Ensinamentos obtidos em navios de cruzeiros
Meus leitores, vos escrevo no meio do mar, pois estou na minha segunda casa que, ultimamente, tem sido um navio. Então, entre uma parada e outra nas ilhas caribenhas, sentei na biblioteca para redigir essa pequena crônica, que se chama navio de cruzeiros e alguns ensinamentos. Espero que nos traga algum ensinamento.
Uma das coisas boas de estar num cruzeiro é sentir constante inspiração devido à dinâmica do ambiente: convivemos com gente de toda parte do mundo e diariamente acontecem eventos interessantes, shows, jogos, passeios, desafios, musicalidade, bate-papo com pessoas estranhas e figuras caricatas (sempre presentes), ficando difícil até escolher sobre o que falar.
Passageiros americanos, canadenses e ingleses.
Neste cruzeiro os passageiros, em sua maioria, são americanos, canadenses e ingleses (que vieram no navio, que estava na Europa). Há outras nacionalidades, mas em minoria. Ser minoria, nem sempre, é ruim. Dá uma ideia de exclusividade.
Pois bem, na maior parte desses países, as baixas temperaturas, o gelo e a neve já tomam conta das paisagens e muitos deles fogem do clima frio se refugiando, um pouco, em cruzeiros pelo Caribe.
Os ingleses, com aquele comportamento muito polido, por vezes, ignoram as festividades, e não participam tanto dos eventos. Só querem tomar seu chá em paz e tudo bem. Ninguém é obrigado a nada.
Os americanos são mais afoitos. Participam de tudo, para aproveitar o investimento que fizeram. Sim, são super capitalistas e valorizam cada centavo que gastaram, afinal, trabalharam para tal.
Já os canadenses são o meio-termo. “Nem muito, nem tampouco”, como dizia minha avó. Gostam de conversar, se enturmar e são mais resistentes às bebidas.
Observei também que a maioria dos passageiros são pessoas da melhor idade, o que é louvável, por terem essa disposição em passear pelo mundo, se aventurando em locais diferentes. Quando o navio para nas ilhas, nem todos descem, alguns preferem a quietude à vibrante energia do Caribe. Quem não está familiarizado com o calor dessas ilhas, então, sofre bastante. Os que descem, andam devagarinho, saem observando tudo e tecendo comentários espirituosos e cheios de ensinamentos. Daí, o nome da crônica – navio de cruzeiros e alguns ensinamentos.
Voltando aos americanos, já que convivo mais com eles, vejo que arrastam para velhice outro grande problema, a obesidade, que é tratada como uma epidemia, nos EUA. Michelle Obama até tentou conscientizar a comunidade https://abeso.org.br/obesidade-infantil-no-brasil-interessa-michelle-obama/. Espero que, em breve, os frutos apareçam.
A invasão das cadeiras de rodas motorizadas
Como tudo nos Estados Unidos, criaram uma solução para facilitar a vida dos obesos: o uso de cadeiras de rodas motorizadas para que possam se deslocar com rapidez.
Então, se vê essas cadeira motorizadas por todo lado: nas filas para entrar e sair do navio, nos elevadores, estacionadas nas portas dos restaurantes, bares, teatro e etc. Dessa vez, a quantidade delas me impressionou. São de diferentes formatos e tamanhos, com locais para armazenar itens diversos.
Na noite passada, aconteceu um apoteótico show de Rock no teatro. Quando os shows terminam, geralmente, as pessoas saem todas de uma vez, causando certa aglomeração. Muitas, apressadas, pois têm horário marcado para o jantar. Íamos caminhando, quando ouço gritos atrás: era uma senhora dirigindo uma cadeira de rodas motorizada e pedindo passagem, dizendo que precisava tomar uma insulina, pois a glicose estava baixa (a glicose, coincidentemente, baixou após o término show). Ela vinha parecendo Lewis Hamilton (que infelizmente, não venceu o GP de São Paulo, domingo, depois de prestar tantas homenagens ao Brasil) e passou por todos em alta velocidade, pois ninguém era louco de ficar na frente daquela senhora, que deve ser fã dos “velozes e furiosos.”
Muito bem, quando chegamos ao restaurante, ela estava bem sentada na mesa, manuseando o cardápio, sem a cadeira de rodas. Não sei se ela estava falando a verdade ou não sobre a glicose, mas conseguiu a façanha de ser acomodada com brevidade.
Não é de hoje que me questiono se um dia vou precisar usar uma dessas cadeiras. Pelo fato de ver tanta gente usando, parece que o medo me contamina. É um momento de parar e repensar os hábitos alimentares, atividades físicas, de me cuidar para desfrutar uma velhice saudável.
Um susto!
Após o jantar, vimos uma outra atividade de entretenimento, onde as pessoas tinham que completar o restante da música, o que me arrancou boas gargalhadas, pois alguns participantes não tinham ideia do que estavam ouvindo. Por um momento, esqueci as cadeiras de rodas.
Fomos para o elevador. Quando estávamos de partida, a porta se abriu de novo e lá vinha outra mulher, noutra cadeira motorizada. Pelo que vi, ela usava a cadeira para se deslocar, por causa do peso. Percebi que a senhora era uma iniciante nos motores, pois entrou apertando o botão várias vezes, para fazer as manobrar a contento. Sem que ninguém esperasse, ela errou um botão e a cadeira de rodas veio com tudo esbarrando nas minhas pernas, contra a parede. Ainda bem que a cesta da cadeira era de plástico, do contrário, seria eu uma candidata a usar uma destas que tanto me causam terror.
Ela se desculpou, perguntou se eu estava bem. Duas oficialas da companhia, que estavam perto, ajudaram a afastar a cadeira, que até então, ainda me prendia. Saí, agradecendo a Deus por ter sido apenas um susto.
Força do pensamento existe mesmo?
Na calmaria da noite, embalada pelo mar, me dei conta que tinha passado boa parte do dia pensando em cadeiras de rodas e, ao final, passei por isso. Será verdade que a “força do pensamento” existe e, sem querer, eu ia quebrando minhas pernas em algo que jamais esperava acontecer?
Verdade ou não, a partir de agora, vou policiar o que penso para atrair apenas coisas boas acontecerem e recomendo que façam o mesmo!
Tbm já me questionei sobre a força do pensamento. Na dúvida, pq não pensarmos coisas positivas ?
Amo textos que nos fazem refletir
Obrigada, minha querida! É verdade! Vamos direcionar nossos pensamentos somente para o que é agradável! Beijos!
Como sempre, nos encanta, com seus contos, eu lia e imaginava, tudo o que vc relatava. Obrigada, por nos presentear com suas palavras maravilhosas
Obrigada, querida Edilza! que Deus lhe abençoe sempre!!! Beijos.