
As ruínas visíveis e invisíveis que nos transformam
Passeando por cidades que foram bombardeadas durante a Segunda Guerra Mundial, me deparei com muito mais do que monumentos históricos — encontrei respostas para perguntas profundas sobre a vida, a dor e a reconstrução. Uma dessas cidades foi Liverpool, berço dos Beatles, que nasceram no pós-guerra e talvez por isso sempre cantaram sobre paz e esperança.
Em Liverpool, as ruinas da Igreja de St. Luke continuam de pé, mostrando que mesmo depois de uma devastadora guerra ainda há beleza e fé no que restou.
Em outras cidades europeias por onde passamos, há homenagens aos que lutaram por liberdade. Algumas construções destruídas foram mantidas como estão: ruínas preservadas, para lembrar o que jamais deve ser repetido. Elas são marcos do passado e, ao mesmo tempo, espelhos de nós mesmos.
O que uma tragédia deixa para trás?
Guerras, desastres, doenças, lutos, grandes decepções… Toda tragédia — por mais pessoal ou coletiva que seja — deixa marcas profundas. Algumas cidades se reergueram com alicerces mais fortes. Outras optaram por deixar partes destruídas como alerta.
E nós? Como nos refazemos após uma reviravolta?
O que sobra de nós depois do que parece ter nos quebrado?
As ruínas internas: cicatrizes que não se apagam
Assim como os escombros que visitei, as nossas dores deixam cicatrizes.
Quem perdeu alguém querido, vive com saudade, quem sofre uma decepção, pode demorar a confiar de novo (ou nunca mais), quem enfrentou um trauma, se torna mais vulnerável ou quem adquiriu uma doença crônica, aprende a lidar com a fragilidade do corpo… Quem foi impactado por grandes tragédias (como os sobreviventes de Brumadinho, que até hoje esperam por justiça )carrega o peso do que não volta.
As experiências moldam quem somos. E mesmo quando tudo desmorona, algo sobrevive: nós mesmos.
A força silenciosa de recomeçar
O tempo ajuda, mas não resolve tudo.
O que nos reergue, de verdade, é uma força silenciosa e misteriosa que existe dentro de cada um.
Somos sobreviventes daquilo que achamos que não suportaríamos.
E mesmo quando estamos em ruínas, podemos nos tornar monumentos da própria superação.
Assim como cidades que reconstruíram suas ruas, edifícios e almas, também podemos nos refazer. Podemos criar novos projetos, novos sonhos, novos caminhos.
Conclusão: Somos o que sobra — e isso basta
Depois de uma grande reviravolta, o que sobra pode parecer pouco. Mas é justamente esse pouco que importa.
De ruínas, podemos levantar estruturas ainda mais sólidas.
De cicatrizes, podem surgir narrativas potentes e da dor, por mais estranha que pareça, pode nascer a vontade de seguir.
A vida não para — e nós também não devemos parar.
Mesmo com medo, seguimos.
Mesmo machucados, caminhamos.
E nesse passo a passo, voltamos a florescer.
E você, tem alguma dica para compartilhar quando vê que é necessário se reconstruir depois de algo ruim que aconteceu? Escreva para que outras pessoas possam se inspirar.
Um grande abraço!