Arquivos sociedade - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/sociedade/ Cultura e Conhecimento Tue, 31 Oct 2023 21:46:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Tradução de violência: uma reflexão https://blogdosaber.com.br/2023/10/31/traducao-de-violencia-uma-reflexao/ https://blogdosaber.com.br/2023/10/31/traducao-de-violencia-uma-reflexao/#respond Tue, 31 Oct 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3043 Ler mais]]> História

Conhecer a história da nossa civilização é o primeiro passo para tentar entender a violência. Pensando a partir da teoria evolucionista, podemos analisar o primórdio do homem como um ser muito próximo a qualquer outro animal selvagem, certo? Disputa pelo alimento, pelo território, pela sobrevivência. Ou seja, barbárie. 

O jurista e antropólogo J. J. Bachofen é precursor das teorias sobre o matriarcado. Segundo ele, a maternidade seria a fonte das culturas, ou melhor, o que teria possibilitado a eliminação do barbarismo e, portanto, a criação das sociedades. Desse ponto de vista, evidenciamos um perfil mais benevolente da mulher em relação ao homem?

Bom, estudos mostram que as primeiras sociedades não eram nem matriarcais nem patriarcais, mas apresentavam tendências que ora tangenciavam os primeiros ora, os últimos. E que, apesar das mulheres terem sido mais dominantes e terem tido mais influência na esfera econômica nas sociedades de horticultura, elas acabavam caminhando em direção ao assentamento residencial e à agricultura de arado, que eram dominados pelos homens. Seria uma dificuldade das mulheres se adaptar a sistemas competitivos, exploradores e técnico-econômicos, típicos das sociedades “patrilineares”? Talvez.

Propriedade e domínio

O filósofo, sociólogo e antropólogo, Friedrich Engels, teoriza que à medida que se institui a propriedade privada e a ideia de garantia de repasse aos herdeiros, institui-se também o casamento monogâmico, assim como, segundo o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o tabu do incesto. Dessa forma, inicia-se o controle da sexualidade feminina. Assim, inicia-se a submissão e a passividade feminina?

Trecho extraído da obra de Gerda Lerner, A Criação do Patriarcado:

“A primeira oposição de classes a aparecer na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher em casamento monogâmico, e a primeira opressão de classes coincide com a do sexo feminino pelo sexo masculino.”

Demonstrar domínio sobre alguém: seria essa a tradução para qualquer tipo de violência praticada? Teria sido a redução do papel da mulher, dentro de uma sociedade, à maternidade a forma primeva de violência? Justamente ao papel que seria aquele o mais digno e essencial para a criação de uma sociedade?

Mas, então, como se mantém uma civilização onde todos querem dominar alguém? Ter mais que alguém, ser mais que alguém. Trata-se de uma sociedade sustentável ou de uma pirâmide? Será que é nesse ponto que ela se fragmenta?

Aproveite para ler também A unidade fragmentada: de Freud a Butler.

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Fazendo a Barba https://blogdosaber.com.br/2023/10/24/fazendo-a-barba/ https://blogdosaber.com.br/2023/10/24/fazendo-a-barba/#comments Tue, 24 Oct 2023 12:00:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=2981 Ler mais]]>
Cena cotidiana de um homem fazendo a barba.

Vinha eu fugindo do congestionamento comum ao horário de pico ou, como dizem, a “hora do rush” nas imediações do Midway Mall. Apressada, peguei um atalho pela Alberto Silva fazendo a curva para a Joaquim Inácio para acessar minha garagem. Foi quando me deparei com uma cena que capturou minha atenção, mesmo que por um breve instante: Era um homem jovem sentado no calçamento de um dos muitos edifícios de Natal, segurando um caco de espelho. Com um barbeador descartável, fazia a barba.

A cena me fez lembrar meu pai, meus irmãos e meu marido. Quantas vezes não os flagrei nessa delicada atividade, com seus produtos perfumados espalhados pela pia, em meticulosos movimentos, deixando a pele lisa, com uma aparência mais agradável, e, acrescentaria, de asseio. (Vale salientar que nada tenho contra quem cultiva a barba).

 Continuando meu caminho, a estradinha da rua Joaquim Inácio não é asfaltada. Muitos paralelepípedos estão irregulares formando pequenas crateras. Toquei levemente o pedal do freio e desci a rua lentamente não somente para que não maltratasse tanto o carro, mas, principalmente, para ganhar mais tempo e, assim, poder contemplar um pouco mais aquela ação.

Ao terminar, o jovem homem pegou um pouco de água numa garrafa plástica que estava em meio aos seus pertences e banhou o rosto. Finalizou assim seu barbear.

Uma cena cotidiana apresentada num cenário inusitado: Barbear-se a céu aberto.

