A resiliência é, talvez, a maior virtude do homem. Na verdade é muito difícil afirmar, mas podemos perguntar: qual a maior virtude do homem? A paciência, que já foi tema de um artigo meu, aqui no Blog do Saber, também é uma virtude que não fica atrás da resiliência. E ambas se parecem, ou quem sabe, se completam. Porque quem é paciente também é resiliente e vice-versa. Note que alguém muito resiliente só ficou assim porque passou por muitas provações e experiências que lhe proporcionaram o desenvolvimento da paciência. Senão vejamos:

O bambu além de resiliente é paciente

Fazendo uma analogia com uma arvore muito conhecida por sua resiliência, o bambu, e supondo que esse vegetal pudesse pensar. Suponha que você resolve laçar o cume de um pé de bambu e o puxa até ele encostar no chão. Então você o amarra em uma estaca espetada no solo por uma hora e depois o solta. Supondo que o pé de bambu pensa e sente ele teria sido resiliente, já que envergou até encostar no chão e não quebrou, mas também foi muito paciente porque ficou naquela posição silenciosamente até você o soltar.

Da mesma forma, se imaginarmos um preso que está pagando uma pena por um crime cometido, que por um ato de desobediência é levado a passar uma temporada na solitária e depois sai. Este apenado tanto foi resiliente, por ter passado uma temporada na solitária sem reclamar, se adaptando paulatinamente a rotina entediante de não fazer nada e tendo de conviver com aquilo naturalmente. Como foi, ou aprendeu a ser, super paciente aceitando todas as condições impostas até o final, pode-se dizer que este apenado contém na sua natureza a resiliência e a paciência, duas virtudes concorrentes e correlatas.

A resiliência e a paciência são crias da sabedoria

Portanto o que podemos concluir com essa reflexão é que essas duas virtudes se desenvolvem com o tempo e sendo assim temos ciência que a resiliência e a paciência são crias da sabedoria, pois sem ela não vamos a lugar nenhum. Já que o que viemos fazer aqui foi evoluir para alcançar a sabedoria ou a nossa melhor versão.

No artigo que publiquei nesta segunda-feira falei um pouco sobre a virtude da paciência, cujo título foi “O exercício da paciência”. Mas não podemos falar em paciência sem mencionar também a virtude da resiliência, já que, normalmente a resiliência está relacionada a flexibilidade. E quando se fala em flexibilidade se entende que alguém flexível ou algo flexível tem o poder de se curvar sem quebrar e isso tem muito a ver com paciência também. Senão vejamos, quando alguém negocia numa venda de um imóvel o seu valor, dando um desconto ao comprador com o objetivo de não perder a venda. Essa pessoa está, muitas vezes recuando, ou dando um passo atrás para poder avançar e dar dois passos a frente em outra futura negociação. Ou seja, eu perco um pouquinho agora para ganhar um pouco mais depois.

O bambu enverga, mas não quebra

Então esse movimento se chama de resiliência ou flexibilidade. Perder um pouco agora para ganhar mais depois. E isso requer, acima de tudo paciência, pois o que você previa ganhar agora vai ter de esperar um pouco mais para acontecer. Na natureza temos uma arvore que representa muito bem essa virtude da resiliência e se chama Bambu. É conhecida como a arvore que enverga, mas não quebra. Algumas espécies chegam a alcançar 30, 40 e até 50 m de altura. São capazes de se curvar até encostarem o seu topo no chão sem quebrar.

A paciência companheira da resiliência

Quando alguém passa por muitas dificuldades e obstáculos ao longo da vida e mesmo diante de tudo isso consegue superar todas as barreiras, diz-se de um indivíduo muito resiliente. É como em um jogo de xadrez, que muitas vezes você é obrigado a recuar com o seu cavalo ou sua rainha para evitar ser tragado por um bispo ou pela torre. Então você espera a hora certa para atacar novamente e isso se chama o exercício da paciência.

Portanto quem possui a virtude da resiliência é porque já exercitou muito a paciência e aprendeu a ser resiliente. Sendo assim podemos concluir que paciência e resiliência andam juntas e uma complementa a outra.

É tão gratificante quando vemos que a pessoa ou as pessoas as quais você decidiu investir evoluíram, cresceram, aprenderam com a experiência ou experiências vividas com você ou ao seu lado. Eu fico imaginando o quão orgulhoso se sente um professor que um dia reencontra um aluno que progrediu na vida e se tornou alguém respeitável, célebre, honorável e notório.

Um professor teve dezenas, centenas e até milhares de alunos ao longo de sua carreira. Ver um, dois, alguns ou uma dezena deles numa situação de destaque é motivo de muito orgulho mesmo, do sentimento de missão e do dever cumpridos. Acontece que esse professor não tinha nenhuma ligação afetiva/amorosa com nenhum de seus alunos ou suas alunas.

Apostando no relacionamento

Agora imagine quando você conhece alguém por quem você se apaixona e essa pessoa apesar de ser de uma geração diferente da sua, de ter tido uma família e educação totalmente diferentes da sua. Digamos uma diferença de idade de pelo menos dez anos. E mesmo assim a sua intuição lhe diz que você pode apostar nesse relacionamento porque você vê naquela pessoa alguém num plano consciencial desenvolvido. Uma pessoa capaz de assimilar o que é necessário para seguir numa longa jornada ao seu lado, como duas almas gêmeas.

Paciência e resiliência o segredo da longevidade

O tempo passa, conflitos inevitavelmente acontecem, simplesmente porque nós somos como diamantes brutos a serem lapidados paulatinamente, mas você persiste na aposta. São muitas rusgas, embates psicológicos, divergências, brigas de egos. Mas com paciência e resiliência você consegue aos poucos, com o seu comportamento, seu exemplo, ajudar na expansão da consciência dessa pessoa companheira. Então um belo dia essa pessoa começa a reconhecer os erros cometidos e a lhe dar razão em tantas coisas que foi injusta com você ao longo dessa caminhada. Incrivelmente ela passa a lhe respeitar mais, admirar mais e a cada dia ser mais grata a você.

É tão gratificante que esses respeito, admiração e gratidão passam a ser recíprocos e verdadeiros. Posto que não existe o mais evoluído, o professor e muito menos o aluno ou aluna, pois acontece um nivelamento mutuo e muito amor.