cremes e legumes temperados com sais diversos. Todos pediam para saber que sabores diferentes de sais poderiam existir.
Independentemente de qualquer prato, o sal está presente, mas, se servíssemos apenas sal, ninguém comeria. Ele é complemento e, em excesso, estraga o sabor.
Isso me fez refletir que, no dia a dia, devemos sim utilizar o sal, mas não como item essencial, e sim para dar aquele toque ao nosso “prato principal” que é a nossa vida.
Cuidado com os sais da vida
Assim como o sal perdeu o valor de raridade, mas segue indispensável, precisamos vigiar os temperos da nossa própria história.
A novidade, o inesperado e a surpresa são bem-vindos, mas o sabor que permanece depende de nós.
O gosto da sua vida é você quem dá. O resto é complemento.
Por isso, vejamos o que andamos valorizando demais e que, lá na frente, corre o risco de se banalizar.
Dose o sal, use, ponha em sua vida, mas nunca se esqueça: o sabor principal sempre será você.
Agora me fale um pouco sobre você: qual é o “sal” da sua vida hoje?
O que tempera seus dias e dá sabor à sua rotina?
Como sempre, belíssimo texto. Parabéns!!
Suas crônicas estão mais saborosas a cada semana, querida.
Está acertanto em cheio no tempero.
Sem dúvida, assim como na vida, a mão de quem tempera é que irá definir o sabor.
Grata!
Abraços,
Helenita
O sal tempero essencial tão bem descrito por nossa amiga escritora é para mim o tempero da vida .sal é comemorar e brindar momentos, é dá risadas nos alegres encontros, é preparar uma mesa para receber com carinho e afeto. O amor deve ter sempre o sal da conquista e da partilha.