Nosso protagonista era um morador de rua, um sem-teto. Alguém, que por inúmeros motivos, naquele instante, não teve condições de estar no banheiro de uma residência se barbeando, como meu pai, meus irmãos, meu marido.

Morador de rua, sem-teto, pessoa em situação de rua.

Sei que alguns leitores podem torcer o nariz, pois não escrevi o termo “pessoa em situação de rua.” Tal termo foi criado por alguém que pensou que dando uma nomenclatura bonita resolveria ou minimizaria o problema.  Ledo engano. No caso em comento, somente um teto, um ambiente com o mínimo de infraestrutura poderia dar àqueles em semelhante situação, um direito assegurado em nossa Constituição Federal, o direito à moradia.  Palavras bem elaboradas, sem ações, nada resolvem.

Atitude positiva – Fazer a barba.

Entretanto, o que mais me chamou a atenção em toda a cena foi a atitude positiva daquele homem. Independentemente do problema maior, ele era ciente de sua dignidade como pessoa. Por isso, parou num local em que se sentia à vontade para cuidar de si da melhor forma que pôde. Ao fazer a barba ele buscou melhorar sua imagem para ele mesmo, para a sociedade. Sem pudores ou acanhamento, fez o que precisava ser feito no meio do nada, aliás, no meio de sua casa que, no momento, era em qualquer lugar.

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O jovem contemporâneo: um sujeito sem lei? https://blogdosaber.com.br/2023/09/12/o-jovem-contemporaneo-um-sujeito-sem-lei/ https://blogdosaber.com.br/2023/09/12/o-jovem-contemporaneo-um-sujeito-sem-lei/#comments Tue, 12 Sep 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=2468 Ler mais]]> A violência e a lei

Como foi abordado no artigo Projeto Eu Me Protejo: a luta contra a violência sexual infantil, as vítimas mais prováveis de violência são os jovens, especiamente os menores de idade, cujos registros de estupro representam 68% de todos os registros no sistema de saúde. Sendo as mais vulneráveis vítimas, acabam se encaixando também como aqueles que mais provavelmente praticarão violência. 

Em Expressões: a arte e a coragem, refletimos sobre o senso de coletivo como pré-requisito para a construção e manutenção de comunidades. Afinal, quando falamos de civilização, tratamos de ideias voltadas para um conjunto, para “o bem de todos”, não do indivíduo isolado. Socializar requer regras, maneiras, etiqueta. Porque quando vivemos em comunidade, é preciso respeitar as diferenças e, muitas vezes, deixar de lado o que pensamos ou sentimos.

Só que, para que exista uma sociedade com regras etc, é preciso que haja a lei. Assim como nas religiões os padres, pastores e profetas são aqueles que pregam “a verdade”, os políticos são os representantes legais de uma nação que disseminam o que pode e o que não pode, os direitos e deveres.

Sociedade moderna e frustrada

Então, chegamos em um ponto crítico da sociedade moderna: a crise da autoridade. Entramos numa época em que qualquer um se sente confortável o suficiente para se colocar numa posição acima da lei. Segundo o escritor e psicanalista Contardo Calligaris, em sua obra Hello, Brasil!, isso teria tido origem entre o fim do século XVIII e o início do XIX, quando “a infância se constitui no Ocidente como uma época protegida e separada da vida adulta”. Calligaris também coloca que a criança teria se tornado uma peça central na família, onde os adultos projetam os seus anseios e desejos. Desejo de que a criança realize o que o pai e a mãe não conseguiram realizar. 

Somado a isso, quando entramos em países como o Brasil, nos quais a maioridade acaba tendo um caminho prolongado, os jovens passam muito tempo sob a jurisdição única dos próprios pais. Pais, estes, frustrados com um Estado que não dá conta de seus desejos. Internet, redes sociais, tudo entra para escancarar essa frustração e provar que, aqui, vale tudo. Vale tudo, exceto a lei.

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Despedaçados: a dor da perda de um filho https://blogdosaber.com.br/2023/08/15/despedacados-a-dor-da-perda-de-um-filho/ https://blogdosaber.com.br/2023/08/15/despedacados-a-dor-da-perda-de-um-filho/#respond Tue, 15 Aug 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=2153 Ler mais]]> Uma mulher aos pedaços

O filme Peaces of a Woman, de 2020, que rendeu à protagonista o Volpi Cup do Festival de Veneza e acabou sendo adquirido pela Netflix, traz o drama de uma família durante um parto caseiro e após a perda do recém-nascido. Bom, na verdade, de acordo com o título do filme, o trauma é focado na mãe que vê o filho morrer em seus braços, nessa mulher que se despedaça enquanto enfrenta o luto. 

É bem verdade que a forma de sentir dor proveniente da perda em uma mãe e em um pai é diversa. Afinal, uma carrega a criança em seu próprio útero e o outro, não. Uma sente literalmente o bebê dentro de si, todas as suas necessidades, e o outro, não. Uma vê seu corpo transformado pelo desenvolvimento de um feto e o outro, não. Uma sente as consequências da liberação de hormônios que o outro jamais sentirá. E apenas o fato de uma se tratar de uma mulher e o outro, de um homem, já supõe backgrounds completamente diferentes e, portanto, expectativas em relação a um filho provavelmente bem distintas também. Quando pensamos nas suas classes sociais, então, tão opostas: dois pesos, duas medidas.

O peso da dor

Mas, quando falamos de quantidade de dor, estamos tratando de algo extremamente subjetivo, sendo proporcional ao quanto de exposição alguém é submetido ao tema. Pela falta ou pelo excesso. Quando somos recebidos no pronto-socorro de um hospital, por exemplo, é protocolo nos questionarem o quanto de dor sentimos numa escala de um a dez. Agora, imaginemos um homem e uma mulher, ambos envolvidos na gravidez, vivendo a doce espera todos os dias daqueles nove meses. Eles acabaram de perder o seu bebê no parto. Quanto você acha que cada um vai indicar de dor se lhes perguntarem? 

Um pai segurando o seu bebê

O relacionamento do casal antes e durante a gravidez não é evidenciado, mas o filme deixa claro que existe um companheirismo entre os dois e uma entrega à maternidade/paternidade até o momento do parto. Também é possível observar que ambos sofrem e que ele segue tentando manter uma parceria com a companheira, que não consegue dar uma resposta à altura.

As formas do luto

A protagonista se fecha, não dialoga com o parceiro e acaba optando por sofrer calada, sozinha. Sem resposta, ele, cujo passado o filme vai revelando que foi um tanto quanto conturbado, acaba não conseguindo sustentar a superação do seu antigo vício. Outras problemáticas vão se desencadeando a partir daí, envolvendo agressão, traição e suborno.  Assim, vemos as diferentes formas de viver o luto. 

Apesar de uma gravidez ocorrer no corpo de uma mulher, isso não quer dizer que outras pessoas não possam se envolver e sofrer junto com essa futura mãe. A gente acaba evocando um maior respeito pela mulher nessas situações, talvez, porque ela sofra de uma maneira mais aceitável pela sociedade: calada, quieta, “deserotizada”. Mas a maneira como a mulher sofre, em geral, conta muito da sua história dentro dessa sociedade, conta da sua natureza. Da mesma forma, a maneira como o homem sofre também mostra a sua história, a sua natureza.  

Talvez seja preciso desconstruir algumas ideias, reconhecermos a importância de cada indivíduo independentemente de seu sexo ou de suas escolhas. No final das contas, estamos todos no mesmo barco, todos desesperados para acertar, para viver a vida da melhor maneira possível. 

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Ansiedade: Por que o Brasil lidera o número de casos? https://blogdosaber.com.br/2023/07/04/ansiedade-por-que-o-brasil-lidera-o-numero-de-casos/ https://blogdosaber.com.br/2023/07/04/ansiedade-por-que-o-brasil-lidera-o-numero-de-casos/#comments Tue, 04 Jul 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1864 Ler mais]]> Tentando captar uma cultura

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com mais casos de ansiedade no mundo. Em média, uma em cada cinco pessoas, aqui, é acometida pela doença. É interessante pensar: por que o Brasil está em primeiro lugar nesse ranking?

O país tropical é uma das maiores economias do mundo. Mas, apesar de estar na 13ª posição dos países com maior PIB, o Brasil ainda é um Estado subdesenvolvido, apresentando-se na 87ª posição do ranking de desenvolvimento humano. Essa é uma contradição interessante e significa que a concentração de riquezas se encontra com uma fina fatia da população.

Claro que a pobreza aliada à insegurança do que há por vir – violência, instabilidade financeira, saúde precária etc – já podem por si sós serem grandes contribuintes para esse mal-estar. Mas, venhamos e convenhamos, esse é um problema que já enfrentamos há séculos, certo? Sem falar que diversos outros países passam pelas mesmas situações. E, então, mais uma vez eu pergunto, o que faz do Brasil o maior caso de ansiedade do mundo?

Sobre o tempo de processamento

O que vem mudando recorrentemente em nossas vidas? O tempo, talvez? Mais especificamente, a noção de tempo. “Meu Deus, o tempo está voando”, “gente, mas já chegou o natal novamente?”: esse é o novo papo de elevador. Chega de falar do clima! O negócio, agora, é falar do cansaço acumulado, do “graças a Deus, é sexta” ou “estou só pelas 17h”. Mas e o que faz criarmos essa relação com o tempo?

Bom, à medida em que a tecnologia toma mais conta das nossas vidas, mais informações chegam até nós em espaços de tempo cada vez menores. Pensemos em um computador ou um smartphone. Quanto mais informações guardamos neles, mais lentos eles vão ficando, certo? Porque é muito conteúdo para processar. E os processadores vão ficando obsoletos e sendo substituídos por novos e mais rápidos.

Nós somos como processadores. Mas, em vez de sermos substituídos, afinal nossa vida útil é bem extensa, vemo-nos obrigados a nos adequar às novas quantidades de informações que vão chegando. Então, dá o ‘tilti’, que nem quando a ampulheta fica girando na tela do computador. Só que, dadas as devidas proporções, os nossos ‘tiltis’ devem durar mais do que os virtuais.

Se dando conta…

A grande sacada é que as informações que entram em nós passam pelo filtro da psique, ou seja, nada que importa para nós passa desapercebido. Nada. Tudo é processado, analisado e convertido em sentimentos. E, tendo em vista que vivemos em um mundo onde o dinheiro, não somente garante a sua sobrevivência, mas define o que você é na sociedade, a vida das pessoas passa a girar em torno disso.

Quantas mais informações recebemos, mais temos noção das diferenças sociais. Mais sabemos o quanto o outro ganha e o quanto eu estou deixando de ganhar. Afinal, o que o outro está fazendo que eu poderia estar fazendo também? A percepção de tempo gira em torno das possibilidades. Hoje, há muitas mais opções do que já se teve uma vez. Opções de trabalho, de lazer, de estudos. E nós queremos experimentar todas. Ou, pelo menos, uma boa parte, para, enfim, aumentar as nossas chances de sermos ‘bem sucedidos’.

Sucesso: um projeto ambicioso

Sucesso é o que todos procuram. O que seria, em outras palavras, a própria felicidade. Mas, afinal, o que é ter sucesso? Naturalmente, o sucesso é atribuído a um montante de dinheiro. Mas que montante é esse? Muito, pouco, caro, barato são termos subjetivos e que necessitam de um referencial. Ninguém, na verdade, sabe muito bem sobre as cifras. Algumas delas estão tão fora da nossa realidade que fica até difícil saber o que fazer com tanto dinheiro. O que sabemos é que queremos mais, cada vez mais. Porque sempre que atingimos um objetivo, imediatamente criamos outro para perseguir.

E se alguém ganha dinheiro “fácil”, por que vou me esforçar pra ganhar o meu? Também quero fácil! Com o escancaramento da vida social das pessoas nas redes, a inveja vai sendo atiçada – para entender mais sobre a inveja, leia o artigo A arte do divertimento – Por que se divertir parece tão fácil, mas sentimos como se não fosse? – e o que sinto como vazio vou tentando preencher com o que a internet me oferece. Se você não tiver filtro, vai querer tudo o que aparecer na frente.

Outro ponto é que no Brasil os salários em empresas privadas, especialmente nas familiares, não costumam acompanhar a formação e, muitas vezes, o potencial do empregado. A ausência de planos de carreira e as avaliações de desempenho mal executadas podem acabar contribuindo para as insatisfações no trabalho.

Em outros casos, escolhe-se um cargo público em busca de um salário mais rentável e de uma carreira estável, mas o sujeito corre o risco de acabar caindo no tédio. O resultado é que temos uma população que em sua maioria não está feliz com as suas ocupações. E estamos falando de empregos de 40 a 44 horas semanais. O ambiente de trabalho é onde passamos a maior parte do nosso tempo. Quando colocamos tudo isso na ponta do lápis, é frustrante. Parece não valer a pena. Para entender mais sobre frustrações no trabalho, leia o texto Por que fazem corpo mole? Entendendo a dialética do reconhecimento.

Fazendo escolhas

Bom, então, seja por um motivo seja por outro, temos basicamente três possíveis saídas: desistir e deixar como está, persistir no mesmo lugar ou persistir em outro lugar. Quando a gente desiste, a gente se entrega, é como se a gente morresse por dentro. Então, aqui, surge um foco de melancolia e possível depressão.

Por outro lado, quando a gente persiste, existe uma tendência de que o pensamento não acompanhe as ações. Daí, o foco, a princípio, é de ansiedade. Porém, persistir no mesmo lugar lhe gera um cansaço maior, pois não há formas de alívio: é uma frustração atrás da outra. Já, quando persistimos em lugares alternados, enchemo-nos de gás a cada novo ambiente, a cada novo desafio. E aí está a diferença entre ter esperança e não ter. Afinal, já dizia Eclesiastes 9:4 “enquanto há vida, há esperança”.

Mas persistir nos interesses do vizinho pode nos levar por um caminho muito mais extenso e frustrante. Por isso a importância do indivíduo entender o que ele quer, o que o atrai, o que, de fato, o satisfaz, independente do outro. Não que ele esteja livre de todo o mal. Mas o mal pode durar mais ou menos, pode ser mais ou menos doloroso.

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Uns com tanto, outros com tão pouco: as diferenças culturais perante o caos https://blogdosaber.com.br/2023/06/27/uns-com-tanto-outros-com-tao-pouco-as-diferencas-culturais-perante-o-caos/ https://blogdosaber.com.br/2023/06/27/uns-com-tanto-outros-com-tao-pouco-as-diferencas-culturais-perante-o-caos/#respond Tue, 27 Jun 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1806 Ler mais]]> O que não faz uma pandemia?!

No Japão pós pandemia, desde março, quando o uso de máscaras deixou de ser obrigatório, popularizou-se um curso para exercitar o sorriso. A hora/aula custa em torno de 55 dólares, servindo para fortalecer os músculos faciais e ajudar os seus alunos a se acostumarem com o riso novamente.

Durante a pandemia de Covid-19, muitos hábitos foram extintos e outros colocados em seus lugares. Foi um momento de readequar as nossas rotinas: o uso de máscaras, o isolamento social, as compras online, as aulas à distância. Tudo isso acompanhado de notícias trágicas e de desesperança. Era o fim do mundo!

Alguns países mais e outros menos enrolados em leis e metodologias de tratamento e profilaxia. Alguns países com mais e outros com menos mortes. Alguns com mais e outros menos contaminações. Dependendo de onde você estivesse, você poderia estar mais ou menos isolado, mais ou menos melancólico. Mas, dependendo do que, afinal? Da cultura, claro.

As leis falam sobre um povo

A verdade é que as leis são reflexo da sociedade. As legislações vão se implementando conforme a permissividade. Quando as pessoas de uma sociedade, por exemplo, tendem a ser mais individualistas, mais fácil será de adotarem regras que convergem para a individualidade. O Brasil, por exemplo, assim como a maioria dos países latinos, é conhecido pelo calor humano. As pessoas gostam de abraçar, de beijar, enfim, do toque. O Japão, por outro lado, é uma nação pouco calorosa.

Enquanto no Japão e outros países economicamente desenvolvidos o uso de máscara e o isolamento eram comuns, no Brasil as pessoas não sabiam muito bem o que fazer em relação a isso. Longe de uma necessidade de obedecer às autoridades, tratava-se mais de uma mistura dos sentimentos de medo (da morte) e do desejo de manter o calor humano, de manter o que já fazemos naturalmente, de manter o laço (bem apertado).

A irreversibilidade da personalidade

Mascarados, nós brasileiros aprendemos a rir com os olhos e a cumprimentar com as piscadelas! Já as aglomerações, apesar de tratadas como algo proibido, não eram nada que o jeitinho brasileiro não pudesse dar um jeito! Que fosse a céu aberto, com máscaras abaixo do nariz, parcelando ou reduzindo o número de convidados. Nós aprendemos a fazer de um jeito que se encaixasse em uma brecha do que as autoridades divulgavam.

O japonês vem de uma cultura que, além de contar com a disciplina, é mais fechada, de pouco toque, de pouco riso. O isolamento apenas intensificou o que já era inato. Nesses casos, o uso de máscaras pode inclusive ser uma forma de fuga em massa do contato social. Por isso a necessidade das aulas de prática do sorriso ao retornar da tormenta. Prática de algo que não tem lugar de pertencimento. Muito diferente do que representa para nós do país tropical. Assim, tormenta para uns e não tão atormentador para outros.

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A fragilidade dos sexos na era do empoderamento feminino e das “machosferas” https://blogdosaber.com.br/2023/06/20/a-fragilidade-dos-sexos-na-era-do-empoderamento-feminino-e-das-machosferas/ https://blogdosaber.com.br/2023/06/20/a-fragilidade-dos-sexos-na-era-do-empoderamento-feminino-e-das-machosferas/#respond Tue, 20 Jun 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1745 Ler mais]]> A gigante acordou

O empoderamento da mulher nas sociedades atuais tem mudado conceitos e evidenciado extremismos. Apesar dos números referentes ao feminicídio e à violência doméstica voltada para a mulher terem aumentado nos últimos anos, a valorização das conquistas do feminino segue no mesmo ritmo. Isso seria uma resposta das mulheres aos casos policiais ou os casos policiais seriam uma resposta dos homens a esse empoderamento? Ou, ainda, teriam os casos policiais apenas mudado de nomenclatura, de homicídio para feminicídio?

Enquanto as mulheres têm descoberto e exercido um poder que elas não faziam ideia que tinham dentro das sociedades patriarcais, os homens simplesmente não sabem o que fazer em relação a isso. Dentro de uma sociedade fálica, aos sexos são atribuídas tarefas, papéis e trejeitos diferentes. Quando o poder é dado ao sexo que não o possuía, existe algo de excitante. Já quando ele é retirado daquele que o possuía, existe algo de frustrante.

Sexos frágeis

As mulheres excitadas querem cada vez mais o que elas descobriram e os homens frustrados, em contrapartida, estão apavorados. Alguns, mais passivos, vão tentar entender o que se passa e, quem sabe, adaptar-se a essa nova mulher. Já outros, mais ativos e dominadores, vão entrar na negação do fato.

Mas, de fato, não é fácil ser homem ou mulher. Talvez, nunca tenha sido. Todos nós, antes de mais nada, somos seres humanos. Seres reprimidos, traumatizados, que têm dúvidas, que se contradizem. Nós somos vulneráveis, sejam os passivos sejam os ativos. O empoderamento da mulher possui pelo menos dois pontos de fragilidade:

  1. Por enquanto, em termos gerais, a mulher tem sido poderosa apenas para ela mesma. Enquanto os homens não entenderem ou se adequarem ao novo papel da mulher na sociedade contemporânea, esse papel continuará sendo negligenciado nas esferas políticas, sociais, profissionais e pessoais;
  2. Nesse novo papel, a mulher também se acha perdida, assim como os homens. É difícil definir até que ponto elas podem ou devem ir. É aquela história de quando o poder sobe à cabeça. “Posso me vestir como eu quiser!”. Mas será que é bem assim?
Direitos e deveres

Configura o crime de ato obsceno, a “manifestação de cunho sexual praticada em local público ou aberto ao público, capaz de ofender o pudor médio da sociedade”. Pudor médio da sociedade. O que isso quer dizer? Muitas coisas! A variar com a perspectiva de cada um. Mas pensando no “mediano” e que a sociedade brasileira é constituída em maior parte por pessoas educadas a partir de uma fé religiosa de natureza cristã, poderíamos dizer que o ato de andar pelas ruas despido, semidespido ou evidenciando genitálias ou zonas erógenas configuraria crime? É provável, não? Mas, na contramão disso, as mulheres vão se vestindo de forma cada vez mais erotizada. E, pasmem, elas não são penalizadas por isso.

Mas os deveres não deveriam ser iguais também? Pois é. É nesse ponto, por exemplo, que a coisa é desvirtuada. Ou melhor dizendo, distorcida. Passar a ter poder significa ter mais poder que o outro? Não deveria, certo? Não, se o discurso é “direitos iguais”. Poderíamos estar falando de abuso de poder, então?

Parece que os excessos levam ao nada

É provável que o “abuso” por parte das mulheres seja o principal fator que contribui para a formação de “machosferas” como a Red Pill, grupos de homens com pensamento conservador, que denigrem a mulher em seu novo papel, e com maioria decidida a não ter mais relacionamentos duradouros com elas. Ou seja, é a contraofensiva. Afinal, grupos reativos só surgem a partir de movimentos radicais. Da mesma forma, a alta no número de feminicídios pode também estar ligada a essa contraofensiva.

Ou não. Talvez, esse número apenas esteja aos poucos se tornando oficial. Antes do poder, as mulheres simplesmente aceitavam o que estava determinado pela sociedade para elas. Raras se separavam ou pediam o divórcio. Mas, com a criação de leis voltadas para mulheres e as redes sociais para propagar os absurdos sofridos por elas, perceberam que unidas eram mais fortes. Com os depoimentos vindo à público, outras mulheres vão se sentindo mais à vontade ou seguras para também contarem as suas próprias histórias e para se imporem.

Por um ou por outro, o fato é que todos estamos tendo que lidar com mudanças extremamente significativas: o abuso de poder das mulheres, a contraofensiva masculina, a desconstrução do masculino e do feminino e ainda o abuso de poder dos homens, nas mais diversas esferas da sociedade. É um momento confuso e cada um busca reencontrar o seu próprio papel. É como se estivéssemos, nesse momento, desrotulados e, por mais que ainda haja quem tente dar rótulos, eles simplesmente não cabem em nós. Não mais. Somos como peixes fora da água, mas à margem dela. Temos tudo e não temos nada. Somos tudo e não somos nada.

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Como a gratidão pode mudar sua vida https://blogdosaber.com.br/2023/06/19/como-a-gratidao-pode-mudar-sua-vida/ https://blogdosaber.com.br/2023/06/19/como-a-gratidao-pode-mudar-sua-vida/#respond Mon, 19 Jun 2023 11:32:38 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1740 Ler mais]]> Ela pode te conduzir à vida plena

Agradecer é uma atitude que pode transformar o coração e iluminar os olhos para enxergar as muitas riquezas e dons que Deus oferece à humanidade. Essa atitude também pode levar ao reconhecimento do bem que se recebe do próximo e fortalecer o sentido de reverência e respeito. Além disso, a gratidão pode criar e consolidar vínculos de proximidade e reciprocidade. Por isso lhe convido a ler o texto a seguir e descobrir como a gratidão pode mudar sua vida.

A gratidão pode ajudar a curar sentimentos negativos como a soberba, a inveja e o orgulho (três dos sete pecados capitais), que são venenos para a vida pessoal e para a sociedade como um todo. Esses sentimentos podem levar a dinâmicas desastrosas de disputa, ódio e individualismo. A gratidão também pode dissipar os males que enfraquecem a compaixão e intensificar o sentimento de empatia.

Fazemos parte da mesma teia

Nós, seres humanos, somos essencialmente seres dependentes. Já fomos comparados a outros seres vivos, desde  abelhas até vírus , mas talvez  o ser  a que mais nos assemelhamos sejam os liquens, que são o produto da simbiose entre duas outras espécies, as algas e os fungos. Nós somos tão assim e dependemos tanto uns dos outros que, se tirarmos os outros,  deixamos de ser o que somos, e talvez nem possamos existir.

A maior parte da nossa vida é determinada pelo destino e não pelo nosso simples desejo. Segundo o filósofo chinês Confúcio (século 6 a.C.) a única coisa que depende exclusivamente de nós é o nosso caráter. Não podemos escolher se seremos saudáveis ou doentes, mas podemos escolher se teremos ou não coragem para enfrentar a doença.

A traição ocorre quando usamos nossas ações de maneira ingrata para obter uma vantagem, em vez de assumir a responsabilidade por nosso próprio destino.

Temos o poder de escolher sermos gratos

Embora não possamos escolher o nosso futuro, podemos escolher ser gratos, independentemente do que aconteça conosco. Portanto, gratidão não é apenas agradecer ou expressar reconhecimento pelo favor recebido. Ser grato é compartilhar e dividir o que temos com os outros. Gratidão envolve reciprocidade. Gratidão é uma forma de dizer amor. Agora você já sabe como a gratidão pode mudar sua vida.

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Bom senso: uma doce ilusão ou uma boa desculpa? https://blogdosaber.com.br/2023/04/11/bom-senso-uma-doce-ilusao-ou-uma-boa-desculpa/ https://blogdosaber.com.br/2023/04/11/bom-senso-uma-doce-ilusao-ou-uma-boa-desculpa/#respond Tue, 11 Apr 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1242 Ler mais]]> Tudo é bom senso!

Quem não adora enfiar o bom senso no meio das sentenças que atire a primeira pedra! A gente mete o bom senso em cada situação… Mas é que o bom senso, a princípio, parece justificar um monte de coisas. O problema é que, analisando minuciosamente, ele diz muito sobre quem fala, mas não sobre de quem se fala. E, no final das contas, não se chega a solução alguma. 

Onde não há regras, não há bom senso

O fato é que o bom senso não existe sem regras, educação ou orientação. A gente não para pra pensar que o bom senso é sempre em relação a alguma coisa. Algo que já existe e que, conforme padronização, estudos ou indicação, é feito ou dito de determinada maneira. Convido-lhe a lembrar do menino Mogli, criado por animais em meio à selva. Imaginemos que ele venha para o centro urbano, pergunto: o que será bom senso para Mogli? Percebe?

Certo, agora, voltemos aos humanos criados por outros seres humanos. Se pensarmos no homem e na mulher, já conseguimos visualizar diferenças significativas de comportamento, provenientes da forma como um menino e uma menina são criados dentro de uma sociedade. Em geral, nos estados patriarcais, as mulheres são mais higiênicas, organizadas e cuidadosas do que eles. Afinal, desde pequenas, elas brincam com bonecas, tratando-as como se fossem suas próprias filhas, são orientadas dentro da cozinha e ajudam suas mães com as atividades domésticas.  

Lidando com as diferenças

Enquanto isso, os meninos são normalmente atraídos para um outro universo: de brincar de carrinho, de auxiliar o pai nos trabalhos domésticos, que incluem manutenção e limpeza do carro, bricolagem, manutenção predial ou, em muitos casos, apenas brincar de carrinho mesmo. Então, pergunto: o bom senso para a mulher vai ser o mesmo bom senso para o homem? Quando se casam e começam as discussões, um acusa o outro de falta de bom senso. Interessante, não? 

O mesmo ocorre quando estamos no mundo corporativo. O que é uma organização empresarial? É um ambiente contendo pessoas de diversos backgrounds e, portanto, de pontos de vista diferentes. Não dá pra esperar que essas pessoas tenham bom senso se bom senso é relativo. É preciso orientá-las, educa-las e supervisiona-las, como os nossos pais fizeram conosco um dia.  

Alguns dizem que educação vem de casa, outros jogam a responsabilidade para as escolas. Mas a realidade é que vivemos num país onde tanto a educação em casa quanto na escola é precária. O que esperar, então, das pessoas? Nada. Assim, se você está tendo dificuldades em transformar a cultura na sua empresa, comece tentando mudar a sua própria.  

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Poder e submissão: https://blogdosaber.com.br/2023/03/28/poder-e-submissao-ate-que-ponto-o-estado-e-efetivo-contra-a-violencia-domestica/ https://blogdosaber.com.br/2023/03/28/poder-e-submissao-ate-que-ponto-o-estado-e-efetivo-contra-a-violencia-domestica/#respond Tue, 28 Mar 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1134 Ler mais]]> Até que ponto o estado é efetivo contra a violência doméstica?
Crime contra a mulher

A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 21 um projeto de lei voltado para a proteção de mulheres vítimas de violência. Para mais informações sobre o projeto, acesse https://www.camara.leg.br/noticias/947084-camara-aprova-projeto-que-determina-protecao-imediata-a-mulher-que-denuncia-violencia.

Em meio a tantas notícias de feminicídio no Brasil, torna-se realmente necessário tomar algumas atitudes mais drásticas. Isso não quer dizer que o alto índice de feminicídio seja uma novidade aqui no país.

A questão é que o número de denúncias feitas por mulheres contra violências causadas por atuais ou ex parceiros tem aumentado.

Como viralizar?

Quando os assuntos se tornam manchete, eles ficam em evidência, e quando passamos a ver evidências de algo que ainda não havíamos parado para prestar atenção, ele se torna novidade.

Assim, quando uma grande quantidade de pessoas entende como novidade, o assunto é repercutido ou, na linguagem atual, viralizado.

E a moral da mulher, onde fica?

No caso da violência doméstica, soma-se o fato de que se trata realmente de um assunto que acomete grande parte das mulheres. Porque violência doméstica não inclui apenas agressão física, trata-se também de moral.

A desmoralização da mulher dentro de um núcleo familiar é um dos temas mais abordados na clínica psicanalítica. Essa desmoralização começa quando o homem diminui o papel da mulher dentro da sociedade ou de sua própria casa:

O trabalho dela não é importante, ela ganha uma mixaria, ela não sabe cozinhar, ela não cria bem os filhos, ela não faz nada direito.

Um problema estrutural

É por isso que se fala tanto em machismo estrutural.

No entanto, não nos damos conta que não existiria machismo se não fossem as diferenças claramente marcadas pela sociedade entre o homem e a mulher, mas, em sociedades patriarcais, ainda reina Édipo.

Quem não conhece o mito do rei que matou o pai e se casou com a mãe? Uma história que, em outras palavras, resume-se à agressão e conquista de um homem e à submissão de uma mulher.

Jacques Lacan, o segundo nome da Psicanálise, diz em seu quinto seminário “As formações do inconsciente”:

“A virilidade e a feminização são os dois termos que traduzem o que é, essencialmente, a função do Édipo. Encontramo-nos, aí, no nível em que o Édipo está diretamente ligado à função do Ideal do eu”.

O poder e a submissão

O que quero dizer com isso?

Que existem características que são típicas masculinas e outras tipicamente femininas.

Na sociedade fálica, o homem representa o poder e a mulher, a submissão e em qualquer sociedade, uma pessoa que gosta de agredir naturalmente é atraída por uma outra que aparenta ser mais frágil.

É uma questão de sobrevivência. Você não vai bater em alguém maior que você, certo?

Dentro de uma sociedade, as características típicas dos dois sexos podem ficar mais ou menos evidenciadas, dependendo se ela dá mais ou menos importância às diferenças.

No entanto, é interessante ter em mente que quando falo de sociedade, não estou me referindo às autoridades, mas aos próprios indivíduos que compõem essa organização.

O papel do estado

O que mais quero dizer com isso?

Que o feminicídio constata uma cultura vivida e propagada pela própria sociedade, tanto por homens quanto por mulheres, e que tratar desse assunto é algo muito mais complexo, mas, ao mesmo tempo, não tão menos viável do que se imagina.

O projeto de lei da ministra Simone Tebet é, a princípio, válido e pode salvar muitas vidas, mas, como com diversos programas que temos no Brasil, pergunto-me “até quando?”.

Programas estes que não possuem fiscalização, que não têm um plano estratégico associado. Esses tipos de programas e leis acabam sendo uma forma de “tapar o sol com a peneira”.

As mulheres não precisam de cota ou espaço para atuarem, isso elas já têm. O que elas precisam é se sentir livres dos papéis atribuídos pela sociedade patriarcal.

Ao se sentirem livres dessa posição enrijecida, elas não sentirão mais que precisam de proteção, seja de seus parceiros (proteção essa, muitas vezes, contraditória) ou da polícia.

Mas isso, apesar de ser uma mudança individual, deve acontecer em coletivo, marcando, assim, uma mudança cultural, estrutural. E o início dessa transformação deve ocorrer na infância.

Então, se o estado tem um papel grandioso nisso, é o de garantir a segurança e uma educação de qualidade para as crianças. Escolas onde elas sejam incentivadas a se questionarem.

Sem mais.

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